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Artigos-->POR UM FIO -- 06/07/2003 - 10:25 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POR UM FIO

J.B.Xavier





Na prática a teoria é outra, já diziam meus professores, alertando-me para o fato de que não deveríamos tentar implantar o que aprendíamos exatamente da maneira como elas nos eram ensinadas.



Digo o mesmo para o Presidente Luis Inácio. Estou sumamente preocupado com a direção que o chefe da nação - danação? – está imprimindo ao seu governo. Nunca fui petista, nem comunguei jamais com os métodos do partido, porém isso já não tem significância alguma. Como voto vencido, resta-me integrar-me aos que venceram para tentar fazer o Brasil estabilizar-se econômica e socialmente, integrando-se ao contexto mundial.



Entretanto, por mais que me esforce, fazendo minha parte de cidadão comum, ou seja, trabalhar com honestidade e pagar meus impostos, vejo que isto não é suficiente, posto que estruturalmente não há o menor indício de que algo esteja realmente se modernizando no país. Notem que usei o termo “modernizando” e não “mudando” como gosta de dizer nosso presidente, porque mudanças não significam necessariamente modernização. Ao contrário: corre-se o risco de mudar para pior!



Volta e meia ouço, de algum cidadão inconseqüente, incitações à violência, com frases do tipo “enquanto não correr sangue neste país, nada mudará!” ou “O povo deveria ir para as ruas e arrebentar com os ricos”



Essas manifestações de violência sempre estiveram presentes entre algumas parcelas da população, porém essas parcelas sempre foram uma minoria. Entretanto, o simples fato de ela existir, já me põe alerta e preocupado, porque sei que a violência é um monstro autofágico que se alimenta dela própria.



Décadas – ou talvez séculos – de ostracismo político, de descaso das elites, de irresponsabilidade pura e simples dos governantes, levaram o Brasil ao limiar de um novo milênio repetindo velhos chavões anacrônicos.



Incompetente como nação, desestruturado política e socialmente, o país tenta desesperadamente não ficar no pelotão de trás, no desfile da história.



Para que não digam que sou um pessimista consumado, lembro que há um Brasil que dá certo, mas ele está quase todo restrito às atividades encabeçadas pela iniciativa privada, quer seja através de empreendimentos industriais e comerciais ou com mobilizações populares, através das mais variadas ONGs.



Apesar dos entraves legais e burocráticos, causados pelo governo, estes setores tem, aplicando a criatividade pura e simples, conseguido os resultados que são, ao final das contas, as credenciais que o país apresenta no exterior.



Mas - ainda mais grave - a esperteza política imediatista, a falta de visão de longo alcance – tanto no tempo quanto no espaço – acumulada por eras de insatisfação popular transformaram o Brasil num barril de pólvora, e o levaram às portas da intolerância social.



Sendo um país culturalmente ordeiro, essas manifestações nunca encontraram eco, ou suporte para se desenvolver, seja por falta de recursos, seja por falta de um elemento catalisador. Isto não significa que elas são menos importantes. Significa que elas são o atrito social de cujo calor pode muito bem eclodir a faísca que fará explodir o paiol, desde que se estabeleça as condições ideais de temperatura e pressão.



Num ensaio por mim publicado entitulado: A Origem da Violência (vide a íntegra em http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=1219&cat=Ensaios )

digo, no parágrafo de abertura:



“Demonstra a História – e ela o faz cotundentemente – que os abismos sociais acabam por derrubar impérios. Ricos e pobres sempre existiram e sempre existirão, mas sempre que a diferença de poder aquisitivo entre ambos ultrapassa certos níveis, o sistema volta-se contra si mesmo e começa a se destruir, num processo autofágico difícil de ser contido e geralmente com conseqüências devastadoras.”



Acostumado a inflamar massas humanas para reivindicar contra o sistema, nosso presidente utiliza as mesmas ferramentas para tornar crível seu governo.



As condições ideais de temperatura e pressão para a mobilização de massas, no tocante aos aspectos técnicos já existe. Lula tem á mão não mais um simples megafone, ou um caminhão de som, mas toda a mídia nacional, e uma parte da internacional.



Carismático, absolutamente identificado com o popularesco, o Presidente Lula fala às massas, como se o país fosse um imenso pátio de uma montadora. Apaixonado pelas próprias idéias e inebriado por ter à mão o poder há tanto perseguido, Lula, promete às camadas sociais menos privilegiadas - com as quais se identifica totalmente – coisas que são por natureza difíceis de acontecer rapidamente. Ao faze-lo, ele aumenta as expectativas a cada novo discurso, aumentando assim, a pressão sobre seu próprio desempenho.



Arrebatado também ele pelas próprias palavras, Lula aparentemente não se dá conta de que está sentado sobre o Barril de Pólvora Social Brasil, tendo a mão o fósforo do arrebatamento popular.



Consciente de que é o elemento catalisador que faltava para que a mistura das várias expectativas sociais do país se tornem homogêneas e consistentes, ele parece não perceber que essa mistura é altamente explosiva e pode se tornar letal, se o fósforo do arrebatamento for aceso pelo desapontamento popular diante da frustração de suas expectativas.



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