Ela saía do banho cheirando sabonete Gessy. Cabelo molhado todo cacheado, feito talharim com cólica renal. Sempre descalça, unhas pintadas de cor-de-rosa, um vestido fino, quase transparente, com manchas d água.
A pele, de canela e úmida ainda, era coisa de se morder. Quando se abaixava para encaixar as tiras no meio dos dedos, eu tinha vontade de pular pela janela gritando: - Shazan!
Mamãe devia perceber o terremoto que ela causava na prole, por isso sempre apressava a despedida: - Vai com Deus! Estou cheia de coisa pra fazer.
E não adiantavam nossas súplicas, mesmo trazendo uma camisa que ela "esqueceu de passar e eu preciso pra amanhã". Era adeus mesmo. Só na próxima semana. A fila do banheiro era disputada...
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