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Artigos-->A SEDUÇÃO DA "PANELINHA" -- 22/08/2003 - 11:53 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A SEDUÇÃO DA “PANELINHA”



Francisco Miguel de Moura *





Em todas as atividades humanas existe o que se convencionou chamar de “panelinha”: na política, no sindicato, na associação de bairro, nas empresas, nas associações profissionais. Na literatura é onde ela mais rola.

Por quê? A literatura – como o vulgo entende – não serve pra nada. Só para a diversão de intelectuais desocupados, que vivem pensando e sonhando, mas nada fazem de concreto pela humanidade. Então, ali, com nos outros lugares, nascem as vaidades e as disputas de espaço para publicar o artigo, o livro, para ter a notícia na tevê ou no jornal, para enfim aparecer.

Na província é onde mais as “panelinhas” florescem, embora não sejam exclusividades do interior. Um jornal de Curitiba, provinciano portanto, denominado “Rascunho”, de maio de 2003, em matéria assinada por Rogério Pereira, enlecou cerca de 12 itens necessários para a formação de uma “panelinha”. Mais ou menos resumidos, daremos aqui as regras saídas da cabeça daquele articulista. São: l – Eleger um guru, decore alguns versos desse amado professor e alimente suas vaidades repetindo suas próprias palavras em qualquer lugar; 2 – ao ser aceito no grupo, nunca tente superar o mestre, pois a lei é subserviência total; 3 – tenha na ponta da língua os poetas que mais agradam a ele, dois ou três, e os repita sempre, pois a variedade não combina; 4 – tenha sempre no bolso um dicionário de sinônimos, para a improvisação emergencial; 5 – jamais diga que gosta de poeta detestado pelo guru – será um suicídio; 6 – não se esqueça dos estrangeiros, eleja um francês, de preferência pouco conhecido, para que possa bancar sabedoria; 7 – defenda a ferro e fogo as idéias impostas pelo grupo; 8 – elogie toda a produção do grupo, mesmo que seja uma merda, enfim são todos geniais, inclusive você; 9 – caso não goste mesmo da produção de um dos integrantes do grupo, tente o silêncio, mas se o silêncio não for possível formule uma bela teoria sobre o livro; 10 – menospreze o grupo adversário, em suas ações e pretensões, para ser aplaudido por força de sua percepção crítica; 11 – mande cartas aos jornais (com pseudônimo, é claro), criticando o comportamento de seus adversários; 12 – nunca sinta vergonha de ser poeta e pertencer à “panelinha”, porque você precisa ser um forte. Mas não diga, deixe que os outros o façam.

O jornal mencionado também estabelece 12 itens para a pessoa tornar-se guru em um desses grupos. Mas deixemos isto pra lá, senão corremos o risco de aqui ficarmos com mais chefes que índios.

A vida grupal é uma masturbação social: quem está dentro não quer sair, quem está fora quer entrar (mas não confessa, sofre). Que saco!

Há muitas “panelinhas” por aqui também, não só no Rio, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, etc. Só que os nomes não devem ser mencionados sob pena de suicídio. – Entenderam? – Não! – Nem eu! – como diria um conhecido personagem humorístico de “A praça é nossa”, do SBT.



______________________

*Francisco Miguel de Moura é escrito, membro da APL, do CEC e da UBE.

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