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Contos-->UM CONTO... -- 14/09/2001 - 03:52 (Clenio Cleto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Joga-se sobre o assento do carro, descalça os sapatos e cruza as lindas pernas sob o volante, respirando fundo e relaxando todos os músculos do corpo. São mais de 10 horas da noite, está esgotada, foi um dia produtivo mas muito corrido. Sorri quando lhe vem à lembrança as bobagens eróticas dos textos que um amigo virtual insere num e-mail da Internet. Corresponde-se com essa pessoa há meses por meio de mensagens eletrônicas, sabe tudo sobre a sua vida particular e profissional, aliás, um polivalente profissional, segundo suas palavras já fez e continua inventando coisas enquanto espera que o manto da morte o cubra. Trata-se de um homem na terceira idade que já deveria ter tomado juízo, casado três vezes, pai de seis filhas e avô de um menino (22 anos) e seis meninas. Gaba-se de sua saúde, sua potência sexual com seus 65 anos e de suas conquistas amorosas. Atualmente é massagista, técnico de computadores e monitor em informática. Fecha os olhos vagarosamente, brincando com as chaves do carro na mão, e vêem-lhe à memória fragmentos de sua própria vida: da sua infância até ao casamento, época de felicidade e muito alegria. Recorda-se do seu casamento, por amor, com um homem cuja maior preocupação era a conquista e a busca dos prazeres sexuais fora do lar: época de infelicidade, lágrimas, brigas. Conseguiu livrar-se dessa peste com o divórcio, mas, com isso perdeu a confiança nos homens, no casamento, na vida em comum e no amor do tipo até que a morte nos separe ... Tem suas paqueras, seus namorados, suas noites de sexo, mas, sempre sem quaisquer compromissos ou promessas.
Está trabalhando em Curitiba há poucos meses como advogada e divide um apartamento com uma colega.
De repente, a porta do carro é violentamente aberta por alguém do qual só distingue o vulto que, entrando a empurra para o outro assento. Sua mente não raciocina, não consegue entender o que está acontecendo, sente e vê, porém, não compreende. Tem a impressão de que se trata de um homem pelo tamanho e a força com que agarra seus cabelos e o pescoço puxando-a para ele, tenta resistir ao seu abraço empurrando com as mãos o rosto áspero que teima em encostar-se ao dela... rasga-lhe a face com as unhas, mas sente-se apertada contra o peito do opositor. Imobilizada pelos cabelos, esmagada entre o encosto do banco e a porta do carro, sente-se beijada na boca por lábios úmidos, salgados... A princípio cerra fortemente os lábios, depois, tenta morder aquela carne nojenta que a violenta e machuca. Não consegue gritar, sua garganta não emite nenhum som... A fúria apodera-se de todo seu ser, consegue lembrar-se que está com as chaves do carro na mão, e, com forças que imaginava não possuir, coloca uma das chaves entre os dedos e violentamente, num golpe magistral e certeiro, enfia o pequeno objeto pontiagudo no centro do olho direito do tarado!
Um grito, um urro, um grunhido, um som horrível ecoa proveniente da garganta do animal que debate-se em dores e a ataca com os punhos fechados, alucinado. Recebe socos e cotoveladas no rosto e no peito, porém, sua preocupação é abrir a porta do carro e fugir... Consegue sair e é chutada nas costelas, cai, levanta-se e novamente é atacada com o pé do marginal, corre, tropeça, cai... Continua apanhando , caindo, levantando, correndo... Chega à rua, ajoelha-se na calçada, chora e suas lágrimas são vermelhas pelo sangue que lhe cobre todo o rosto. O maníaco não está mais lhe batendo, sumiu na escuridão, só ouve o som do zumbido dentro de sua cabeça. Deixa-se ficar ajoelhada, com o rosto entre as mãos, chorando...
Ouve, então, três o som de três batidas próximas a seus ouvidos.
Abre os olhos lentamente...
Vê o guarda do estacionamento, com o dedo indicador apontado para o relógio de pulso, mostrando-lhe que já são 11 horas da noite!



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