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cronicas-->VIRTA -- 10/05/2011 - 09:30 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

DEDICATÓRIA


MACUNAIMA 2



1975 - SENADOR CAMARA - Rio de Janeiro

Marcelino Rodriguez


Eu estava em uma das elevações que havia numa das ruas que cortavam
os conjuntos populares da Cohab, em Senador Camara. Era carnaval.
Um bloco barulhento passava com carrascos, piratas, clóvis, piranhas,
palhaços, pierrots, colombinas e mais o que houvesse de fantasioso e de uma gente mascarada, formando
um todo que parecia uma orquestra mágica. Uma música tocava muito alto de
Um dos prédios.

"Macunaíma índio branco catimbeiro
Negro sonso feiticeiro
Mata a cobra e dá um nó"

Ali eu a percebi pela primeira vez que estava sozinho
e que a vida seria para mim uma espécie de exílio. Senti
que os mascarados do carnaval vinham de outro mundo e que aqueles que ali passavam eram como sombras
da realidade maior.
Ali naquele alto de monte tive meu primeiro insight do mundo feiticeiro
e bebi o gosto do infinito.



AS ENTIDADES


Duas coisas me atormentaram a infància: a bronquite e a assombração. Minha mãe e as vizinhas viviam fazendo simpatias, rezas; de vez em quando, em crises compulsivas, eu ia parar nas filas dos hospitais públicos sofrendo pela madrugada. Por que as coisas públicas são sempre pobres e de mau gosto? O ser humano não desenvolvido faz as coisas de qualquer jeito, sem preocupar-se com a qualidade nem com o acabamento. Quantas vezes vi o dia amanhecendo pensando que ia morrer de tanto catarro
e tosse? Um dia tomei uma nebulização e senti como se uma luz falasse comigo que a bronquite terminara. As vizinhas ficaram pasmas atribuindo algumas as simpatias, outras a medicina e outras ainda a um milagre. Minha bronquite, hoje sei, era sobrenatural. Mais além da bronquite havia as assombrações; lembro-se de certa vez ter disputado minha caixa de brinquedo com uma entidade a noite toda. Ela puxava de um lado, eu de outro, até que o dia amanhecesse. Minha mãe costumava levar-me em centros de umbanda longiquos, onde as pretas velhas me benziam com cachimbadas. Num desses terreiros, todo azul e branco, lembro-me que havia uma estrela de Davi desenhada no centro do terreiro. Na hora que fui tomar o passe, senti um estremecimento estranho nas pernas, tive medo de perder o controle, mas consegui controlar-me; porém, percebi que havia uma parte de mim que era ignorada, desconhecida, abissal. Durante longos e longos anos joguei essa experiência para debaixo do tapete do meu ser, pois era muito orgulhoso do meu racionalismo. O sobrenatural, porém,
semore retorna. 2

A BUSCA

Final dos anos oitenta, década de 90
Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após, tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um grau para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina, trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os cabelos pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela comia um lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual que vivenciarámos. Ela disse-me: -- O ser humano não é feliz porque é mesquinho. Aprenda isso, Frater. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou de frente com a verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase todas es esquinas que passo, aqui e além. 3


O MOSTEIRO 5


Nessa busca em achar um caminho que fosse puro, que levasse-me de verdade a manifestações do puro espírito de Deus, ingressei em várias outras instiruições e doutrinas na esperança de formar uma síntese ilumidada e `O caminho" encontrar no "caminho". Meus estudos e investigações levaram-me a descobrir uma corrente tradicional que não pode ser maculada nem corrompida pelo elemento humano, pois é toda guiada no Espírito Santo e nos sinais divinos; porém, como não tem sede não é nada fácil, sequer, encontrar um membro da Tradição e fiquei buscando durante anos um contato, além de pedir a Deus em minhas preces. Anos de busca após, vi pelo google uma pessoa ligada ao movimento comunhão e libertação da Igreja Católica disposta a dar informações sobre o lado secreto e místico dos templários. Chamava-se Miguel, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo. Era professor de cabala e palestrante. Deixava um email de contato e assim começamos a conversar.

Inicialmente, Eu e Sara saíamos como amigos íntimos e falávamos todos os dias, ela me ligando até três vezes ao dia. Nos conhecemos através de uma rede social no qual eu usava um codinome de Anjo e não havia minha foto, apenas a do Anjo Roxo que “dizia se alimentar de prana”. Ela estava na comunidade “Vivendo de Luz” e era, aparentemente, uma menina grande e desengonçada, com um sorriso simpático e passou-me um pensamento estranho que “ela nunca teria chance comigo”. Paguei caro ter pensado isso. Pessoalmente, foi a mulher mais linda que já achei e amei, com seus imensos cabelos castanhos, seus um metro e setenta e quatro de um corpo absolutamente perfeito, branco e róseo que conheci e beijei , cada centímetro, perdendo totalmente o controle de mim como nunca antes. Quando dei por mim, estava apaixonado e já não me bastava mais nossa relação de “amiguinhos”. Pedi então ,numa noite depois de ter muito refletido o dia inteiro, que ela não me procurasse mais, nem por telefone. E, nessa mesma noite, tive pesadelos terríveis. Achei tudo muito estranho... pior mesmo, foi que ,no dia seguinte, e nos outros mais três dias após esse pesadelo, parei misteriosamente de comer. Claro que ela não parou de ligar-me e tive que aceitar a ajuda que ela me oferecia, pois já não conseguia mais sair da cama. “Quem mandou pedir o divórcio”? , Ela brincava. Dias depois, começamos a namorar e tivemos de início aquela felicidade inevitável: três dias sem sair da cama fazendo amor, dvds, pipoca, banho juntos que ela me convidou a tomar dizendo que marido e mulher tinham que ter intimidade, massagem, sorrisos, beijo no ponto de ónibus, saudades na hora da separação, planos de casamento, madrugadas em claro ao telefone e ,claro, as promessas que ela me fazia de que iríamos ficar muito tempo juntos, que ela sentia claramente isso, que nosso caso duraria anos. Evidente que aquela idéia de ficar para sempre perto dela era a mais feliz para mim. Eu a amava mais que minha vida e fiz dela meu pedacinho de Deus. Porém, logo começaram as chamas do inferno entre nós...

A primeira tarefa que Miguel mandara-me fazer era liderar um grupo de estudos ocultos e indicou-me um jovem de vinte e cinco anos, Flavio, e uma mulher de dezenove,Cintia, sendo que com essa mulher o trabalho sempre foi de conversas online. Já Flavio passara a vir em minha casa as quintas-feiras, quando trabalhavamos durante uma hora ritual da seguinte forma: abriamos os trabalhos com uma prece de abertura, acendiamos uma vela, um relaxamento com música, estudo do livro meditações dos arcanos maiores do taró (ed Paulus) e comentários, estudo do evangelho de João e partilha, novo relaxamento, prece de encerramento e eu anotava tudo com data e hora numa espécie de ata; depois conversavamos sobre negócios, mulheres, jogavamos cartas um para o outro. Acredito que subjetivamente aprendi muito com esse trabalho.
O caminho da verdade e do poder do espírito está completamente fechado as pessoas que não possuam qualidades para alcançá-los. Quem estudar com cuidado o evangelho de João verá que o "espírito do mundo" não pode conhecer a verdade. Depois que comecei o trabalho espiritual com Miguel percebi claramente que a porta da excelência é muito extreita, pois exige a superação do humanismo. Os pretendentes a magos, e são milhões, ficariam muito frustrados, por exemplo, se fosse dito a eles que teriam que praticar em seus lares por vinte minutos diários, duas vezes ao dia, a Oração Centrante ou a Lectio Divina. Sem amar a Deus, esse caminho da Tradição é impossível de ser percorrido. Muitas vezes eu fiquei de intermediário entre candidatos que queriam "conhecimento" porém todos se mostravam muito inteligentes "explicando"
o universo; para ser de Deus, necessário
se faz por as coisas celestes como prioritárias,
purificar e transformar a mente e o espírito
nas prioridades mesmo do ser; só após esse trabalho preliminar,
a dama do lago começa a aparecer.


Morei durante lomgo tempo perto da Quinta Da Boa
Vista, onde ia pouco durante o ano . Porém, com o tempo reparei que sempre que ia lá e sentava-me perto de um dos lagos, um pássaro branco seguia-me. Isso ocorreu quase uma dezena de vezes, quando eu levava moças para passear comigo. Percebi que era um padrão mágico da minha vida. Numa das primeiras vezes que Flavio foi lá em casa, eu convidei-o a ir ao parque comigo, pois queria fazer determinadas praticas da Tradição dos magos brancos com ele. Ele foi a primeira pessoa que contei sobre minha relação mágica com o pássaro, pois negava até para mim mesmo que o fato acontecia. Era extraordinário demais. Como porém nossa relação era pautada pelo código dos cavaleiros de Perfeito Amor e Perpeita Confiança, abri um pouco do meu coração secreto para ele. Quando chegamos ao Lago ele perguntou-me:
-- E ai, será que seu amigo vem hoje? - Perguntou-me.
Eu já estava sentado na grama com as pernas em posição de meditação.
-- Ele não costuma falhar, não. Vamos ver. Flavio, faz o seguinte pra mim. Fecha os olhos, respira fundo durante um minuto, prende durante um minuto, depois solta. Faça isso dez vezes, por favor.
Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.
-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o Ioda.
-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.
Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar para as pessoas.
Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.
Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.








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