CÁTEDRA
Voluptuosa agente da íntima festa
que se revela à luz da inteligência,
porque não considerá-la uma ciência,
a Poesia, seiva de grei e gesta?
Se da lusofonia é a manifesta
seara da harmonia, deusa das paixões,
companheira idílica de Camões,
o que lhe faltará pois ao que lhe resta?
Se em seu nome milita o que não presta,
se acoita anódino o pó do vulgar,
porque recusar-lhe cátedra legal?
A Poesia, além de trave mestra,
alavanca sublime, é a modelar
madre do entendimento universal!
António Torre da Guia |