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Cartas-->Carta a José Dirceu -- 31/10/2005 - 12:53 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta ao Deputado Zé Dirceu

por Geraldo José Chaves (*) em 31 de outubro de 2005

© 2005 MidiaSemMascara.org


Brasília, 22 de outubro de 2005

Senhor Deputado Zé Dirceu,

São quinze horas e trinta e sete minutos do dia vinte e dois de outubro, quando, depois de tomar conhecimento de sua entrevista, decidi escrever-lhe esta carta que, espero, ajude-lhe a se convencer de que não há mais espaço para o senhor na vida pública brasileira. Aliás, o povo tem aprendido a rejeitar aquelas pessoas que só lhe causam problemas. É um sentimento cada vez mais presente, mais forte e que se renova dia-a-dia.

Agora, os brasileiros estão se dedicando mais ao estudo da história e procurando conhecer melhor aqueles que a honraram no passado, mas também a identificar os que a envergonharam.

Neste ponto, merece registro o fato do senhor sempre dizer que seu passado foi de intensa luta contra a ditadura. Vejamos: em 1969 o senhor foi preso. Após ser libertado, juntamente com outros, em troca da vida do embaixador americano, Charles Burke Elbrick, seqüestrado por terroristas, perdeu a cidadania e foi banido do país exilando-se em Cuba, onde viveu pendurado nas barbas de Fidel Castro.

Antes da anistia, retornou clandestinamente ao Brasil, onde se submeteu a uma operação plástica para mudar de rosto. Essa mutação facial lhe obrigou a adotar uma nova identidade. Com a anistia, pôde reassumir seu verdadeiro “eu” e voltar à sagrada condição de cidadão brasileiro. Portanto, não consigo entender que tipo de luta o senhor travou contra a ditadura.

Mas, se o senhor gosta tanto de lutar contra ditaduras, por que não combate a de Fidel Castro, que é a mais cruel e tirana que o ocidente já conheceu? O senhor projetou para o Brasil um modo de vida que nós abominamos, e já demonstramos isso em tempos não muito distantes. O senhor foi testemunha.

Essa história de cubanização do país, de partido único acima mesmo até do Estado, caro Deputado, é coisa de idiota; de quem anda na contramão dos acontecimentos; de quem acredita que exala perfume do túmulo de Lênin ou de quem se inebria com o fedor da “era Stalin”.

Depois do fracasso retumbante de seu projeto, o destino pregou-lhe essa peça: ser defenestrado da política, com a consciência carregada, sem glória, sem honrarias, sem despedidas festivas, sem presentes, sem nem mesmo poder brandir a adaga de sua imperial arrogância.

O senhor mesmo sabe que, se não houver mutretas, se o Supremo Tribunal ou a Câmara não resolverem “passar a mão na cabeça” (na sua cabeça), a cassação será apenas uma questão de dias. Basta apenas esperar que se esgote a cartilha de manobras, de “trutas” e subterfúgios de seus “cumpanheros”. Na verdade, eles estão apenas prolongando a sua agonia, porque se o corporativismo prevalecer hoje, amanhã o povo fará justiça.

O que os brasileiros ouvem, agora, não são mais os arroubos de arrogância do antigo todo-poderoso “Primeiro Ministro” do governo Lula. O que os brasileiros sabem, agora, é que o senhor é acusado de ser o chefe e mentor da maior rede de corrupção e falcatruas que já se montou no país. Teria sido isso o que lhe ensinou o Serviço de Inteligência de Cuba - que o senhor considera o melhor do mundo?

Não sei se, sem as tetas da “viúva”, a vida lhe será leve; se voltará para a clandestinidade - possivelmente com uma outra cara e talvez até troque de nome com o Delúbio - ou se tomará a acertada decisão de se tornar cidadão cubano. Se a sua opção for por esta última alternativa, faça-o logo, enquanto “El Comandante” ainda está vivo, circunstância que, por certo, lhe facilitará a obtenção da cidadania ilhoa.

Aqui, ficaremos todos chorando e nos lamentando pelo senhor ter demorado tanto a tomar tal decisão. Por favor, vá! Poupe o país de mais sofrimentos! E pode ficar certo, caro Deputado, o Presidente Lula e os demais “cumpanheros” baterão palmas, pois todos eles querem vê-lo pelas costas, o mais rápido possível.

O governo já lhe abandonou. Vou lhe dar uma indicação: por ocasião da votação do confisco de onze por cento dos proventos dos aposentados em favor da Previdência Social, o governo, que não cumpre o que diz, abriu as burras e os entreguistas de primeira hora saíram com suas cuecas empanturradas. Para eleger Aldo Rebelo, a história se repetiu. Foi outro festival de cuecas cheias. E haja cueca!

O seu julgamento pelo Conselho de Ética está previsto para o dia nove de novembro. Bem que o governo poderia... não é mesmo? Mas não será assim. O governo não moverá uma palha para lhe salvar.

Se preferir ficar por aqui, certamente irá se beneficiar da aposentadoria que o Legislativo concede a todo parlamentar, mesmo que ele renuncie ou tenha sido cassado. E quando chegar a sua hora, poderá morrer abraçado a Zé Genoíno ou a Dilma Roussef, sua “companheira de armas”.

Se Lula da Silva resolver declarar o nome de quem o traiu, o senhor ficará muito mal na história. Mas, se acha que estou enganado, por que não pede, publicamente - em nome da verdade, da sinceridade, da dignidade e da amizade - ao Presidente Lula que diga quem são os traidores?

O senhor tem se esperneado para tentar escapar da cassação. Tem usado a sua verborréia para atacar todo mundo no Congresso, como se todos fossem mentirosos, e o senhor, o único dono da verdade. O senhor só não jogou pedras no principal e maior de todos os responsáveis pela sua desgraça: Pedro Álvares Cabral.

Em sua entrevista, o senhor criticou o Deputado Júlio Delgado de ter omitido, no relatório, o depoimento de Zé Genoíno que negou sua participação na engenharia da corrupção. Ora, o Deputado Delgado sabe perfeitamente que quem trai amigos e mente não tem credibilidade. Ainda em sua entrevista, o senhor afirmou que o Deputado relator usou de “jurisprudência falsa” em seu relatório. Quanto a este detalhe, eu me calo. Não tenho condições de discutir falsificação com o nobre parlamentar. Faltam-me conhecimentos técnicos sobre o assunto.

Curioso é que, em sua defesa, todos os seus argumentos são calcados em declarações de pessoas “absolutamente isentas e desinteressadas do processo”: Zé Genoíno, Marcos Valério, Rogério Tolentino, Delúbio Soares, Roberto Marques, Luiz Manzano, Valdemar Costa Neto, Duda Mendonça etc.

Em sua entrevista, o senhor disse uma frase que me chamou a atenção: “Pensar que o PT vai desaparecer da história política do país é um erro” (sic). Neste ponto estamos de acordo. Eu também acho que o PT não vai desaparecer... por agora. Durante algum tempo, seremos incomodados com o odor fétido que exala de suas entranhas, prematuramente apodrecidas pois, afinal de contas, o PT foi o grande escritório onde tudo foi planejado, desde a venda da dignidade partidária às FARC (denúncia publicada pela revista Veja, que circulou na terceira semana de março deste ano) até a montagem do mais engenhoso esquema de lavagem de dinheiro público, não sem antes fazer um “stop and go” calculado e estratégico na prefeitura de Santo André, para solução de “problemas emergentes e não planejados”.

Por várias vezes, durante sua entrevista, instado pelos jornalistas, o senhor se recusou a falar sobre o caixa 2 do PT, afirmando, textualmente: “não sou ingênuo e sei que qualquer comentário sobre o assunto pode ser usado contra mim”. Concordo. Os anos vividos na clandestinidade, quando Zé Dirceu não era Zé Dirceu, lhe deram um invejável cabedal de esperteza!

Tenho ouvido dizer que o senhor é um homem rancoroso e vingativo. Não o temo por isso. Não o temo porque sou uma pessoa honesta, respeitadora das leis, cumpridora de seus deveres, que nunca viveu na clandestinidade e nem se ocultou em identidade falsa para fugir da justiça, sob a alegação de que assim o fizera para não ser morto pelas “forças da repressão”. Ora, se as “forças da repressão” tivessem alguma intenção de tirar-lhe a vida, o teriam feito por ocasião de sua prisão. Temo, sim, pelos males que o senhor e seu grupo ainda possam causar ao país e ao povo.

Por favor, satisfaça-me uma última curiosidade: se Roberto Jefferson mentiu, por que o senhor deixou a chefia do Gabinete Civil? E não me diga que foi para preservar o governo. Por que tantos expoentes da “estrela cadente” já desistiram do Partido e outros renunciaram ao mandato?

Bem, é chegada a hora de nos despedirmos. Sou cristão. Como tal, peço a DEUS que lhe perdoe por todas as suas falcatruas, lhe abençoe e lhe conceda a graça de morrer em paz.

Adeus, (ainda) Deputado Zé Dirceu, até nunca mais!


(*) O autor é Delegado de Polícia Federal aposentado.




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