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Infantil-->O MENININHO TRISTE -- 24/08/2004 - 09:29 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O MENININHO TRISTE
J.B. Xavier & Fernanda Guimarães



Era uma vez há muito, muito tempo, um menininho que tinha um sonho e uma tristeza indefinida no olhar...O sonho fê-lo seguir em frente...A tristeza fê-lo poeta...

O sonho estava logo ali, depois da próxima curva da vida, mas a tristeza estava em tudo o que tocava, porque ia com ele, guardada no mais fundo do seu coração...

Mas um dia, seu olhar avistou uma fresta de luz com cores que ele não conhecia: era um arco íris, que numa ciranda de luz, trazia o sorriso, a paz e os sonhos. No olhar do menininho surgiu um brilho diferente, e ele então pensou:

"Que bonito esse arco-íris! E que bonita é a luz! Mas para que serve a paz, o sorriso, e até os sonhos, se antes disso tudo é preciso ter coragem?

"E o menininho ficou olhando para o arco íris, pensando se algum dia teria coragem para sonhar coisas assim, tão bonitas.
Então ele resolveu seguir seu caminho pela vida. Mas agora ele tinha um segredo: Uma paisagem que ninguém ainda havia visto. Era a sua paisagem, o seu arco-íris. Era uma coisa só dele, de ninguém mais. Isto fê-lo sorrir pela primeira vez na vida, e desde esse dia ele ficou menos triste, porque pensou que deveria haver outras paisagens, e se havia mesmo, ele haveria de descobri-las.

Mas ele ainda não tinha coragem, por isso, com medo de que lhe roubassem a linda paisagem que descobrira, tratou de guardar em segredo aquelas novas cores que acabara de descobrir...

No entanto, o menininho não sabia que estas cores possuíam um poder mágico. Ao tocarem o olhar de alguém, faziam despertar outras cores.

Foi assim que surgiu no olhar do menininho duas novas cores: a Esperança e a Fé. E desse dia em diante ele percebeu que mesmo que estivesse na mais completa escuridão, mesmo quando fechava bem os olhos, aquelas cores continuavam a iluminar seu coração. E ele lembrou do brilho bonito do pó mágico que as fadas usam em seus encantos.

O menininho então ficou muito contente, porque mesmo ainda tendo medo, mesmo ainda não tendo a coragem que via em seus super heróis, ele tinha agora a luz linda esverdeada e cintilante da esperança, e o calor do vermelho brilhante da fé.

Então, ele seguiu em frente pela vida, porque a esperança lhe dizia para não parar. E
sempre que ele ficava cansado de tanto caminhar, ela sussurrava em seus ouvidos que na próxima curva talvez ficasse a casa da Felicidade.

O menininho queria muito conhecer a Felicidade, porque lhe haviam dito que ela era muito bonita, meiga e que seu sorriso mágico acalmava os corações irados e os pés cansados da caminhada. Por isso ele não desistia. Mas, às vezes, depois de muitas curvas, de muitas pedras pelo caminho, ele chorava tristes lágrimas, e percebia que a tristeza ainda não o abandonara completamente.

Então, quando ele se sentava à beira do caminho, pensando se teria forças para continuar, a Fé, brilhando diante dele, dizia-lhe que não importava se ele ia ou não encontrar a felicidade.

Ela então, quase num sussurro, lhe dizia que a Felicidade era sua amiga, e que ela, um dia, lhe contara um segredo: Ela lhe contara que costuma morar nas coisas mais simples não importando se são pessoas ou coisas. Ela também lhe contara que a maioria das pessoas buscam sua casa para encontrá-la, e nesta busca, muitas vezes passam com tanta pressa por ela que sequer a vêem.

E assim a Fé foi lembrando o menininho dos riachos cheios de peixinhos coloridos, dos amigos passarinhos, que vinham lhe contar sobre terras distantes que ele ainda não conhecia e das pessoas maravilhosas que lhe tinham dado atenção. A Fé aproximou-se ainda mais do menininho e perguntou:

“Já lhe ocorreu que cada um desses lugares ou pessoas pode ser a morada da Felicidade?”

E foi assim que pela primeira vez, o menininho sentiu sua amiga Esperança envolvê-lo carinhosamente numa brisa que parecia lhe devolver a própria vida. Calmamente olhou o horizonte e o azul infinito que se deitava por sobre as montanhas...

Então ele sentiu algo nascendo dentro dele. Algo que ele nunca sentira antes. E ele perguntou à Esperança:

“Como é a Felicidade? Como posso reconhecê-la quando a encontrar?”

“Isto eu não posso lhe dizer, porque também não sei” – respondeu a Esperança.

“Nem eu” – disse a Fé – “Mas você saberá quem é ela se deixá-la ir embora...”

O menininho não entendeu muito bem, até que de repente ele viu uma cor bonita, muito linda, pairando sobre tudo. Então ele começou a observar como eram bonitas as borboletas esvoaçando, as flores que enfeitavam o jardim com muitos perfumes, e o sol filtrando-se por entre elas até desenharem lindas formas de luz no chão.

Um sorriso nasceu em seus lábios, enquanto uma lágrima silenciosa deslizava em sua face. Achou estranho estar chorando, porque não estava triste. A fé e a Esperança viram sua surpresa e apressaram-se a esclarecer:

“Ah, sim! Esquecemos de lhe contar. A Felicidade também faz chorar, mas é o choro mais gostoso do mundo!”

E o menininho ficou alegre por estar chorando de felicidade.

Ele sentou-se e encostou-se numa árvore do caminho. Estava tão feliz que se deitou na relva macia, e, olhando para o céu, viu casas, bichinhos, árvores, pessoas e tudo o que a Felicidade lhe permitia ver, deslizando em forma de nuvens branquinhas, levadas pelo vento.

Um sono tranqüilo foi aos poucos descendo sobre ele, e no sonho ele viu novamente o arco-íris que um dia lhe aparecera. Agora ele estava muito mais colorido, e o menininho sentiu-se muito feliz...

Então ele viu uma luz tão bonita que sequer conseguia descrevê-la. Essa luz assumia as formas de tudo o que ele mais gostava. Ele estava maravilhado, porque agora podia ver tudo aquilo com que sempre sonhara...

Então essa luz pairou sobre ele e lhe disse:

“Ajude-nos a ficar contigo, e nós o ajudaremos a fazer da sua vida uma fonte de alegria...”

“Como posso ajudar, se vocês já me ajudaram tanto?” – respondeu o menininho.

“Há alguém que ainda não lhe apresentamos...Sem ele logo iremos embora e você voltará a ficar triste...”

“Não! Não quero voltar a ser triste. Apresentem-me logo esse alguém...” - disse o menininho.

“Não depende de nós” - respondeu a luz – “Nós apenas tornamos você mais bonito, mas não podemos encontrá-lo para você. Você terá que encontrá-lo sozinho”

Então o menininho lembrou que nunca tivera muita coragem, e uma sombra de tristeza afastou por alguns momentos a luz maravilhosa. Mas foi só por alguns instantes e a luz da alegria voltou a brilhar.

“Viu como a tristeza é rápida?” – disse ela – “Por isso nunca se descuide! Não lhe dê chance de se instalar em seu coração. Procure por esse alguém, e no dia que o encontrar, poderemos estar sempre com você!”

“Como você é linda!” – disse o menininho à Alegria.

A luz da alegria brilhou ainda mais intensamente e continuou:

“São seus olhos que me vêem assim, mas existem cores no universo que são também tristes como eram seus olhos. Elas ainda não aprenderam a olhar em volta para nos conheceram. Esteja atento, porque em muitos momentos de sua vida, essas cores desejarão ocupar o seu olhar, tentando fazer com que você esqueça que um dia se encontrou conosco”.

“Elas não são bonitas como você? Como posso reconhecê-las?”- perguntou o menininho.

A luz diminuiu um pouco de intensidade.

“Viu? Só de pensar nelas já brilho menos. Fique longe delas. São duas irmãs, e costumam andar juntas: chamam-se Descrença e Desilusão. Junto com elas estão sempre seus primos, a Solidão e o Desamparo. Elas têm também alguns parentes distantes, que vêm às vezes lhes fazer companhia, mas estes você irá descobrindo, à medida que seguir a estrada de sua vida.

“E você? Vai ficar para sempre comigo?” – Perguntou o menininho.
.
“Somente enquanto você for amigo da Fé e da Esperança” – respondeu a Alegria.

O menininho olhou então para as duas e perguntou:

“E vocês? Vão ficar para sempre comigo?”

A Fé então disse:

“Somente se você nos prometer que não desistirá de encontrá-lo, e que quando encontrá-lo vai ficar ainda mais próximo de nós...”

“Claro!” – disse o menininho – Está prometido! Com a ajuda de vocês já estou me sentindo corajoso para começar a procura...Mas, onde devo procurar?” É fácil encontrá-lo?

“Calma” - disse a Esperança – É fácil, se você procurar no lugar certo...”

“E onde fica esse lugar?” – perguntou o menininho.

“Dentro de seu próprio coração” – respondeu a Esperança.

O menininho então, radiante de alegria, perguntou:

“E se eu não conseguir encontrá-lo? E se ele não estiver lá?” – perguntou o menininho.

Ele estará lá, sim, não se preocupe. Talvez você tenha que procurar bastante, mas ele estará lá...“Eu e a Fé cuidaremos para que você nunca desista dessa busca...claro, se você permitir que fiquemos ao seu lado...”

“E como é o nome dele?”

“Amor” – Respondeu a Esperança

“Depois que encontrá-lo, apresente-nos suas amizades que ainda não nos conhecem...Adoramos fazer amigos...quem sabe poderemos levar a Alegria também para eles?

O menininho então viu as luzes dançarem por entre as árvores e subirem pelos raios do sol até o infinito onde explodiram em grandes faixas coloridas que ficaram pairando no espaço por muito tempo.

Ele nunca esqueceu da promessa feita e nunca deixou de procurar o Amor e de estar próximo de suas amigas a Esperança e a Fé.

Quando cresceu, ele pode compreender o que elas queriam dizer com “cuidaremos para que você nunca desista dessa busca”.

Elas o tornaram poeta, e enquanto durar sua vida ele fará poemas para cumprir a promessa de apresentá-las a todos os seus amigos.

E quando a sombra de alguma tristeza tenta descer sobre seu olhar, num dia qualquer de tormenta, ele olha para o céu e vê o arco-íris a lhe lembrar que não há tormenta capaz de vencer o Amor.

Fale com o autor:
jbxavier@multipremium.com.br

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