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Artigos-->U-zine (31) -- 29/08/2003 - 03:16 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pode ser que eu me engane, mas Preta Gil é, desde já, séria candidata a Neuzinha Brizola da gestão do papai no Ministério da Cultura.



Mandando apertar o eject, Pedro Alexandre Sanches não achou muitas palavras para falar do recém-lançado "Preta-a-porter": "O horror, o horror, o horror!"



Que mal vos pergunte, o que é que a Thammy Gretchen anda fazendo com o cetro de "rainha do bumbum"? Cetro que eu vi passar do bumbum-mãe para o bumbum-filha num "Altas Horas" da Rede Globo. É isso aí Serginho, sempre em cima do lance.



Aliás, entre nós, a trasmissão genética de talentos vem encontrando cada vez maior dificuldade em localizar, nos nomes artísticos, essa, digamos, angústia da influência paterna ou materna. Fica difícil, de qualquer modo, assimilar nomes artísticos como "Francisco Bosco", não acham?



Agora, já repararam quantas peças de teatro são resultado de uma pesquisa muito séria sobre a Commedia dell Arte?



E como parece inesgotável o filão "títulos tirados de hinos pátrios"? Ontem mesmo eu li sobre alguma coisa chamada "És tu, Brasil".



Alguns grupos de teatro politicamente engasgados, tipo "Cia. do Latão", poderiam abrir um pouco a guarda ao menos no momento do pênalti, digo, na hora dos aplausos. Não fica nem chique receber salvas de palmas com a cara amarrada, não é mesmo?



Mas vamos ao último grito no quesito expressões idiomáticas da hora: "Viu que tudo?", expressão que acabou dando título a este mesmo texto na secção redação . [Fonte: página da Érika Palomino]



Não é só o universo que está em contínua expansão. O usina , ao seu já consagrado "Urbi", agora, now, houve por bem juntar o incontornável "et orbi".



Aliás, coisas boas só podem mesmo se expandir, não é mesmo? Ou alguém vai ser canalha a ponto de dizer que este nosso universo não é lá coisa muito boa? Ainda que o day-after-day nos pareça algo um tanto quanto repetitivo.



Bem, já era uma vez o quadro de avisos . Aí, a pedidos, surgiu o chat . Depois, quadro de avisos 2 (até rimou). Agora, para não falar de todos esses hpARASITAS que sugam sem perdão a seiva desta nossa árvore frondosa, surge o the literature factory . Afinal, um universo em expansão não pode prescindir de ser obrigado a suportar cada vez mais do sempre mesmo.



Sobre a entrevista "exclusiva" do sr. Waldomiro, confesso que fiquei um pouco assustado com aquela história de que vem aí um "código de conduta usineiro". E de que ele, o sr. Waldomiro, espera que esse "código de conduta" surja por iniciativa dos próprios usuários, que ele medre espontaneamente dessa tão sadia comunidade letrada. Suponho que a dos pagantes, não é mesmo? E aí já dá pra saber o que vai ser isso. Já posso prever certos heterônimos em guerra uns contra os outros, e sem bater jamais com os respectivos Eles-mesmos.



Ainda sobre a entrevista, alguém me perguntava o que em especial teria chamado a minha atenção nesse momentoso acontecimento. Repondi: "Uma coisa, o sr. Waldomiro sabe ser entrevistado".



Num rasgo emocionado, o entrevistador se refere ao proprietário do site como "o artista e sua obra de arte". Sim, claro, a obra de arte é o usina de letras . Why not?



E, por falar em comédia, e também porque rir sempre foi o melhor remédio, "Durval Discos" é uma comédia brasileira como ainda não tínhamos. Maravilha! Fantásticas atuações de Etti Frazer e Ary França, mais a presença debochada de Marisa Orth, aquele baita presuntão magro esticado na cama de casal, com um cavalo branco ao lado, rocinante, cascos sobre poças de sangue, montado e desmontado por uma menininha sapeca, que ali surgiu sequestrada por uma empregada muito da gostosa (Letícia Sabatella).



A trilha sonora, que não tem era, vem acompanhada desse prazer visual que as capas dos LPs um dia, na pré-história das gôndolas com CDs em liquidação, nos proporcionaram.



Um cliente procura por um disco do Chico. Pois a mãe do Durval entra de sola, exclamativamente gaiata: "Chico Alves!" E o cliente: "Não, Chico Buarque!" E ei-la que, voltando a si, entoa: "Estava à toa na vida, o meu amor me chamou..." Comentário do Durval: "É, ela acompanha bem. Até 66, por aí".



Rita Lee, numa aparição hilária e brusca e breve, procura por aquele álbum branco do Caetano, aquele com a assinatura no meio da capa. E comenta: "É nesse que tem Irene. Irene Ri". Para completar, sisuda e impagável: "Ri de quê? Ri de mim, ri do meu vestido, ri de nós, ri do país".



Já o Theo Werneck irrompe no recinto à cata dos dois LPs do Tim Maia da fase racional: "Que beleza é curtir a natureza! Oh, oh, oh, que beleza!".



E tome Jorge Ben, muito antes do "ele vem bem Jorge" do Caetano, que vaticinava o Benjor de hoje, adotado para não se confundir com George Benson.



E até um raro "Stone Flower", do Tom Jobim, capa-dupla, se vê escancarado na parede da "Durval Discos". O Tom, de preto, cigarro na mão, sobre fundo amarelo.



Na apresentação, uma novidade simpática e criativa, com os letreiros aparecendo em lugares inesperados: no luminoso de um fliperama, no cartaz pregado no tapume, na placa de uma das ruas etc.



Ao final, depois da intervenção da polícia para pôr fim a toda aquela maluquice da mãe subitamente apegada à sequestrada garotinha sapeca, o prédio da "Durval Discos" é demolido. Na última imagem, restam apenas três letras: URV. Será que tem a ver com aquele papo da Rita Lee, de que a Irene do Caetano ri dela, do vestido dela, de nós, do país, sei lá. Em todo caso, "Irene ri" pode ser lido de trás pra diante com todas as letras, como aquela frase "socorram-me, subi no ônibus em Marrocos". Você sabe o que é anagrama? Pois não basta apenas saber o que é palíndromo.



Mas o país já sabe rir de si mesmo, e isso é salutar. "Durval Discos" é uma comédia como ainda não tínhamos. E está entre os filmes brasileiros que disputam uma indicação para concorrer ao Oscar. E, a bem da verdade, nem precisava. A menos que se instituísse uma categoria "melhor filme brasileiro da retomada". E a disputa ia ser feroz. E botaria grande parte dos candidatos ao Oscar oficial nas pantufas desses yankees go home que só olham para o próprio umbigo.



Uma comédia inglesa imperdível, de Alan Taylor, com Ian Holm desempenhando magistralmente dois Napoleões Bonaparte depois de uma só derrota em Waterloo. O filme está nas locadoras: "As novas roupas do imperador". Bem poderia ter sido traduzido como "As roupas novas do imperador". Mas essa possibilidade, a mais acertada e sonora, deve ter escapado aos produtores da versão brasileira. Para pegar o filme na locadora, só não ligue muito para as opiniões em contrário. Ainda bem que só consultei a net depois de ter visto o filme duas vezes, com imenso prazer. Aliás, uma coisa que eu aprendi, graças a Zeus, em tenra idade. Só veja a crítica da Veja, e quejandos, quando a espera na sala-de-espera do dentista ou do médico tornar esse gesto incontornável [já usei essa palavra mais acima, mas tudo bem, ela também é incontornável]. A classificação como "comédia romântica" é enganosa. Raramente se vêem, no cinema, juntos, distanciamento e entretenimento. Uma fábula para cabeças dialéticas, diria Benjamin, que sabia o que dizia por ter, apesar das reprimendas de Adorno, privado com Bertolt. Ou talvez os críticos tenham sido vítimas de um cruel preconceito. O diretor, Alan Taylor, tem feito algumas séries famosas para a televisão, como "Família Soprano" e "Friends".



Mas o U-zine também pode rir de si mesmo, bem como os heterônimos, também eles, só podem e devem rir muito de seus respectivos Eles-mesmos.



E o Mauro Decca reaparece na minha caixa de e-mails, pedindo que o "Reflexões Usineiras" ganhe solução de continuidade.



E o Rodrigo Contrera também ressurge como leitor da minha tradução para "O ajudante" de Robert Walser. E, como sempre, oferecendo a sua imensa disponibilidade para o produtivo troca-troca de figurinhas carimbadas.



E o Felipe, "cerque-se de" Cerquize, como queria o ex-Aulow, inesperadamente me salta aos olhos, dia desses, com um conto publicado no site "a arte da palavra", edição número 35. Do texto, belíssimo, ficou-me a frase: "A verdade é que eu não tenho dado tempo ao tempo". E vem por aí o novo CD. E o Felipe está empolgado. Se o leitor ainda não ouviu "Léguas", trate de pedir logo o kit completo: o "Léguas" e o novo, que está para ser lançado. Suas orelhas ficarão agradecidas.



E continua o empurra-empurra que assola o país. Pois o Lula, que, na época da ditadura, foi empurrado pra esquerda, agora vai sendo violentamente empurrado (ou puxado, dependendo da falta de ponto de vista) para a direita. E a gente fica torcendo pra que, um belo dia, ele acabe, ao menos isso, parando bem no meio.



Aqui, o Teatro de um Minuto no Passado Brasileiro:

- Lula, você é comunista?

- Não, torneiro-mecânico.



Em tempo, não tenho nem pique e nem diploma de jornalista, por isso mesmo só produzo, raro em raro, notas à margem.



E dois dos meus textos já caíram como uma luva nas classes da professora Milene. Esses aluninhos ainda vão acabar se insurgindo contra a fefessora (hehehehe).



E o meu inglês, infelizmente, não vai dar pra produzir, no idioma adotado por Arnold Schwarzenegger, as séries "Theology of the Sculhambation" ou "Theater of the Minute". Vou esperar a versão alemã, que fatalmente virá e se chamará: "Literaturkraftwerk".



E o menino (Woody Allen) estava em crise, pois tinha lido que o universo está em constante expansão, e concluiu que um dia isso tudo vai rachar, trincar, desaparecer. E o médico, diante da mãe aflita, solta aquele riso bonachão, de quem está pensando "esses meninos...". Mas a mãe não está para brincadeiras, quer que o menino volte a comer, estudar, viver. Num ataque de apoplexia nervosa, ei-la que lasca: "Que universo em expansão, que nada, menino. Isso não é da sua conta".



E, no filme "Ação entre amigos" (Beto Brant, com roteiro de Marçal Aquino], uma piada não fez lá muito sucesso na veraneio que levava os quatro ex-guerrilheiros para tentar vingança contra o ex-torturador. O dito jocoso foi introduzido por um indefectível [por pouco não ia dizendo "incontornável"]: "Tem aquela do Vinícius: As sereias que me desculpem, mas buceta é fundamental".



Tudo bem, o leitor tampouco vai ser obrigado a dar risada. E nem precisa disfarçar o incômodo, incontornável, que a palavra "buceta", e não só a palavra "buceta" sói despertar em alguns machos da espécie.



Fui. Ido com o vento.



I mean, gone with the wind.



Viu que tudo?



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