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cronicas-->1982 - Ainda mais boléia -- 21/10/2012 - 21:11 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seiscentos e quarenta quilómetros andei ontem, saí de casa umas sete com destino à Iguape, uma visita devida ao Bom Jesus já algum tempo, fui me entender com ele, por estar devendo o restante da minha caminhada, aquela do ano passado, encerrada por eu ter travado. É sempre bom voltar lá. Peguei congestionamento na Serra do Cafezal, uma pista única da Régis que nunca se resolve. Cumprida minha conversa, a Edna perguntou - Quantas horas até São Miguel... Respondi mais de três. Nem pensar em ir pela Serra da Macaca, melhor mesmo por Tapiraí. Primeiro Biguá e Juquiá, depois que estrada tortuosa e muito linda. A Lígia não aguentou chegar na Bica da Anta, banco de trás não tem jeito, o enjoo ataca. Como curiosidade, Tapiraí significa, traduzido da língua tupi, "rio das antas" e Iguape tem origem no tupi também e significa "na enseada", através da junção dos termos y (água), kûá (enseada) e pe (em). Passando Tapiraí, você deve entrar à esquerda e pela estrada do Turvo chegar a Pilar do Sul, esta estrada seria uma no meio de mata atlàntica, se não estivesse todo desmatado o seu entorno. Que bom, chegamos com mais do previsto, pela chuva. Almoço beleza e rápido sono na rede, não consegui jogar na mega-sena, quando desci a lotérica já estava fechada. Pai quer que eu leve. Não precisa. Saímos para São Paulo e nove da noite, já em casa, pensei - Cansa, mas é bom. Tomei água e fui ler os jornais de São Miguel, pensando em quando pagar o restante do Iguape a pé. De carro, sou fera, quero ver a pé. Preciso me preparar...
Lembrei-me de outro domingo, em oitenta e dois, quando saí com destino Cuiabá, no Mato Grosso, longe prá dedé, naquela época que os postos não abriam aos domingos. Um Opala setenta e alguma coisa. Eu e o Toninho, com parada na Zanini em Sertãozinho para abastecer e depois dormida em Frutal. Segunda inteirinha na boléia e estrada ruim. Jataí, Rio Verde, Rondonópolis, Jaciara e pronto Cuiabá, mil e oitocentos quilómetros, sol e poeira. Lugar para comer, só com muita reza. Paramos num posto e vimos o boteco. Pedi só uma coca gelada, o Toninho, um misto. Imagine aquela limpeza, aquele balcão só moscas, o cara pegou uma fatia de presunto sei lá e colocou nesse mesmo balcão, foi buscar o queijo, jogou em cima, chegaaaa... Pegamos, pagamos, saímos e jogamos fora metros adiante. Éramos dois, ficamos cinco. Precisávamos ir até Nobres, duzentos quilómetros à frente, estrada mais ruim não tinha. Nem dez quilómetros esse Opala aí resolve quebrar. Parada para uma gambiarra, perda no caminho e chegamos ao local da obra, hoje é uma grande fábrica de cimento. Era prá mais das dez, quando conseguimos voltar ao hotel. Banho rápido e peixe frito na barcaça sobre o Rio Cuiabá e cerveja trincando. Dia seguinte, Eu, Toninho e o Alencar, demos uma ajeitada no opalão e derretemos ele dois dias de volta a São Paulo, os outros por avião.
Engraçado que dez anos depois, repeti a metade dessa jornada. Fui levar o César para tomar posse no departamento de compras, da fábrica de cimento construída. Fomos de Golzinho, dirigi a maior parte do tempo, o menino não era lá muito bom de volante. Mil quilómetros até Campo Grande, mais outro tanto e Nobres, capital do cimento daquele estado. Voltei de táxi e avião, quando me assustei e fiquei dezessete anos sem voar, já contei. O César não sei por onde anda, coisas da vida.
Reservei a Pousada da Pitinga, vamos Edna. De avião, não. De carro, saí e primeiro destino Guarapari no Espírito Santo, novecentos e sessenta quilómetros em doze horas. Achei um hotel lindo, em cima do mar, só ondas na janela do quarto, uma peixada e muito sono. Café e estrada, o Polo era ótimo. Mais setecentos quilómetros e Arraial D´Ajuda apareceu, que mar e que pousada. Valeu a pena uma semana lá, depois voltar todo esse tanto aí não foi fácil não. Voltamos e já fiz dois rojão de seiscentos quilómetros no dia, até Búzios só. Tem os mesmos rojão na volta, porém, Búzios eu recomendo. Tenho ido à Taubaté, de Piracicaba, mesmo dia, tó bão nos seiscentos ida e volta, nem precisa voar baixo.
Essa minha coisa com boléia e estrada é sanguinário, como diria minha mãe. Meu pai foi caminhoneiro e cansou de atravessar o país por todo tipo de estrada, algumas vezes estive com ele. Amanhã sairei cinco e meia, no escuro já estarei na Bandeirantes colocando o Lancer para rodar, por isso, neste domingo vinte e um de dez de doze, pelas nove da noite, preciso ajeitar as coisas e desejar boa viagem...
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