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Cronicas-->1995 - Um pouco de boléia -- 18/09/2011 - 14:42 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ai Inho, como estou cansada, credo, nunca mais... Menos pai, as pessoas pensam diferente de você, essa sua história de Pré, querer ver tudo antes... Assim, calmamente, eu estava tomando café e levando umas broncas, tudo porque andei uns oitocentos quilómetros, entre sexta e sábado e mais duzentos preciso rodar hoje, até São Roque, ida e volta. Este fim de semana misturei as últimas Cronicas, a vontade de cumprir meu compromisso com a vontade de ver as coisas antes, por isso a andança. Pela minha origem, encaro a estrada numa boa. Saí de São Paulo pela madrugada, à Piracicaba, trabalhei até três da tarde, fui levar o Maurício ao treinamento Leader Training, em São Roque. Pelas dez da noite, após atividades de padrinho, deixei-o e saímos para São Miguel, parando na Real em Sorocaba. Coisa de meia noite - Oi mãe, tudo bem. Uma hora depois, soninho até sábado cedo. Tinha combinado o acerto final da caminhada até Iguape, mas, desencontros aconteceram. Fiquei sem os companheiros e decidi voltar prá casa. Tchau Mike, Mãe, Camila. Oi Carlinhos - Deixe pra outro dia, to indo. Ni qui saí... Edna, vamus prá Iguape e pronto. E fui. De carro, continuo devendo o "a pé". Desci a serra, tinha barro, levei mais de uma hora pros trinta e dois quilómetros. Fiquei preocupado, confesso. Afinal, càmbio automático e carro mais baixo não combinam com aquela estrada, fui devagarzinho. De novo, passei Sete Barras e Registro. Adivinhem a novidade, almocei no Graal Buenos Aires outra vez, bem criativo não. Passei Pariquera e cheguei a Iguape quase quatro da tarde. Só que, tudo de bom, eu estava com Bom Jesus por um átimo e uma vida. Depois, prá São Paulo, cheguei sete da noite. Nem sei por que o cansaço da Edna.
Boléia tem cinco conceitos no Houaiss, um deles é o assento do motorista, vejam no Uol. Como vocês sabem, nasci numa, pelo fato de meu pai ter sido caminhoneiro. Viajei tanto com ele, carachato, onze onze, quinze treze, escaninha e cento e onze ésse, todos boléia. Às vezes, me pego sonhando com essas viagens, ainda mais que moro em São Paulo e trabalho em Piracicaba, rodo mais de quarenta mil quilómetros por ano. Saio de madrugada, para rodar mais rápido, chegar as sete na fábrica. Hoje em dia, as pessoas dificultam a ultrapassagem, gostam de andar à esquerda. Voltando prá casa, ando devagar e pela direita, só olhando as carretas, tem cada uma, meu pai iria adorar, sempre penso...
Por falar nele, em sessenta e quatro me levou à Porto Alegre, no cara chato. Depois de Curitiba, uma pedra cismou de quebrar o parabrisas, justo do lado dele. Naquela época, colocar o novo só na Mercedes mesmo. Dali perto de Mafra, fui em pé, encostado no capó do motor, segurando a cortininha prá ele levar o caminhão numa boa, no meio daquela chuva. Fião, segura mais prá cá, mais prá lá, assim uns quinhentos quilómetros. Inesquecíveis.
Saí prá Bauru, iria dar uma palestra sobre qualidade, convidado pela Cepeéfeéle. Vou por Santa Maria da Serra e pego a Marechal Rondon, lá em Botucatu. No meio do caminho, a ponte sobre o Rio Tietê estava interditada. Tinha que desviar por Jaú. Errei e peguei uma estrada, no meio da cana. Mais de cinquenta quilómetros, pedra e cana. Ainda mais de Stilo, só trator e treminhão. Fiquei naquela - Onquestó, onvópará. Cheguei e palestrei. Acho que tive sucesso, pois fui a mais cinco eventos.
Em noventa e cinco, o seu José me chamou para pescar no Pantanal. Tiramos o banco de trás do Verona e dá lhe estrada. Primeiro até Ouro Verde, lá na beira do Paraná, dormimos na casa do outro José parente. Mais um meio dia e chegamos a Corumbá. Quatro dias pescando, cachara, pintado e dourado. Peguei o maior, he he. Tenho foto. Vambora, tá na hora. Ele todo preocupado com os fiscais e com a estrada. Pensei, ele não me conhece de estrada. Pois viemos dormir em casa. Mil quatrocentos e treze quilómetros em quatorze horas e meia. O Verona flanava naquela estrada entre Campo Grande e Três Lagoas, depois na Washington Luís, até quinze prá meia noite. Parece que ele ficou meio sem fala, por uns dias.
Pedimos a conta no mesmo dia e decidimos dar uma volta pelo país, Eu e o Alexandre, em julho de oitenta e sete. Saímos pela Dutra, passatão preto geteésse, vamos aí pela Tamoios e entrar na Rio Santos, ela é linda. E é, só que de repente, uns barulhos estranhos invadiram aquele carro, novinho de tudo, nem um mês. Chiruli chiruli, piutiti piututu, rurruuu, chirilili, e eu, chiii chiii, alguma coisa está errada. Abri os vidros e mais de tudo isso aí. Ele acordou - Jairão, num amola, tudo passarinho. Não é que era mesmo. Tempo de boléia faz isso e, hoje, dezoito de nove de onze, quero mais, muito mais.
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