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Artigos-->Lula e a vulnerabilidade emocional dos brasileiros -- 18/07/2001 - 12:27 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Formando um povo latino, com têmpera de tendências sangüíneas, os brasileiros, infelizmente em momentos cruciais da História nacional, têm tomado decisões baseadas mais em elementos de sua vulnerabilidade emocional do que naqueles restritos à análise rigorosa dos fatos pela razão.



Foi assim, para não irmos tão longe no tempo, com João Goulart. Quando todas as circunstâncias daquele momento histórico indicavam a necessidade e a real possibilidade de se inaugurar um governo popular no Brasil, eis que as elites, pela maciça propaganda contra os princípios socialistas defendidos por Jango, conseguiram incutir pânico na mente da população, levando-a a crer que se instauraria no país, com as reformas de base propostas pelo governo, o regime comunista, o qual, segundo a propaganda enganosa da direita, iria destruir os valores do nacionalismo, fazendo do Brasil mais um entreposto da ex-URSS em sua missão de expandir o regime anti-capitalista na América Latina.



Tal clima de pânico foi a chave, a gota d’água, a senha para que os militares, em nome dos “verdadeiros” interesses nacionais, golpeassem a democracia e os anseios legítimos de um povo ludibriado em sua boa-fé, sem saber que ali estava em jogo não os seus interesses enquanto nação, mas os de uma elite que não suporta pensar em uma sociedade na qual a riqueza não seja privilégio de uns poucos.



Diante dessa constatação, o principal adversário do PT nas próximas eleições não será um político, mas o ânimo do povo brasileiro, facilmente manipulável pelas mentiras divulgadas contra Lula. Se as eleições fossem hoje, o petista ganharia facilmente. Porém como ainda restam muitos meses até a eleição, vários fatores conjugados, todos submetidos à vulnerabilidade emocional dos brasileiros, não permitem que Luiz Inácio Lula da Silva se sinta livre da possibilidade de mais uma derrota. Como assim?



Todos se lembram que os cenários das três eleições que Lula disputou e perdeu tinham características comuns. Os problemas eram os mesmos de agora, com exceção da inflação controlada: desemprego, miséria, aumento do custo de vida, perda do poder aquisitivo da população, endividamento interno e externo, etc.



Contra Lula, nos momentos em que as pesquisas indicavam seu favoritismo, nas três eleições se levantaram as mesmas acusações, das mais absurdas: por ser comunista iria fechar igrejas evangélicas, tirar dos ricos para dar aos pobres, dar calote nos organismos financeiros internacionais, levando o Brasil a sofrer boicotes capazes de gerar calamidades insuperáveis à Nação, afugentar investimentos estrangeiros, expulsar o capital presente no país através da saída do país de empresários em busca de melhores mercados - às mais sutis e preconceituosas: ele não tem o devido preparo intelectual para ser presidente da república, não tem experiência administrativa, não sabe falar bem, irá passar vergonha nos encontros com os grandes líderes do mundo, etc.



De posse desses instrumentos sórdidos, as elites cujos interesses num eventual governo popular venham a ser seriamente ameaçados, mormente os banqueiros, os mega-empresários, mega-latifundiários, os quais investem milhões em campanhas políticas para eleger os que, no poder, executivo e/ou legislativo, defendem seus interesses, certamente vão continuar a campanha difamatória contra Lula.



Se as alegações de que ele é comunista, que come criancinha e é ateu, têm perdido força nesses últimos anos, não podendo ser usadas com o mesmo cinismo das últimas eleições, provavelmente essas elites irão lançar mão das outras alegações. O problema é que também estas são falsas, ridículas e inconsistentes. Dizer que Lula não tem condições de governar o Brasil porque é um operário, não tem diplomas universitários, não fala vários idiomas ou mesmo por nunca ter governado seja um município seja um Estado, é atentar incrivelmente contra o bom senso e a razão, principalmente à luz dos exemplos de homens que preenchiam essas “prerrogativas” e deixaram o país do jeito que está.



Collor e FHC, são provas vivas de que o único critério válido para se identificar um político capaz de satisfazer os anseios mais profundos de um povo são os atos dele quando em suas mãos detinha o poder e, ao invés de contribuir para a consolidação da cidadania desse povo, o traiu, enganou e transformou a esperança que os conduziu ao poder em uma enorme frustração e uma incontida indignação.



Esses são os maiores aliados de Lula. A frustração e a indignação do povo brasileiro podem levá-lo finalmente à presidência. Se soubermos usar a razão, criteriosamente avaliando os fatos, sem deixarmos que a propaganda enganosa altere nossos sentimentos a ponto de influenciar nosso discernimento, porém, ao contrário, atentos ao tremendo contraste entre o que dizem as elites e o que vive o povo, certamente iremos eleger aquele que, com a ajuda e participação da sociedade (aqui entendida como o conjunto dos setores representativos dos interesses populares, organizados em associações e entidades de classes; não esperemos, ingenuamente, que os ricos do Brasil sintam profundos desejos de mudança em nosso país que não tenham a ver com o aumento de suas riquezas), pode fazer do Brasil um país justo, em que homens, mulheres, velhos, jovens e crianças, tenham orgulho da pátria onde vivem, porque, de fato, nela vivem felizes.

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