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Cronicas-->O PAíS DO AMOR -- 16/05/2001 - 14:09 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PAíS DO AMOR
(impromptus no. 3, de Franz Schubert)
Por J.B.Xavier


Silêncio! Deus está ao piano! Schubert toca, mas Deus guia suas mãos! A música rola por sobre mim como uma cascata límpida e purificante...Invade-me, assenhora-se de meus sentimentos, arrebata-me de mim mesmo...e uma felicidade indescritível, um arroubo irreal, me leva flutuando, como um fóton, por mundos imaginários, entre hinos celestiais... Em êxtase, acompanho o passeio maravilhoso por entre nuvens de querubins, por horizontes nunca antes alcançados, e, guiado pelas mãos divinas, os acordes me levam aos sonhos mais ingênuos que jamais ousei sonhar...A consciência do não-ser me toma por inteiro e sinto-me extirpado de mim mesmo... Radiantes sorrisos infantis passam diante mim, e por breves instantes, revejo meus dias de infància e de felicidade, revejo os amigos, os que se foram, não para sempre, porque agora sei que os reencontrarei, revejo meus planos, e nessa imensa avenida, desfilam todos os meus desenganos, minhas mais sublimes intenções, meus desencontros e também meus reencontros...Como as notas musicais, sou uma folha solta no ar, nessa viagem maravilhosa, levado pela bondade divina a rever todos os meus lamentos, minhas boas intenções levadas pelo vento... Viajo por todas as ofensas que um dia pratiquei, todos os beijos que não dei, todos os abraços que não devolvi, todo o amor que não vivi...Jardins floridos me chamam a reviver o prazer de me conhecer. Flores deslumbrantes, pássaros esvoaçantes, e plácidos lagos, poentes e alvoradas passam diante de mim, e sinto o perfume de pinheirais distantes, revejo meus instantes de solidão, minhas metas inatingidas, outras abandonadas, palavras fúteis, que pronunciei sem as sentir, planos inúteis, que sonhei sem refletir...Viajando nos encantos dos acordes celestes, liberto dos grilhões do tempo e do espaço, vago sem destino, e errando sem direção, passei por aquela mão, que um dia não apertei, pelo sorriso que rejeitei, pelos aconchegos que recusei...Deus! Dá-me de volta minhas mais puras intenções, quando batiam dois corações assim, extasiados, quando meu mundo era apenas um desafio, e o amor era o pavimento de minha estrada... Quero rever o lugar, quero rever o momento, onde deixei de sonhar, quero voltar a ouvir um sussurrar de amor, e me desfazer da dor de um viver sem direção...Quero de volta meu coração amante, quero de volta o instante em que a paixão o fez prisioneiro, quero de volta o primeiro beijo, o primeiro instante arrebatador, o primeiro amor...Desliza sobre mim a suave música divina, e deslizando banha-me a alma murmurejando esperança, levando-me do início ao fim de minha existência, e numa enlevada presciência, faz-me consciente de uma ausência, de uma lágrima derramada, uma partida, uma saudade de um tempo feliz que vi passar, fugaz, e que deixei escapar, incapaz de manter a chama ardente da paixão, incapaz de apertar contra o coração esses sonhos fugidios, essas torrentes de paz, que, como rios, fluem de meu interior...
Banho-me agora nessa música bendita, gentilmente presenteada pelo Supremo Criador, que pelas mãos de Schubert, me levou a uma visita ao país do amor...

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