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Artigos-->G-8 e China: O Século XXI ainda não começou -- 30/08/2003 - 19:28 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tivemos oportunidade, meses atrás, de testemunhar o desenrolar de mais uma cúpula do G-8, realizada em Evian, Suíça. Desta feita, mais que o sorriso amarelo de Jacques Chirac ao cumprimentar George W. Bush ou a ação dos grupos transnacionais de resistência à globalização, o destaque da conferência veio de onde menos se esperava: dos países não-pertencentes ao G-8, convidados para a conferência.



O desfile da “vanguarda do Terceiro Mundo” foi capineado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, responsável ainda pelo momento de maior apelo midiático de todo o evento, quando propôs a criação de um fundo (como de praxe) para combater a pobreza no mundo, cujos recursos derivariam da taxação do comércio de armas e da conversão de parte da dívida externa terceiro-mundista.



Se houve abundância de sorrisos amarelos e sarcásticos em Evian (com a notável exceção de Chirac e dos africanos), manchetes mundo afora compensaram-nos largamente, dando novo fôlego à cruzada “tudo pelo social” do atual governo brasileiro no plano internacional. Conquanto não se possa ainda auferir os dividendos de tal vitória ‘moral’, sem dúvida a imagem do governo brasileiro fortaleceu-se ainda mais no plano interno – deixando em segundo plano, ao menos por hora, as dificuldades domésticas crescentemente aflitivas. No entanto, não é meu propósito nesse artigo tratar novamente do atual cenário político brasileiro (conquanto não faltem motivos para tal). Devo fazer claro, portanto, o meu objeto de interesse.



Enquanto os olhos do mundo se voltavam para um hipotético programa ”gun-for-food”, não passou despercebido aos olhos deste analista o fato da China, quinta economia do planeta, terceira potência militar do globo e potencial concorrente direta dos Estados Unidos ao posto de “megapotência” do século XXI, ter sido relegada pelo G-8 ao mesmo status destinado a países como a Nigéria. O que se torna ainda mais patente quando se percebe a presença da Rússia, “estranha no ninho” das democracias enriquecidas ocidentais e do Japão.



Mais que desdém, o tratamento dispensado à China revela o mal-disfarçado temor de muitos dos sócios democráticos do clube dos ricos com a ascensão inexorável da ditadura de partido único capaz de ensejar um capitalismo mais pujante (conquanto muito menos sofisticado) que, talvez, o de todos eles reunidos. Por detrás dos fogos de artifício da economia, paira a sombra de uma China crescentemente desafiadora no plano militar, o que já se evidencia na “saia justa” que o governo George W.Bush enfrenta no estreito da Coréia.



No entanto, relegar a China a papel de segunda categoria no plano econômico internacional não parece ser atitude capaz de produzir alguma coisa, senão um “efeito cascata” de reforço do antagonismo potencial no plano militar. Com o agravante de que, dentro de poucos anos, teremos a China como segunda economia do globo e, certamente, como um de seus maiores mercados consumidores. Não parece ser razoável, para esse analista que vos fala, que decisões multilaterais no plano econômico prescindam, explicitamente ou não, da participação cada vez mais ativa da China.



Diversas correntes teóricas das Relações Internacionais postularam o papel relevante do intercâmbio comercial e do multilateralismo como práticas que atenuam (para algumas, até mesmos capazes de inviabilizar, no longo prazo) os antagonismos potenciais ou reais entre os estados. Mesmo que não haja certeza quanto a esse ponto, não se pode duvidar que dar as costas à China será um elemento reforçador da rivalidade e que pouco promete quanto a tornar mais factível qualquer mecanismo de “governança” no campo da economia global.



Cabe, pois, ao G-8 tomar ações com vias à integração chinesa o quanto antes possível. Se as propostas de Lula ganharam o mundo nas páginas dos jornais, diversos analistas igualmente apontaram a escassez de frutos práticos dos encontros do G-8 nos últimos anos, acenando mesmo com a hipótese de que estes tenham se tornado por demais irrelevantes. Abrindo a “porta dos fundos” para a China, abrimos as portas para referendar essa profecia nada otimista.

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