A ÚLTIMA CRUZADA
J.B.Xavier
Bate forte o martelo de tua forja,
E molda a fogo
A tua vontade
Porque dia chegará
Em que apenas dela
Dependerás...
Fortalece teu braço
E enrijece-o nesta forja,
Porque quando teu momento chegar,
Que seja ele o teu aço,
E dele te sirvas
Para reerguer os caídos...
Perceba que nem tudo
Resolve o ferro e o fogo,
Portanto, de vez em quando,
Larga tua marreta,
E amacia tuas palavras,
Fá-las tenras,
Como a aljava onde repousam
As setas do teu amor,
Para que jamais firam
Os que as ouvirem...
Forja tua própria armadura,
Mas não a faça intransponível,
Para que possa ser trespassada
Quando a lança atirada
Trouxer-te afeição,
Permita que essas lanças
Te trespassem o coração...
Escolhe com cuidado a tua montaria,
Porque ela te levará
Para além de tuas forças...
Cavalga o corcel dos sonhos,
Eles serão teu Pégasus
Que te elevará aos céus
Nas asas de tua carências...
E será a maça da qual te servirás
Para guindar-te à frente...
Dispensa as eloqüências,
E enternece o teu olhar,
Para que cortem menos
Que o fio da espada
Dos teus dizeres,
E que estes jamais espalhem dor,
Antes,
Transmitam o amor
Da forja da tua natureza...
Foge da certeza,
E busca o convívio com a dúvida
Que te suprirá
Com a necessária sabedoria
À tua grande travessia...
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