NEW YORK!!
25-08-89
Flutuavas
Sobre a baía,
E parecia
Que eu poderia
Te abraçar inteira...
Uma miragem
Ao fim da tarde...
Um sonho...
E teus ruídos
Que te tornavam verdadeira...
Carinhoso,
O sol lambia teus prédios,
Doces assédios,
Doce cópula
Vespertina...
E as gaivotas,
Às centenas,
Se esmeravam
Em te enfeitar
Com seu voar,
Com seu trinar,
Almofadando teu chão
Com suas penas...
Flutuavas sobre a baía...
Mais um dia
De silente comunhão...
Mais um verão...
E o azul ao teu redor
Me faz melhor...
Me faz pensar...
Me faz sonhar...
O canto do rouxinol
Une-se ao sol
E te envolve
Em mil carícias,
Mil desejos...
O vento traz-me teu beijo
E me explora,
Girando ao meu redor...
Em teu interior
Sinto o amor...
E lá adiante,
Flutuando sobre a baia,
A silhueta dos teus prédios
É o remédio
Que me enche de emoções...
Mas há também algo triste,
Uma desilusão,
Uma angústia,
Quase uma premonição...
Uma qualquer coisa indefinida
Que me assalta
Quando chega a hora da partida,
Tomando-me inteiramente
O coração...
Não é saudade,
Não é amor,
Nem é paixão...
Há qualquer coisa em ti
Que agride fundo,
E que me atrai,
Quanto mais me assusta...
Há qualquer coisa
Nesta mescla louca,
De insano,
Podre,
Triste e cruel...
Mas há também
Algo de sublime,
Que vagamente
Me relembra o céu...
Há algo de desumano e imundo
Nesse teu mundo
Que lembra agonia,
E, ao mesmo tempo
Há uma esperança
Que de ti se irradia...
Ao deixar-te agora,
Levo na bagagem
Um riso triste,
E uma tristeza risonha,
Por saber que tudo em ti
Está pronto,
E por teu povo,
Que já pouco sonha...
* * *
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