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cronicas-->1963 - Tio Rubão -- 22/01/2012 - 18:40 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pequeno ouvi falar - A Eunice vai se casar com o Rubens. Depois ele apareceu no aniversário da Janie, em sessenta e três. Apareceu outras vezes. Não sei quantas, mas era presente e podemos conferir por algumas fotos até. Isso antes de eu sair de casa. Em setenta e um, ele veio e de Veraneio, mês de Julho, acho. Claro que peguei a Veraneio e saí por São Miguel, com as minhas irmãs, primas e outras, todas crianças. Subia e descia, até que deram parte e o carro da polícia foi atrás. Quando percebi, quis voltar e caí num buracão, ali por perto do Ginásio, com as duas rodas traseiras. Daí, depois, só lembro de meu pai me pegando no braço, já em Gramadinho, pois fugi de ónibus. Ele estava junto e só dava risada. O pior não foi eu estar dirigindo sem carta, foi ele estar com a carta vencida. Quase que prenderam a Veraneio. Ainda depois fomos até Sete Barras visitar alguns titios. E ele foi com o meu óculos escuros.
Deve ter sido desta vez, que ele falou pro meu pai, que eu deveria ir para São Paulo estudar engenharia e ser Engenheiro na empresa dele. Sei que ele foi o responsável por eu ser quase paulistano, quando eu, naquela época, queria ir para Curitiba. E eu não fui e vim para estudar cursinho no Anglo. Em setenta e dois, fiquei na casa dele, uns quarenta dias, suficientes para curtir aquela mesmo Veraneio e visitar algumas obras. Lembro que me levou ao Guarujá ver um prédio recém construído e almoçamos com um casal de amigo dele, nunca comi tão em silêncio. Depois desses quarenta dias, acabei indo morar com minha Vó Cotinha, lá em São Bernardo, mais longe impossível, mais de duas horas de ónibus, até o Anglo na Tamandaré. Depois entrei na Fatec e não me formei e nunca virei engenheiro dele. Foi só uma conversa de almoço, acho eu.
Continuei vendo ele, mas, pouco, duas três vezes ao ano. Vez em quando passava na sua casa, ou o via em São Miguel. Em oitenta e quatro ou cinco, ele comprou um sítio, no Taquaral, próximo do sertão e passou a fazer mais parte de São Miguel. Ainda aí, prá mim, era o Tio Rubens. Fui trabalhar na Marfin e vendi uma obra pro Lupércio, seu irmão. Por isso e por ter me tornado sócio, em noventa e nove, ele me chamou para ver uma obra na Associação dos Construtores de São Bernardo. Fui com meu sócio e ele nos contratou. Lembro como se fosse agora, eu estava nos trilhos do Metró Itaquera, ainda em obras, quando ele ligou - Jairinho, é o Rubão, venha buscar o pedido. Não tive dúvidas, registrei a obra como do Tio Rubão e, desde então, ele passou a ser o Tio Rubão, prá mim e dentro da empresa. No decorrer da obra, estive com ele algumas vezes, uma delas até me mandou tomar no... dando risadas. - Que foi, Tio? Palpite errado não se dá, ouvi. Engoli em seco, afinal era ele. Apenas ficou o registro e terminamos a obra. Sei que ele elogiou.
Depois o vi poucas vezes, numa ele estava até de bengala, por um acidente vascular, mas, dirigindo uma Zafira com adaptações. Vi nos cinquenta anos de casamento dos meu pais, soube depois de uns contratempos e fui vê-lo no enterro de meu pai. Ficamos conversando e ele sempre o mesmo, à sua maneira, a maneira Tio Rubão. Como não me formei engenheiro, quem ficou com ele, como engenheira, foi sua própria filha Elisa.
Terça, dezessete, minha mãe me liga - Inho, o Rubens teve um aneurisma e faleceu. Não acreditei muito e como - Tio Rubão parecia ser eterno. Pois é, não era, nem somos. Saí de Piracicaba, passei em casa, peguei a Edna e a Janie e fui ver sua partida. Estava sereno, naquela capela. Olhei, lembrei de tudo, afinal quase cinquenta anos de sua presença. De Rubens que era, hoje, vinte e dois de um de doze, digo - Tio Rubão, fique bem!
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