183 usuários online |
| |
|
Poesias-->Felicidade não tem amanhã -- 21/10/2001 - 22:55 (Maria José Limeira Ferreira) |
|
|
| |
FELICIDADE NÃO TEM AMANHÃ
Maria José Limeira
Silêncio no recinto.
Chega-me o eco
do pouso das aves
no oco da goiabeira.
A mangueira balança
nos quintais da infância.
A voz que entoa me cansa.
Peço um minuto a mais
pra meu descanso.
Não posso ouvir grito
que me dói garganta,
nem pássaro que voa
ou voz que canta
pra roubar-me a paz.
Quero silêncio de lápides.
Calma de cemitérios.
Mortos me acompanhem,
dentro da noite atroz,
escuro dos sem voz.
Abracem a mim.
Levem-me ao sem fim.
Que me reste comigo
a sombra do perigo
do mais mortal inimigo.
Vento, me açoite
como cruel castigo
de ter acreditado
no suposto antigo.
Eu mereço este lamento
e todo o tormento
que me toma agora,
por saber que errei
e porque me enganei,
pois quis me enganar
para não chorar.
Enquanto a dor não chegava,
pelo menos eu adiava.
Em prazo muito longo,
pensava que podia ser feliz.
Ah, minh alma triste,
você sempre quis.
Tudo era mentira vã.
Felicidade não tem amanhã... |
|