Mais um cacete de Manezinho de Icó no professor Zéferro.
Zéferro mude o refrão
És muito repetitivo
Assim acaba a emoção
Vá consultar seu arquivo
Mude a fala, falastrão
Aumente seu atrativo.
Falando a mesma prosa
Parece um papagaio
Vestido de cor de rosa
Andando no mesmo raio
A coisa fica horrorosa
Precisa de mais ensaio.
Cabra que já matou onça
De gato não sente medo
Para bater em criança
O chinelo é o segredo
Saiu fora entra na dança
Eu boto pra dormir cedo.
Teu pinho é desafinado
Tens o canto de taquara
De deixo preocupado
Bato-te com minha vara
Ficas mudo entalado
Ainda apanha na cara.
Todo mundo lê meu verso
E entende muito bem
Por ser um cabra disperso
Fica falando desdém
Repara teu retrocesso
Olhando os erro que tem.
Continuas um papudo
Querendo ser o melhor
Mas diante dum taludo
Tremes, causando dó
Esse teu canto é mudo
Precisas fazer melhor.
Meu canto é muito sedoso
Assim falam meus leitores
Acham o teu horroroso
Pedantes, são os fatores
Nesse teu falar jocoso
Só faz versos detratores.
O Meu cartaz é com dama
Macho eu sempre dispenço
Meu cochicho é na cama
Contigo tudo eu venço
É forte a minha chama
Meu versejar é imenso.
O povo comparou meu canto
Com esse teu triste alarido
O meu foi um lindo encanto
No teu foi tempo perdido
Chamaram-me até de santo
E te chamaram de fingido.
Fama se faz com leituras
Para o bom escrevedor
Meu placar ta nas alturas
Vá contar, faça o favor
Enches o verso de bulas
Se achando um cantador.
Na faca arranco tua tripa
Arregaço teu bucho
Tiro o couro faço ripa
Ainda me dou ao luxo
Faço corda solto pipa
O resto na cova tucho.
Zéferro é um palhaço
Um cabra prejudicado
Acha que eu sou cabaço
Só está desconfiado
Essa prova eu não faço
Ainda mais com viado.
Mulher eu ferro na cama
Com amor e jeitinho
Por isso Lili me ama
E me chama de benzinho
Quando me vê se inflama
Enrosca-se com carinho.
Se for publicar teu verso
Meu público vai recusar
Vou sofrer um retrocesso
Por isso vou dispensar
Eu vou fazer o inverso.
Só o meu vou colocar.
Sendo eu um aprendiz
E zéferro um professor
Já bati o quanto quis
No promisso ensinador
É gostoso pro petiz
Acoitar o seu senhor.
Manezinho de Icó
Agradeço ao brilhante professor de cordel, o catedrático da caatinga, ilustríssimo Sr. Zéferro. Pelos valorosos conselhos didáticos sobre musicalidade e sonoridade cordelística. Todo ensinamento é bem-vindo. Como novato no trato com rimas e métrica, fico lisonjeado por travar uma batalha tão ilustrativa e elucidativa sobre os fundamentos dessa arte popular e clássica ao mesmo tempo.