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(condensado de um conto de Hilário Silva)
Dois homens, seriamente doentes, ocupavam o mesmo quarto em um hospital. Um deles tinha a sua cama próxima da janela. O outro era obrigado a ficar deitado o tempo todo. Conversavam muito e, todas as tardes o que ficava em frente a janela sentava-se e, olhando para fora, passava o tempo todo descrevendo ao seu companheiro todas as coisas que ele podia ver, o que alegrava bastante o colega, distraindo-o.
O homem que podia se sentar, dizia que a janela dava para um parque, com um lago lindo. Patos e cisnes brincavam n’agua enquanto as crianças navegavam seus pequenos barcos. Jovens namorados andavam de braços dados no meio das flores e estas possuiam todas as cores do arco-íris. Havia grande e velhas árvores cheias de vida.
Quando o moço fazia suas descrições, era sempre de um modo primoroso e delicado, com detalhes bem específicos, fazendo com que o outro fechasse seus olhos e ficasse imaginando a cena pitoresca. Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu que havia um desfile na rua, embora ele não pudesse escutar a música, podia ver e descrever tudo. Dias e semanas se passaram.
Em uma manhã.a enfermeira chegou e encontrou morto o que fazia as lindas descrições; morreu pacificamente durante a noite. A enfermeira, entristecida, chamou os atendentes do hospital para levar o corpo embora. Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu para que mudassem a sua cama para perto da janela, no que foi atendido prontamente. Então vagarosamente, pacientemente, ele se apoiou em seu cotovelo para conseguir olhar pela primeira vez para fora.
Finalmente, ele poderia ver tudo por si mesmo. Mas, qual não foi o seu espantoi, quando avistou a sua frente apenas um muro branco e mais nada.
Perguntou então à enfermeira o que teria levado seu companheiro a descrever-lhe coisas tão belas todos os dias, se pela janela só dava para ver o muro, ao que ela respondeu que aquele homem era cego e não poderia ver nada, mesmo que quisesse. Talvez ele só estivesse pensando em distraí-lo e alegra-lo um pouco mais com suas histórias.
Moral da história: Há uma grande alegria em fazer outras pessoas felizes, independente de nossa situação atual. Dividir problemas e pesares é ter metade de uma aflição, mas a felicidade quando compartilhada é ter o dobro dela própria.
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