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Artigos-->O HOMEM DO TAPETE VERMELHO - Homenagem ao Comte. Rolim -- 09/07/2001 - 01:26 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O HOMEM DO TAPETE VERMELHO

Por J.B.Xavier



Acostumei-me a apertar a mão daquele homenzinho sorridente que me esperava à porta do avião e me desejava boa viagem como se eu fosse o único passageiro daquele vôo. Antes dele, nunca antes ninguém havia me estendido um tapete vermelho e me tratado de maneira tão confidente. Ainda que nosso contato não passasse de uma troca rápida de olhares, havia em seu olhar uma tal intensidade que eu seria capaz de jurar que ele me conhecia há muitos anos. Tenho certeza de que todos os passageiros se sentiam como eu. Ao apertar nossa mão, ele nos tornava cúmplices de seu sonho, de seus esforços e de sua obstinação em construir, no Brasil, uma companhia aérea que rivalizasse em qualidade com as melhores do mundo.



Muitas de minhas viagens me conduziam a cursos, simpósios e conferências que ministro pelo país afora, e em muitas delas, quando o assunto era sucesso pessoal, eu citava o fato de ter sido conduzido até ali por um avião que até há bem pouco tempo só existia na imaginação de um homem. Um homem que era parte da solução, não parte do problema, um homem para quem as dificuldades eram catapultas que o arremessavam à frente, e não obstáculos que pudessem lhe abalar o ânimo. Um homem único, que construiu seu sonho num cenário que não admite amadores, que construiu uma companhia num mercado onde elas não preenchem, em número, os dedos de uma das mãos.



Este homem optou pelo ar, porque o ar estava em seu sangue, e todos sentíamos naquele simples aperto de mão, todo o amor por sua obra, no qual se nutria para tocá-la adiante. Todos sentíamos que voar era, para ele a conquista última dos sonhos mais auspiciosos que o homem alimenta desde que se pôs de pé, na pré-história. A mão estendida ao pé da escada do avião era mais que uma simples saudação, era uma transfusão de otimismo, de galhardia, de segurança, de coragem, e acima de tudo, de respeito pelos aliados – seus passageiros – que tornavam possível a realização de seu sonho.



E todos nós, passageiros, fomos nos tornando seus amigos invisíveis, e mais que isso, seus fãs! Mesmo quando a companhia cresceu e ele já não podia estar em todas as portas de todos os vôos que decolavam, ainda assim podíamos sentir sua presença nas cartas que escrevia para nós em sua revista de bordo. Era reconfortante saber que ele estava no comando, que sobre o comportamento de todos os seus colaboradores, pairava sua mão, como a batuta de um sensível maestro, conduzindo a orquestra de maneira magistral.



Na década de 70, enquanto o Brasil arcava-se sob a ditadura militar, ele iniciou sua grande aventura; na de 80, enquanto o país lamentava a “década perdida” ele a transformou em uma realidade palpável, e enquanto a década de 90 avançava, derrapando aqui e ali sobre a lama que escorria dos noticiários, ele consolidou seu sonho sem que uma única notícia desabonasse sua conduta, coisa raríssima num universo empresarial pautado por grandes interesses financeiros. Por tudo isso, éramos-lhe fiéis! Porque confiávamos nele! E, há alguns anos, enquanto outras companhias acusavam sérios prejuízos financeiros, a sua auferiu lucros de milhões de dólares. Era a retribuição dos apertos de mão e do sorriso particular que recebíamos antes de entrar em um de seus vôos.



Um sonho, uma pessoa incansável e uma obstinação: Eis os componentes para o sucesso que ele tanto apregoava. Morreu como viveu: voando. Ou melhor, não morreu, porque certamente Ícaro o tomou nos braços e o conduziu ao convívio dos grandes seres que nascem para nos servir de exemplo. Benditos seres!



Era um prazer inaudito receber seu aperto de mão pessoal, e será um prazer ainda maior saber que sempre que eu estiver numa aeronave, estarei mais perto dele e de suas lições de vida, porque de onde ele está, seu sorriso haverá de estar presente nos lábios de cada comandante que apertar nossa mão à porta do avião.



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