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Cartas-->COMENTÁRIOS ACERCA DE 3 POEMAS DE J.J.GALLAHADE -- 02/07/2006 - 10:05 (Jayro Luna) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
[COMENTÁRIOS ACERCA DE 3 POEMAS DE J.J.GALLAHADE]
Philadelpho Menezes (1)

Caro J.J. Gallahade [pseudônimo poético de Jayro Luna na década de 80], estou te enviando o convite para participar da I Mostra Internacional de Poesia Visual de São Paulo a se realizar no Centro Cultural São Paulo (2) , a mostra contará com poetas visuais de vários países. O motivo de meu convite se deve aos seus poemas de caráter visual e neoconcreto. O poema “Quadrophenia” me parece bem a propósito desse evento. Na minha leitura pude notar o arranjo matemático entre algarismos e letras numa estrutura geométrica. Suponho que as letras compõem uma mensagem cifrada que ainda não consegui decifrar, o motivo desta é também que ainda não tive tempo o bastante para me pôr ao árduo mas prazeroso trabalho de analisá-lo. A geometrização como está proposta nesse poema me parece que contém elementos próximos aos experimentos mais ousados dos barrocos portugueses e brasileiros. Os signos que compõem o poema envolvem múltiplas linguagens, eu diria que é um caso de intersemiose.
Um outro poema que me parece interessante é “Enigmagem do Rock’n’Roll” que lembra os experimentos de Augusto de Campos. O termo “enigmagem” é uma criação do Augusto, você se apropria do termo e recria num contexto mais da contracultura ao criar essa “Enigmagem do Rock’nRoll”. O acabamento precário do poema fortalece essa questão do improviso e da espontaneidade que caracterizam a contracultura e da poesia marginal. As formas triangulares se ajustando para formar o ícone de algumas letras (K, N) ou associadas às formas semi-circulares para compor outras (os RR) e, por fim, o círculo do “O” e os retângulos ajustados dos dois LL finais contém aquela passagem da escrita para a forma, algo próximo dos logotipos modernos.
Há ainda um outro poema que me chamou a atenção, “Poema Semiótico Para Ziggy”. O poema, embora se proponha como um experimento daqueles poemas semióticos que os concretos produziram em certa época, em que a chave léxica, a meu ver, faz do experimento visual uma presa da linguagem verbal, uma vez que a chave impõe uma leitura e ao mesmo tempo faz dos elementos visuais algo como simples traduções do que está na chave, seu poema tem um quê de improvisação e desarranjo, inclusive na própria chave léxica em que a leitura se enriquece com outros elementos que a chave não consegue determinar. Aquele balão “Crash!” que lembra as onomatopéias dos comics e a forma reconhecível da guitarra, inteira e depois se partindo, dão ao seu poema semiótico a impressão de se tratar mais de um poema marginal do que concreto. De uma marginalidade que se nutre dos mais variados vanguardismos para recriar uma atmosfera de experimentação caracterizada pela liberdade imaginativa, pela irreverência e pelo desbunde característico.
Não quero dizer que sejam estes os poemas que você deva inscrever na Mostra Internacional, mas fica a seu critério se esses outros poemas, esses comentários é apenas para que você tenha uma noção de quais são os objetivos da mostra. As normas de composição dos pôsteres estão colocadas no convite que te enviei.

(28/02/1988)
______________________________________
Notas:
1.Transcrição de carta datilografada enviada por Philadelpho Menezes em resposta ao envio por Jayro Luna de seu livro de poesias, Ópium (1985) remetido em fins de 1987. O poema “Quadrophenia” foi enviado em anexo no mesmo envelope em formato de cartão.
2.Jayro Luna acabou não participando da I Mostra Internacional de Poesia Visual, realizada no Centro Cultural São Paulo de 30 de junho a 14 de agosto de 1988, por não ter enviado os pôsteres dos poemas.
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