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Humor-->Alto exílio -- 04/06/2007 - 12:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ALTO EXÍLIO

Jacornélio M. Gonzaga (*)

É!!! Meus amigos. Foi aqui que me exilei........

Assim que iniciei meu último artigo, escrito no dia quatro de dezembro de 2006. Falava que o meu exílio seria muito distante do circuito Elizabeth Arden (Londres - Paris – Nova Iorque) e foi mesmo. Caí em desgraça!

Meu exílio é alto porque estou a 1828m de altura, no ponto mais elevado do sul do País, numa instalação do CINDACTA II, que participa do controle aéreo do sul da América - o Destacamento de Detecção e Telecomunicações (DPV DT 51) –, localizado no Morro da Igreja, cidade de URUBICI, estado de Santa Catarina.

Embora faça um pouquinho de frio (hoje: -3° C), o lugar é maravilhoso. De nosso observatório, com céu limpo, avistamos o litoral sul catarinense e as areias da Praia de Laguna. É aqui que se encontra a intrigante Pedra Furada, uma escultura natural em forma de janela. Olhando ao redor, avistamos as exuberantes matas nativas, ainda não transformadas em paus-de-arara.

Aqui a faina é pesada, o trabalho é por turnos e, como filosofou o Noço Guia, em 16 de maio de 2003, quando inquirido sobre a mudança de opinião do pessoal do PT a respeito das reformas: “Uns acordam mais tarde, outros acordam mais cedo. Uns dormem mais tarde, outros dormem mais cedo. Nem todo mundo dorme e acorda ao mesmo tempo”.

Vocês devem estar perguntando o que é que eu estou fazendo aqui neste fim de mundo. É o seguinte: fui “licenciado” do FUNPAPOL (Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos) e, como sou controlador de tráfego aéreo (civil), primeiro concurso, pedi ao Exmo Sr Ministro da Defesa, dentro do processo de desmilitarização do tráfego aéreo, que arrumasse um lugar para mim, dentro do novo espírito de trabalho, no qual os civis, facilmente, substituirão os militares.

Considerando a promessa salarial do Governo Federal de pagar R$ 3.148,00 aos novos controladores civis, admitidos em futuro concurso, creio que, mesmo assim, para o Morro da Igreja, com todas as suas belezas, não virá ninguém, a menos que a minha proposta de criação de algumas gratificações seja aceita:

- Gratificação de Natureza Antártica (GRANA): 200 %

- Gratificação de Alimentação Natural Garantida (GANG): 150%

- Gratificação Sanitária de Sacrifício nas Alturas (GRASSA): 125 %

- Gratificação de Fadiga Intensa na Altitude (GRAFIA): 75 %

Estou muito satisfeito com a minha nova colocação, mas tenho saudades do FUNPAPOL, agremiação para qual dei todo o meu suor e minha desinteressada dedicação, mas, como disse o Noço Guia, em quatro de junho de 2003: “Muitas vezes acontecem coisas que deixam a gente chateado. O companheiro trabalha de 7h às 18h, todo o santo dia, e às vezes pára para tomar uma cervejinha. Quando chega em casa, não tem nenhum elogio pelas doze horas que trabalhou, mas tem crítica pela meia hora que tomou cerveja. Faço essa comparação porque algumas coisas que acontecem no governo não são diferentes das que acontecem na família”.

Vou contar a vocês a razão da perseguição que culminou com meu pedido de afastamento da Direção-Geral do FUNPAPOL. Acusaram-me, injustamente, de alguns pequeninos delitos, tais como: prevaricação, peculato, extorsão e corrupção. Coisas simples, que qualquer político, administrador público ou membro do judiciário não faça diariamente.

Tudo começou com uma inverdade publicada na Revista Zóia, a respeito da condução, por parte deste ex-diretor-geral, da pretensão do combatente da liberdade e, nas horas vagas, dramaturgo, ensaísta e escritor, Augusto Boal, 76 anos.

Nosso sócio recebe da União, desde maio de 2006, a bagatela de R$ 11 mil por mês, limpos, de indenização, por ter sido preso, torturado, processado e julgado pela cruel ditadura militar nos anos 70. Essa perseguição levou o Sr Boal a se exilar (este foi auto) em Buenos Aires, Lisboa, Paris, Londres e outras capitais européias. Devido à intensa perseguição política, só pôde voltar ao Brasil, em 1986, para ocupar um cargo público no Governo Brizola - a direção da Fábrica de Teatro Popular - e para se eleger vereador no Rio de Janeiro, em 1992.

Os advogados do FUNPAPOL, visando a somente o bem-estar do nosso sócio, levantaram que a lei da anistia (Lei 10.559/02) prevê a retroação de cinco anos, a partir da data do pedido de anistia. No caso de Boal, o pedido foi feito em 1997, devendo, portanto, retroagir até o ano de 1992, ou seja, trata-se apenas de realizar a reparação dos 14 anos que nosso sócio ficou sem receber; e nem é muito, representa a mixaria de R$ 1,8 milhão.

Por uma questão processual e por unanimidade, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), rejeitou sua pretensão. Nossos advogados recorreram da decisão.

A Revista Zóia aproveitou o fato e iniciou um processo de calúnias: fui acusado de “acertar” o pagamento de 10% da indenização, caso ela se concretizasse. Tiveram a ousadia de dizer que eu tentei subornar o relator do processo, oferecendo a ele alguns préstimos da Sra Jeany Mary Córner. Publicaram fotos de assessores e outros figurões realizando cruzeiros marítimos, que teriam sido pagos pelo FUNPAPOL. Foram corajosos e inconseqüentes ao dizer que um Ministro do STJ estava envolvido em corrupção. Tudo mentira: sabemos que a propina, hoje, é de 30%; que não existe corrupção no judiciário; e que nossos figurões jamais se rendem ao sexo pago.

Entretanto, setores do desgoverno brasileiro, invejosos de meu trabalho, pediram minha cabeça. Ao contrário de determinado Presidente de Senado, licenciei-me. Tenho a certeza que os companheiros de partido não esquecerão do meu trabalho à frente do FUNPAPOL, inclusive um de meus últimos, quando consegui que a Comissão de Anistia aprovasse uma indenização para os ex-guerrilheiros Jessie Jane e Colombo Vieira de Souza.

Eles eram militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN), que foram condenados a 18 anos de prisão, injustamente, só porque tentaram seqüestrar um avião da empresa Cruzeiro do Sul, no Galeão, em 1º julho de 1970, com a idéia “de ir para Cuba fazer treinamento e voltar com a ALN”.

Após a prisão, Jessie Jane foi para a Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu/RJ, e Colombo para o Presídio da Ilha Grande/RJ. Em 1972, casaram-se e continuaram presos. Os frios e psicóticos torturadores permitiram que o casal se encontrasse em visitas íntimas, nos fins de semana, em Bangu. Em 1976, da união, nasceu a filha Leta. No dia nove de fevereiro de 1979, beneficiado pela Lei da Anistia, o casal foi libertado.

Durante a sessão que aprovou a grana do casal J C, foi exibido um vídeo, possivelmente produzido por um cinegrafista amador, com imagens dos dois dando banho na filha recém-nascida, na Penitenciária, em janeiro de 1977. Jessie Jane alega tortura durante o parto no hospital e Leta, hoje com 30 anos, também requereu indenização do Estado, possivelmente pelas sessões de afogamento mostradas no filme.

Por essas e outras vitórias, que não vejo a hora de retornar à direção do FUNPAPOL, sem constrangimento, pois, como disse o Noço Guia, em 23 de dezembro de 2004: “Orgulho é que nem colesterol, tem orgulho bom e orgulho ruim”.

Com todo esse frio, que pede uma “caninha”, eu já ia esquecendo o número dado ao Destacamento de Detecção e Telecomunicações (DPV DT 51) é uma singela homenagem ao comandante-em-chefe das Forças Armadas.


(*) Jacornélio é controlador de vôo (civil); cinegrafista amador; e, atualmente, é ex-Diretor-Geral do Fundo Nacional de Pensão dos Anistiados Políticos (FUNPAPOL).

Revisão: Paul Word Spin Org Writer

Brasília, 04 de junho de 2007 - e-mail: jacornelio@bol.com.br e jacorneliomg@hotmail.com





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