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Artigos-->CONDENADOS À LIBERDADE -- 28/06/2001 - 02:15 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONDENADOS À LIBERDADE

J.B.Xavier









O que é isso companheiro? Esta frase do livro de Gabeira, me ocorre a todo instante, quando vejo as reações das pessoas ao meu redor. Seja no trânsito, onde o mesmo indivíduo que gentilmente me avisa que a porta de meu carro está aberta, me xinga freneticamente se estou à sua frente mais devagar do que deveria, seja na família,onde cada qual vai para seu aposento,de onde só sai às vezes, para o jantar.



Minha percepção das coisas ao meu redor me diz que, de uns tempos para cá, está cada vez mais difícil ser feliz! Estatísticas mostram que em alguns países o número de separações supera o de casamentos!Estaremos assistindo ao nascimento de um novo tipo de felicidade, ou será a infelicidade que mudou de cara?De uma maneira ou de outra, estamos confusos num mundo que está, admitamos, transformado, em relação a poucos anos atrás, e transformando-se ainda, num ritmo que já não temos certeza de poder acompanhar.



Trancados que estávamos pelas cercas de arame farpado dos regimes de força, de repente, estamos condenados à liberdade.



Lembra-me o passarinho que, após anos na gaiola, vacila diante da porta aberta, em dúvida sobre o que fazer com todo o espaço à sua frente. Lembra-me também os cães que perseguem a roda do carro e, quando este pára, não sabem o que fazer com ela. Cheiram-na, rodeiam-na e, desconfiados, vão embora “disfarçando uma possível estupidez” – como diria Raul Seixas.



Como eles, estamos vacilantes diante das possibilidades à nossa frente. Possibilidades impensáveis há poucos anos. Quem poderia imaginar que um dia seria possível colocar nossas idéias disponíveis simultaneamente em todo o planeta, através de uma coisa chamada internet, a custo zero?



E agora, o que fazer com ela?Cada um de nós está tentando prever o que nos espera no futuro, porque isto sempre foi necessário para que pudéssemos nos preparar previamente. Era mais fácil no passado, quando sabíamos que tínhamos que aprender datilografia, porque em algum ponto do futuro algo relacionado a ela nos seria solicitado. As tendências eram bem delineadas e, assim, ainda que em grandes linhas, podíamos prever o porvir e nos preparar para ele. O mundo se assentava em pilares bem definidos e a palavra “virtual” tinha outro significado.



Para visualizações de futuro mais elaboradas, havia futurólogos profissionais, uma função até há bem pouco tempo bastante valorizada.Há milênios, em todas as culturas e civilizações, as pessoas recorreram aos videntes e cartomantes. Guerras foram vencidas e perdidas e o curso da história foi várias vezes alterado por influência de oráculos e magos de todo tipo. Merlin, Nostradamus, o Oráculo de Delfos...



Modernamente, após o advento da produção em massa, esses magos mudaram de nome, chamam-se hoje Consultores, e já não produzem mais poções mágicas ou murmuram fórmulas secretas. Seus instrumentos são agora as planilhas de cálculo e as fantásticas projeções que elas permitem.



Quando constrói uma ponte, o engenheiro será para sempre lembrado, se ela cair, e para sempre esquecido, enquanto ela estiver de pé. Estranho paradoxo, esse, que exige que, para ser eficiente, é necessário cair no esquecimento.



Contrariamente, a vantagem de ser consultor e mago e poder “ver” o futuro, é que os clientes raramente lhes atribuem culpa pelos erros nas profecias, mas lhes atribuem todo o mérito pelos acertos. Isto porque a mania do ser humano de brincar de Deus está profundamente enraizada desde os primórdios da existência de sua consciência.



Enquanto isso, aqui embaixo, os homens criam suas próprias regras: Se a ponte cair, o governo local apressa-se em retirar-lhe o nome da pessoa famosa com o qual ela foi batizada. Se, ao contrário, ela permanecer de pé, é possível prever que, no futuro, não ouviremos mais falar dessa tal pessoa.



Assim, segundo pesquisas da OMS, embora vivamos 40% de nosso tempo no passado, e 10% no presente, o que nos preocupa realmente são os 50% restantes de nosso tempo, que reservamos ao futuro.



Vivemos constantemente no instante seguinte, no minuto, hora, dia, mês ou ano seguinte. Não temos consciência do aqui e agora, mesmo sabendo que o aqui e agora é, de fato, a única coisa de concreto que possuímos.



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