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Cronicas-->2000 - Fotos -- 25/09/2011 - 21:03 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tréc tréc na janela e bilin lin lin no sino dos ventos, desde cedo um vento só, desde cedo nem tanto, porque levantei mais das dez. O domingão frio, até dormi mais um pouco e continua ventando. Só resta ficar fuçando na internet e passando pela globo ponto com vi a chamada - Que diferença! Repare nas famosas antes e depois do Photoshop. Fui reparar e pensei - Como eles conseguem enfeiar essas deusas, se tão bonitas são e lindas de tudo. Penélope, Jessica, Kim, Madonna, Avril, estão quase iguais. A Cameron e a Eva, com diferenças, mas, a Mónica, aquela italiana maravilhosa, deixaram pior. Todas naturalmente ótimas.
Sexta fui ao Woodstock, aniversário do Sérgio, papo e rock e foto. A Lígia tirou umas três e postou no Facebook, na hora pelo Aifone. Uma amiga veio registrar e pose daqui e lá, espere um pouco - Vou tirar outra para garantir. Essas maquininhas digitais até filmam e mesmo você vendo a imagem, ainda precisa garantir, sempre alguém fecha os olhos ou sorri amarelo. Pai, já tem comentários. Que? É, por mágica a foto já viajou pelo éter da sua existência. Lembram-se de antes, tinha que acabar o filme, levar na loja, esperar uma semana e depois pegar, só aí ao colocar nos albinhos você iria saber das poses e se irritar com seu olho fechado. Foto de festa e churrasco, ainda tinha gente mastigando, melhor parar.
Quando casei fui à Iguape, comprei uma maquininha baratinha e perdi mais da metade das fotos, poucas tenho para se lembrar da Edna. Pelo menos a gente se curtiu muito. Ultimamente são tantas fotos, que elas até se perdem no computador. A facilidade das digitais levam as meninas excederem nos beijos em frente ao espelho, hajam beicinhos e boquinha virada. Nunca viram ou nunca fizeram, duvido.
Estou às voltas com uma foto, de máquina normal e em papel mesmo. Ela é de dois mil, lá do Quinta do Mandioca. Fomos tomar umas e jogar conversa fora, aproveitar o jogo do Corinthians não sei com quem. Veio uma moça bonita e pedimos uma foto com o Marcão. Ela topou e só isso. Meio que o abraçou e click. Guardei a foto e agora não acho mais, pois guardei tão bem. Outro dia, ele pediu da foto e estou às voltas...
Quando secretário do Rotary de Saltinho, quis resgatar a memória do clube. - D´xacomigo... Me passem os documentos. Naquelas coisas empoeiradas, além de mais de dois mil papéis, tinham umas mil e tantas fotos, uma a uma fui selecionando e todas estão nos álbuns. Coitadinhas, continuam lá quietinhas. Ainda bem que escaniei algumas e posso olhar vez em quando. Nem conto como consegui arquivá-las em ordem cronológica, sem conhecer todos. Só uma dica, pelas roupas. Ah, só mais uma, pelos cabelos...
A Edna não gosta tanto. Minha filha é nota dez com fotos. Gosta e sai bem, fotogênica demais. O Guilherme gosta menos, mas sai bem também. Eu, sempre belo, nem pose faço. De nascença. É bom guardar fotos e ruim quando você precisa achá-las. Não importa se papel ou se digital. Dá na mesma. Tem um monte lá na estante e outro nos arquivos dos computadores. Tenho algumas nas paredes me olhando. De várias épocas e jeito. Dei uma olhada nelas, tem uma moldura com fotos das crianças, minhas e do Cláudio, oitenta e cinco e dois mil e cinco, mesmas poses e vinte anos entre elas. As crianças crescem e nisso as fotos não mentem jamais. Tem do meu casamento, da minha família e da Edna. Gente que já se foi. Saudades.
O Paulo é são paulino roxo e perdeu uma aposta. Lá está ele ao lado do Alexandre vestindo a camisa do Corinthians. Tem várias três por quatro, aquelas de documentos, hoje nem precisa levar. Precisei de passaporte e fiz pose na hora, numa enorme digital. O duro das fotos guardadas é que você guarda os desafetos surgidos ao longo da vida e também alguns ex parentes. Servem de registros, irritantes quando os olha. Existem as fotos cabeças de bacalhau, que você precisa ir à Noruega para vê-las. Em nossas festivas rotárias, tem algumas figuras que se arvoram de fotógrafos e até exigem poses, nunca essas fotos aparecem, nem pagando promessa. Lembrei de um colega de colegial, lá de setenta. Ele se imiscuía no meio dos desfiles cívicos e nos palanques, parava a fanfarra, a banda, pedia pose das autoridades, mas, nunca colocou um filme sequer naquela sua máquina. Dias depois só risadas durante as aulas. Ele, só de migué...
Uma foto vale mais que mil palavras, já ouvi e já li esta frase, milhão de vezes. Pode ser verdade, tem foto que diz tudo e outra, nada. Foto é uma coisa metafísica, é preciso ver o que está atrás dela, a origem dela, só assim ela nos diz tudo. Chega de teoria, é bom ver fotos. Tenho visto algumas antigas, de chorar de saudade e outras de chorar de raiva, fora as de chorar de rir, fora as de se envergonhar. Olhem as suas dos anos setenta, aquelas pantalonas, aqueles cabelão e costeletas. Ai ai, credo.
Neste domingão friorento, vinte e cinco de nove de onze, acho que tenho de comprar um DeLorean, fazer dele uma máquina do tempo e voltar a dois mil resgatar a foto, só assim para eu achá-la.
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