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Poesias-->Felicidade não tem amanhã -- 21/10/2001 - 22:55 (Maria José Limeira Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FELICIDADE NÃO TEM AMANHÃ

Maria José Limeira



Silêncio no recinto.

Chega-me o eco

do pouso das aves

no oco da goiabeira.

A mangueira balança

nos quintais da infância.

A voz que entoa me cansa.



Peço um minuto a mais

pra meu descanso.

Não posso ouvir grito

que me dói garganta,

nem pássaro que voa

ou voz que canta

pra roubar-me a paz.



Quero silêncio de lápides.

Calma de cemitérios.

Mortos me acompanhem,

dentro da noite atroz,

escuro dos sem voz.

Abracem a mim.

Levem-me ao sem fim.



Que me reste comigo

a sombra do perigo

do mais mortal inimigo.

Vento, me açoite

como cruel castigo

de ter acreditado

no suposto antigo.



Eu mereço este lamento

e todo o tormento

que me toma agora,

por saber que errei

e porque me enganei,

pois quis me enganar

para não chorar.



Enquanto a dor não chegava,

pelo menos eu adiava.

Em prazo muito longo,

pensava que podia ser feliz.

Ah, minh alma triste,

você sempre quis.

Tudo era mentira vã.



Felicidade não tem amanhã...
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