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Cronicas-->1961 - Ser criança -- 26/08/2012 - 15:13 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dê um abraço na criança que existe dentro de você, disse o Gilberto, facilitador do Leader Training, cuide dela para viver melhor. Ainda pediu um sorriso. Sorri e encontrei vários sorrisos, todos cobrando abraços. São todas as minhas crianças, aquelas que existem em mim. Todas eu mesmo, esses anos todos.
Tenho pensado na criança que fui, quando, carregando uma das minhas irmãs, quase fui atropelado pelo caminhão do meu pai. A carroceria bateu em nós e caímos, outras minhas irmãs gritaram e ele parou, veio nos socorrer, não houve nada. Há agora, quando penso e até me arrepio, poderia ter ficado por aí a minha vida, se ele andasse mais um pouco. Hiiii.... Outra criança fui ao carpir o quintal, todo cheio de mato, como se estivesse com enxadão e não enxada. Ouvi uma explicação do seu Chiquinho Tavares, pacientemente disse: - Ó menino, assim não. Faça de outro jeito. Dei de ombros, só que nunca esqueci. Depois essa criança terminou e ainda plantou uma safrinha de feijão.
Bom de ser uma das minhas crianças era ver aquela imensidão de aleluias voando ao cair da noite, em dias quentes e ruim era correr da minha mãe, quando ela queria tirar a nossa aleluia, maneira de dizer, para dar umas chineladas ou tapas mesmo, dependendo do malfeito. Quero cuidar de uma criança minha, apanhando sem cessar de um maior, fortão, apanhando para valer e nem sei de quem, só a imagem em cima do meu peito estapeando meu rosto. Mais tarde essa criança chorou muito. Tem mais uma criança que vendia balas de cóco, no campo de futebol, nos jogos de domingo, Botafogo ou do Esporte, a mesma vendia picolé, naquelas caixinhas de isopor e tentou vender revistas no ponto de ónibus, até uma primeira chuva de verão com ventania deixar essa idéia de lado. Essa tentativa não rendeu nada, já os picolés e balas rendiam um dinheiro no bolso, coisa de criança sorrir.
Estava de pé, em castigo imposto pela Dona Mimi, primeira professora a ensinar a minha criança escolar, tinha dado um chute num dos colegas e ela pegou, primeiro pela orelha e depois em pé no meio da sala, quando passou a Cidinha, viu e contou em casa, a orelha foi pega de novo. Essa mesma criança, foi precoce ao entrar no ginásio, pois fez dois anos juntos, quarto ano de grupo e o externato, um preparatório, naquela época, ao ginásio. Lembro-me dessa criança, dançando valsa com a Yolanda na formatura desse mesmo ginásio, tudo contado, mais tarde, numa crónica chamada A Valsa. Lembro-me dela recitando e tremendo uma poesia para o Dia da Árvore, coisa de outra professora Dona Sara, naquele palco do Grupo José Gomide de Castro.
Não gosto de lembrar uma das minhas crianças, que se afogou no ribeirão do seu Azarias, aquele atrás do cemitério. Essa criança nadava o tempo inteiro, só no raso, pois não sabia nadar e um dia se atrapalhou e foi ao fundo do poção. Se não fosse o Miguel Martins, o Ariosto e o Mutsuo, sei não, teria virado comida de lambari. Lembro-me deles, tentando me tirar do meio e levando pra beirada, não lembro de quem me puxou para cima do barranco. Lembro-me da quantidade de água bebida, na marra e do choro depois. Acho que essa mesma criança também chorou, ao levar duas boladas no estómago, quando foi treinar no infantil do Cilo, antes e durante o treino.
Tem uma criança minha, que gostava de comer areticu, uma fruta amarelada e gosmenta, parecida com fruta do conde, escalava essa árvore no fundo do quintal e ficava horas se deliciando, não sei da dor de barriga. Subia também no abacateiro e ficava lendo revista de fotonovela - Grande Hotel, Capricho, Sétimo Céu, todas pegas da minha mãe, uma aficcionada. Eram italianas, de amor e depois de espionagem, pelo surgimento do agente zero zero sete. Tinha umas brasileiras também. Depois, essa mesma criança ainda tinha tempo para brincar de carreta, horas pelo quintal todo, a carreta era um pedaço de tábua, puxada por outro toquinho de madeira, sempre com uma carga caprichada. Outro "talento" era a construção de galinheiro e de cercado para horta, cuja melhor parte era jogar água e comer cenoura direto da terra, tenho a textura até hoje. Às vezes, tentava consertar as goteiras do telhado, mas o resultado era negativo, consertava uma e abria duas, o gostoso era ficar vendo a vizinhança lá de cima.
Tem uma criança minha, que gostava de passar férias com as avós, em São Paulo, vó Cotinha, pelos lados da Vila Mariana, quando viu o surgimento da banda The Clevers e andava de bonde. Em Itapetininga, vó Isidoria, atrás do Balint, ao lado da linha, aqueles trens de carga... Essa criança gostava mais era de caminhão mesmo, aprendeu muito cedo a dirigir, por obra do pai dela, que ensinou e deixou. Quanto essa criança lavou de caminhão não dá nem para contar, também dirigiu um monte, aliás, essa criança dirige até hoje e nem pode ver estrada, que já quer andar por ela. Tem mais crianças a compor eu mesmo, algumas presentes, outras não e neste domingo, vinte e seis de oito de doze, quase perto dos sessenta, ainda quero ser criança, ser mais crianças e abraçá-las todas.
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