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Artigos-->O TERCEIRO MILÊNIO - Parte 2 - O que nos espera? -- 02/07/2001 - 15:21 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Teoricamente a produção de pessoas poderia parar do dia para a noite. A tecnologia para isto já existe há décadas. Bastaria que todas as mulheres em idade fecunda tomassem a pílula anticoncepcional e a explosão demográfica seria contida. Mas, mesmo existindo há décadas, ela não estancou o crescimento da população, como se supunha quando de sua criação.

Na prática, porém, pesquisas atuais mostram que uma parada súbita no aumento da população não acontecerá. Ainda que detivéssemos a tecnologia perfeita para o controle da natalidade, a população iria continua crescendo ainda por 70 anos mais ou menos.

A razão disso foi apontada por um perito americano em demografia, o professor Dr. Nathan Keyfitz, através de pesquisas de campo e cálculos estatísticos. Os motivos que ele aponta, são, basicamente dois.

1- Encontrando-se hoje o preservativo ideal, simples e inofensivo o bastante para ser aceito por todos – o que não acontece com a pílula atual – passarão pelo menos 20 anos até que ele possa espalhar-se pelo mundo. Mas, o mais preocupante, é que a superpopulação é, ela mesma, o motor que a alimenta. Em países onde existem mais pessoas que recursos para mantê-las, os filhos são uma espécie de seguro de vida. São eles que asseguram o complemento da renda familiar e são eles, em tese, que assegurarão a velhice dos pais. Assim, em países, subdesenvolvidos, geralmente os que possuem as maiores populações vivendo nas piores condições, os filhos são mais que inevitáveis, são desejáveis.

2- Mesmo se não existissem essas dificuldades culturais, e as mulheres se sujeitassem ao lema “dois filhos por casal”, como quer a China atual, ainda assim, a população da terra continuaria aumentando. Isto porque a Medicina moderna e os hábitos de higiene e alimentação se desenvolveram muito nas últimas décadas. A Medicina salva pessoas que em outros tempos, sem a intervenção dela, morreriam. Só esse fator interventor - a Medicina - traz consigo um estranho paradoxo.

Á medida que um país domina as técnicas modernas da Medicina e da higiene, sua população cresce “vegetativamente”, como chamam os demógrafos, ao fenômeno do aumento da população com baixas taxas de natalidade. Ato seguinte, a população desse país será constituída, em sua maioria, por jovens. O contínuo desenvolvimento da prática dessa medicina preventiva, baixa ainda mais os índices de natalidade, e, por diminuição dos óbitos, a população começa a envelhecer, e o ônus de sua manutenção recai sobre os ombros dos mais jovens, que passam, pouco a pouco a ser minoria. Isto sobrecarrega os sistemas previdenciários existentes e os destrói.

Portanto, há que se criar também uma nova economia para uma era de superpopulação. Este é o atual estágio do Brasil.

Na hipótese de que o sinal de parada do crescimento populacional tivesse sido dado em 1975, a população mundial só pararia de crescer por volta do ano de 2045. Como ele ainda não foi dado, e não há sinal de que venha a sê-lo tão cedo, o mundo dos 15 bilhões de pessoas será uma realidade ainda em vida das crianças que estão nascendo agora. Todos os planos para o futuro têm que partir dessa cifra.

Esse número significa que, se quiséssemos continuar vivendo como agora, sem fazer espaço para os outros, teríamos que disponibilizar outra espaçonave Terra de igual tamanho.

A esperança dos planejadores do futuro, é que por volta dos 15 bilhões, os fatores que alimentam o crescimento populacional tenham, de alguma forma, adquirido novos contornos, ainda imprevisíveis, que os redefinam em sua essência e tragam em si as soluções para o problema.

Entretanto, com base nessa inevitabilidade, já é possível traçar alguns cenários da vida adulta de nossas atuais crianças.

Neste futuro não tão distante, os tripulantes da espaçonave Terra terão que conviver ainda com o fato de que a maioria das reservas de bordo está em terra firme.

Terra: O conjunto de todas as terras secas do planeta soma um quadrado com 12 mil Km de lado. Quantas pessoas poderão alojar-se aí, partindo-se do pressuposto – ainda não conseguido pela humanidade – de que todos teriam um pedaço de terra equivalente?

Ar: A atmosfera da espaçonave Terra pesa 5 trilhões de toneladas. Quantos poderão respirá-la?

Água: Existem 1,3 trilhões de metros cúbicos de água potável disponível no planeta. Num mundo de 15 bilhões de pessoas, cada um disporá de 86 m3 de água para si, ou seja, o equivalente a uma piscina quadrada com 9,3 m de lado e uma profundidade de 1 m. Água, potável, portanto será um dos principais problemas a serem resolvidos no futuro imediato. Temos o Ártico e a Antártida com suas imensas massas de gelo, mas não temos ainda a tecnologia para derrete-la e transportá-la nas quantidades necessárias. E mesmo que tivéssemos, estaríamos de tal forma alterando o equilíbrio climático do planeta que as conseqüências seriam catastróficas para a humanidade. Dois efeitos disso nós já conhecemos: A elevação da temperatura mundial e o aumento do nível dos oceanos.

Há ainda outros problemas não menos graves para resolver.

Para chegar até o ano 2000, e alimentar 6 bilhões de pessoas, o homem transformou florestas em trigais, construiu enormes paisagens urbanas, transformou superfícies verdes em asfalto, destruiu sistemas vegetais que se mantinham em equilíbrio desde muito antes de seu aparecimento sobre a terra, represou rios, alterando todo o ecossistema ao seu redor, empestou sua nave com radioatividade, extinguiu espécies necessárias ao equilíbrio de pragas, jogou fuligem no ar que respiramos – são mais de 300 milhões de toneladas de pó jogadas no ar anualmente – espalhou veneno na fina camada de húmus que cobre o planeta – são mais de 1 bilhão de quilos de inseticidas espalhados anualmente nas plantações pelo mundo afora – e estragou boa parte da água potável do planeta, água essa que valerá ouro dentro de poucos anos.

para cada progresso conseguido na área social, o homem causou pelo menos um problema na área ambiental.

Não há sinais de que isso vá mudar. Por outro lado os problemas causados ao meio ambiente estão diretamente relacionados ao número de pessoas que habita a Terra, mas não é possível imaginar que o dobro da população exigirá, para se manter, o dobro dessas ações, porque então, a espécie humana estaria decretando sua própria extinção.

Então, a não ser que novas e fundamentais descobertas aconteçam na esfera científica que possibilite à humanidade se manter sem continuar com os atuas e alarmantes níveis de depredação do meio ambiente, nossos filhos, e mais exatamente nossos netos, terão muito cedo, sérios problemas pela frente.

Como passageiros de uma nave assim avariada, temos a impressão de que ela está irremediavelmente superlotada. Particularmente não creio nisso! Ela está, sim, mal aproveitada.

As cidades só crescem para os lados, porque ainda há espaço para isso. Mas já começaram a crescer para cima. Essa tendência deverá se consolidar. No Japão há muitos anos já existem hotéis que parecem pombais, onde as pessoas dormem em pequenos casulos, onde só cabem agachadas.

Ninguém disse que a indústria terá sempre chaminés poluidoras. Quando os industriais começarem a morrer pela própria fumaça que produzem, buscarão novas formas de energia e taparão as chaminés!

Já se provou que os alimentos hidrófilos são viáveis economicamente e não precisam sequer de terra para se desenvolver. Alimentos básicos já são produzidos artificialmente, como o leite e outros tipos de proteínas. Juntamente com os novos alimentos sintéticos que surgem, experiências como essas talvez estejam a nos demonstrar que a agricultura está mudando conceitualmente.

Com 5 milhões de pessoas, a espaçonave Terra, há 10.000 anos, já esteve superpovoada, e quem a tripulasse então, diria que chegou ao seu limite para albergar pessoas. Diria que dali em diante pessoas morreriam de fome, porque já não havia lugares onde coletar. Então o homem inventou a agricultura, que consistia num conjunto de técnicas para retirar da terra o alimento necessário.

Hoje, quando aparentemente chegamos a outro limite, não resolveremos o problema com soluções igualmente revolucionárias?

Essas descobertas não são somente vislumbres. Quem prestar atenção nas oficinas do futuro, e principalmente quem souber orientar seus futuros artífices no caminho certo, verá que essas soluções já estão em curso.

Mais que isso, estará fazendo parte delas e, como é desejo inato do homem, perpetuando-se nessas soluções.



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