Meu amigo azuado
Vou te reduzir a pó
Sendo tu um abestado
Espécie de brocoió
Zunindo feito mutuca
Pego-te na arapuca
Vou te deixar zuruó.
Tu na arenga és fraco
Só falas miolo de pote
Poe a viola no saco
E pula que nem caçote
Teu canto eu vou lesar
Teu ferro logo fresar
Ainda dou cocorote.
Deixas de baitolagem
Não venhas botar boneco
Acaba com a fuleiragem
Ou te dou um peteleco
Sou um cabra arrochado
Vou queimar teu roçado
Tua valentia eu seco.
Com a rima afolozada
E o verso abirobado
Tibunga no quase nada
Afunda destrambelhado
És um pobre mucureba
Cocando sua pereba
Flutuando como pato.
Logo vais capar o gato
Pois já ta batendo fofo
Pedes pra cagar no mato
Já ta criando até mofo
Ta louco atubibado
Com o rosto encarnado
Esconde-se no cafofo.
Sou o cão chupando manga
E afirmo, estás pebado
Em ti eu boto uma canga
Deixo teu couro esticado
Dou-te uma chapoletada
Depois vou dar gaitada
Ao te vê tão derrotado.
És um rude matusquela
Que só vive aperreado
Ficas preso na pinguela
Com o casco atolado
Esperneia baitinga
Sente o cheiro da pinga
E o cão nele encangado.
És menor que mucuim
O resto da cruviana
É pouco páreo pra mim
Bago de cana caiana
Cantador de estripulia
Dessa tua mente vazia
Só saiu coisa insana.
Vou bater na tua cuca
E encher-la de mondrongo
Tremerás os teus cambitos
Teu castigo vai ser longo
Prum cabra malamanhado
Pro meu gosto és folgado
Um tremendo mocorongo.
Insultas-me com infuca
Embiocas na mentira
Nessa conversa maluca
A verdade se retira
Fazendo um cu-de-boi
Tua seriedade foi
Desafinar tua lira.
Vais deixar de ser gabola
Quando de mim apanhar
Vais voltar para a escola
Nunca mais vais esnobar
Quando sentires meu fumo
Vais chorar perder o rumo
Cagar só de se lembrar.
Quem de homem desconfia
Tem um desejo escondido
Faz promessa e simpatia
No seu segredo enrustido
É um flozô destinhorado
Em homem interessado
Por isso fica atrevido.
Lili é meu doce encanto
Minha flor de laranjeira
Inspiração do meu canto
Uma mulher verdadeira
Morre comigo na cama
Sente tesão e me chama
Faz isso a vida inteira.
És apenas uma visage
Competindo na fianga
Saído da catrevage
Onde o mané te encanga
Dando uma pisa de pau
No zambeta escambau
Que apanha e não se zanga.
Quando terminar a luta
Não vou ficar ofendido
Sendo Zéferro batuta
Eu vou bater mais ardido
Não faço demagogia
Dou pulos de alegria
Não refresco maluvido.
Manezinho de Icó
É claro que reconhece o tremendo cordelista que és, meu caro professor. E me sinto muito honrado em duelar contigo, é privar do teu inquestionável talento. Sei que és um mestre porreta, um poeta arretado. Manezinho não tem estudo, mas num é burro não! Ao aceitar cordelar comigo, sabendo que sou iniciante no cordel, demonstras que não és orgulhoso, egocêntrico nem prepotente. Mas tome cuidado, manezinho é carne de pescoço.