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Artigos-->Ignorância contagiosa -- 28/07/2003 - 09:21 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Volte para o Iraque!", gritavam os desprezíveis que, num início de noite de junho de 2003, socaram e chutaram o hindu Saurabh Bhalerao, entregador de pizza, quebrando sua mandíbula em três lugares. Ele foi amordaçado, amarrado e teve a nuca usada como cinzeiro, antes de ser jogado no porta-malas do carro. Bhalerao ainda teve a ilusão de tentar explicar aos algozes que não era iraquiano e nem sequer muçulmano. Escapou vivo, mas teve o fígado e um pulmão perfurado pelas facas dos fanáticos, no momento da fuga. O episódio ocorreu em Massachusetts, EUA.

Relatório do Conselho das Relações Americano-Islâmicas aponta que estão em ascenso nos EUA ocorrências de hostilidade, discriminação e violência contra muçulmanos e pessoas que aparentam sê-lo. No Arizona, em maio, um indiano levou dois tiros de pessoas que o mandavam "voltar de onde veio". No ano passado, em Nova Iorque, três jovens agrediram outro indiano, ordenando que ele não colocasse "uma bomba em outro prédio".

Mohamed Mimer, diretor de pesquisas do Conselho das Relações Americano-Islâmicas, disse que a ignorância "desenfreada" é um dos principais motivos para o aumento de 15%, registrado no ano passado, nas agressões a muçulmanos. Ele atribuiu essa situação ao ódio despertado pelos atentados de 11 de setembro de 2001, atribuído (e nunca provado) a islâmicos, e pelas políticas "discriminatórias" impostas pelo governo desde então.

Reverendos cristãos, como Jerry Falwell, Pat Robertson e Franklin Graham, aproveitam o momento para destilar ódio racial em seus sermões. Falwell declarou que o profeta Maomé é "um terrorista". Robertson disse que os muçulmanos são "piores que os nazistas". Graham, que fez o sermão na posse de George Walker Bush, em 2001, vociferou que o Islã é "uma religião muito má e perigosa".

Ainda antes de Cristo (morreu em 55 a.C.), Lucrécio lamentou: "Tantos males a religião pode causar". Quase 2 mil anos depois de Cristo (nasceu em 1667 e morreu em 1745), mesmo tendo sido sacerdote, Jonathan Swift (autor de Viagens de Gulliver), escreveu nos seus Pensamentos sobre diversos assuntos: "Temos bastante religião para fazer-nos odiar uns aos outros, mas não o bastante para que nos amemos uns aos outros".

Sentimentalismos à parte, há que se ater num modo de pensar que busque compreender como o mundo - natural e social - funciona, por mais difícil que a tarefa (ou ambição) se apresente. Assim como os maus exemplos e péssimos costumes, a ignorância parece ser altamente contagiosa. Quando está a serviço de justificar e apresentar o mundo absurdamente discriminatório que nos circunda como "ordem natural das coisas", alçando-se à política de Estado, como no governo Bush, suas conseqüências podem ser ainda mais nefastas do que já o foram no passado. Na primeira metade do século passado, um outro sujeito, também a serviço de interesses setoriais da comunidade dos homens, assumiu o poder e afrontou outros crentes, na Alemanha: Adolph Hitler. Também este se valeu do ódio religioso (no caso, aos judeus) para incitar seu povo e seus pares contra todos os que não pensavam igual aos seus ditames e impulsos. A ignorância se espraiou, mas serviu a objetivos e propósitos nada néscios. Como agora...

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