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Artigos-->Clones e Fitas: os fins justificam os meios -- 27/06/2001 - 10:08 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Num sábado desses à noite passou um filme

na Rede Globo, “Clone”, no qual se conta

a estória de um óvulo fecundado por uma

Empresa de Manipulação Genética americana

(todos os filmes que tratam do assunto

são norte-americanos) para atender a uma

desesperada mulher em busca de ser mãe.

Do embrião foram feitos doze clones, indo

parar cada qual dentro de doze barrigas

diferentes.



A criança gerada a partir do

embrião “original” veio a morrer quando

tinha oito anos, afogada. A mãe,

empregada da tal empresa, ao descobrir um

bilhete no qual estava escrito o nome de

uma cidadezinha turística e um nº

qualquer numa rua do lugar foi até lá,

levada pelo instinto maternal e sexto

sentido feminino, coisas exclusivíssimas

das mulheres.



Observando uma loja de conveniências

indicada pelo nº do bilhete, quase

desmaia ao ver uma criança, pelo seus

nove anos, saindo da loja, sorrindo e

falando com outros dois amiguinhos. Era a

cara do seu filho morto. Ali começava sua

luta por descobrir o mistério. Como

poderia haver uma criança idêntica ao seu

filho?



Embaraçada, foi à Empresa, falar com o

cientista que fecundou os óvulos,

perguntando se, por engano, uma outra

mulher havia recebido um desses óvulos,

tendo gerado um irmão gêmeo.

A resposta foi negativa. Investigando por

conta própria, ao saber que a mão da

criança idêntica ao seu filho foi tratada

pelo mesmo médico, colocou na WEB uma

foto de seu filho. Qual não foi a

surpresa ao receber vários e-mails, todos

respondendo à mensagem, com outras

mulheres perguntando: “como você

conseguiu a foto de meu filho?!”



Ao receber um prêmio em função de sua

contribuição para a ciência, na área da

genética, o cientista foi desmascarado,

quando todas as famílias levaram seus

filhos clonados à cerimônia. O médico foi

preso, e a mão original contentou-se em

saber que havia filhos seus felizes por

todos os EUA.



A explicação do cientista para a prática

ilegal, condenada por todos os códigos de

conduta médica, foi que as experiências

feitas a partir daquela clonagem, que o

permitiu, em outra experiência, criar

órgãos a partir de uma mesma célula,

iriam possibilitar a substituição,

sem qualquer risco de rejeição, de órgãos doentes na pessoa

de cujas células foram criados. E isso,

reiterou, era um enorme avanço da ciência

em favor da humanidade, que salvaria

milhões de vidas. Aliado à conduta anti-

ética desse “bem-intencionado” cientista,

estava muito interessado nas pesquisas o

dono da Empresa, que investiu bilhões de

dólares, e, óbvio, queria a recompensa

que a venda de órgãos, num futuro próximo

quando as leis permitissem esse tipo de

comércio, propiciaria.



Esse resumo um tanto desajeitado, dado

que não sou crítico de cinema, é o pano

de fundo para o caso da utilização de

gravações clandestinas de conversas,

verdadeiras ou montadas, pela revista

ISTO É. A revista lança mão dos mesmos

argumentos do cientista da nossa estória.



Com a suposta boa intenção de informar o

público, a revista jogou no lixo o

conceito de ética jornalística se aliando

ao submundo das escutas clandestinas,

algumas das quais sob sérias suspeitas de

terem sido forjadas nos diálogos, uma

cena armada para atingir alguém que

contrariou os interesses daqueles que

mandam na revista.



Se a lógica segundo a qual os fins

justificam os meios para se atingir

determinado objetivo é o que norteia as

ações da ISTO É, a revista pode se

preparar para as conseqüências, e a

primeira delas é o choque na

credibilidade. É perigoso colocar em

risco esse conceito por objetivos tão

pequenos. Enquanto os interesses de

Orestes Qüércia em sua pretensão de ser

governador de São Paulo não encontravam

resistência alguma, muito bem. Bastou que

Jader Barbalho se posicionasse a favor de

Michel Temer que o senador paraense

tornou-se persona non grata, e todo o

escudo armado pela revista para protegê-

lo da saraivada de balas que a

concorrente VEJA sobre ele despejava

desapareceu como por encanto. A própria

ISTO É, súbita guardiã da moralidade

pública, preparou uma bomba e jogou no

colo de seu antigo protegido. Estranho,

não?



Essa análise pode parecer superficial. Vá

lá que seja; não sou jornalista. Sou

apenas um estudante de Letras. Alberto

Dines pode falar da questão com mais

profundidade. Porém creio que na essência

as perguntas minha e a que deduzo de seus

artigos se igualam: jornalismo sério,

imparcial e independente convive

harmoniosamente com a ética? Que a ISTO É

responda.



P.S., inobstante o uso das fitas, sou

plenamente a favor de que as denúncias

contra Jader sejam rigorosamente

apuradas, e que, confirmadas, seja ele

punido exemplarmente - cassação, prisão,

o que seja, para que os brasileiros ainda

possam acreditar nos políticos enquanto

representantes legítimos dos anseios da

população miserável e abandonada pelo

Poder (político e econômico).

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