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Cronicas-->1965 - Que sono -- 23/09/2012 - 18:46 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nossa, já são duas e quarenta e cinco da tarde, tó dormindo desde umas dez, imagina, já era quase uma, de jeito nenhum, era dez... Conversa boba de casal, eu dormi mesmo e bastante. Já tinha dormido bem a noite toda, quando acordei pelas oito, levantei, me ajeitei, li a Vejinha e desci tomar remédios. Oi, tudo bem, quer café, pão na frigideira, banana e suco, sem café, que me causa tororó no estómago. Sentei ao computador para escrever e me deu uma leseira, nem notícias, nem músicas mudaram. Deixei tudo e subi, me enchi de cobertor na poltrona e adormeci... Daí o Nossa do início.
Ando com uma soneira, falei. Essa quinta que passou, fui dormir nove da noite, mal consegui chegar à cama e já comecei sonhar. Também acordei de madrugada e fiquei zanzando pelo apartamento, parecendo um zumbi, até o sol aparecer. Que será? Só pode ser o calmantinho da Doutora. Fui ver e é mesmo. Tá lá na bula, indicado para tratamento de insónia. Tive que dar risadas, eu que já estava achando ser um problemão. Ele também é indicado para pessoas que tem agitação, nervosismo, ansiedade e irritabilidade. Nem sou eu. Aí lembrei que já tenho umas miligramas de "porretim" na fórmula do Doutor António. Somando com a Valeriana e Humulus, dá o sono que dá. Melhor curtir pelos quarenta dias que faltam tomar.
Por falar em sono, sono bão era aquele, quando a gente parava no posto, depois do dia inteiro viajando. Meu pai se ajeitava na cabine, eu pegava os trecos e ia prá baixo da carreta, enganchava a rede, entre os pneus e a quinta roda. Colocava um primeiro cobertor para proteger os flancos, me ajeitava, colocava mais um por cima e uma mantinha na cabeça, para se livrar dos bichinhos e dormia até ele me acordar. Meu medo era que ele se esquecesse de mim e tocasse a carreta, até hoje, imagino o que aconteceria, nem quero lembrar.
Sono dava antes das aulas, na faculdade. Saía do trabalho e uma hora depois estava na biblioteca, para terminar algum exercício. Quantas vezes puxei um cochilo maravilhoso, com os braços e a cabeça esparramados na mesa. Todo mundo respeitava e, às vezes, alguém te chamava - Ei, tá na hora, já deu o sinal. Acontecia também, na própria carteira. O professor chegava, deixava um pouco e dava um jeito de te acordar, ainda mais no meu caso, que sentava nas primeiras filas. Nunca me atrapalhou, porque eu estudava mesmo, poderia dizer que era um caxias de marca maior.
Esse ano já fiz duas endoscopias, você se preocupa todo com o resultado, mas o momento do exame é uma beleza. A enfermeira te examina, coloca um cateter numa de suas veias, na mão e te leva na cama especial, chega o doutor - Tudo bem, vais sentir uma sensação meio ruim no braço e... Nem dá tempo de ouvir, você dorme muito e esquece o mundo. Uma meia hora depois, o doutor bate no teu ombro e aí - Tudo bem? Tudo mesmo, ao menos prá mim. Acordo bem, renovado, com vontade de fazer outro exame. Mas não indico para ninguém, quero todo mundo sem gastrite. Estamos só falando de sono. Penso que alguém já dormiu na cadeira do dentista, não. Eu já e sempre, o doutor Francisco que o diga. Com a desculpa da luz, fecho os olhos e pronto, até sonho, menos quando ele aplica a anestesia, o coisa doída. Você pode chegar sete da manhã, marquei e cheguei. Bom dia, vamos lá, vai doer só um pouquinho, ajeitou a minha gengiva e só me chamou uma hora depois, mesma quinta passada que fui dormir cedo.
Mais falar em sono, chegamos de madrugada na roça de batata, carregadinho de adubo, se não me engano era o Mercedes onzeonze azul. Peguei um cobertor e deitei no meio dos sacos, dormi que nem um anjinho, aliás, nos meus quinze anos eu era mesmo. Nem vi aquele céu estrelado e o vento gelado, dormi até escutar o pessoal descarregando a carga e o meu pai falando - deixe ele mais um pouco, abri os olhos remelados e virei, dormi mais, até não ter mais adubo. Depois, com esse mesmo caminhão travei noites de sono, viajando e na frente de casa. Dormir em caminhão era fácil, o balanço e o barulho, quando não dava enjoo, dava um sono. Acorda aí, o moleque, vai pegar uma pedra e calça o pneu, o motor morreu e não estou conseguindo segurar no freio. Era o meu tio, quase que gritando, em apuros com o "cara-chato", quem mandou ele não abastecer. Sei que acordei de um sono daqueles e corri pedir socorro. Lembro-me de um senhor forte e gordão, desceu da carreta, pegou uma pedrona e colocou no pneu traseiro, gritou - Pode soltar, que vai segurar. Meu tio foi buscar diesel, voltou e pediu ajuda a outro motorista, para sangrar o burrinho. Anoiteceu e fomos embora, não fui dormindo.
Éramos três dormindo, naquela república das Perdizes, quando, no meio da noite, o Toy desabou em cima do Homero, a cama de cima do beliche quebrou. Foi aquele barulhão, eu não sabia se acordava ou se acudia os dois. Sobrevivemos e voltamos a dormir, não perdíamos sono fácil assim. Não podem acreditar, mas já estou ficando de farol baixo, também com esse friozinho de domingo, vinte e três de nove de doze, ouvindo uns hitback, uá uááá... Bons sonhos!
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