Na última quinta-feira, no caderno de Turismo da Folha, saiu uma bela reportagem sobre a cidade de Joanópolis, a autodenominada “capital internacional do lobisomem”. A cidade fica perto de Atibaia, e antigamente chamava-se Curralinho. Alguns moradores locais decidiram criar uma lenda para atrair os turistas e inventaram que os lobisomens são muito comuns na cidade. A idéia deu muito certo e foi daí é que surgiu a capital do lobisomem. Hoje a cidade vive lotada de turistas que vêm de longe para conhecer o bicho, conversar com ele e, se for noite de lua cheia, morrer de medo dele em alguns hotéis e pousadas que oferecem, em noites de plenilúnio, caminhadas noturnas assustadoras. Os que já enfrentaram essas caminhadas dizem que é tudo muito apavorante, porém inesquecível. Alguns malandros se aproveitaram da lenda local para assaltarem, disfarçados de lobisomem, um banco da cidade. Mas os trouxas logo foram pegos pela polícia, uma vez que seus pelos negros e hirsutos vazavam em tufos pelos punhos das camisas e os denunciaram. Os perigosos bandidos eram lobisomens locais, aliás dois idiotas superconhecidos.
Dia desses convidei o Mário Conrado e o Pedrinho Engraxate e fomos passear por lá. O Mário e o Pedrinho aproveitaram e levaram as namoradas. Passamos um longo dia conversando com vários lobisomens. Eles são comuns na cidade e é normal encontrá-los nas esquinas e praças já que são simpáticos e bem treinados. Eles ficam sentados nos bancos da praça principal conversando com os turistas, são licantropos profissionais e competentes.
Um deles nos revelou que a cidade de Joanópolis antigamente se chamava Curralinho —nome que teria despertado um grande interesse nos rapazes de Ponta Grossa, uma cidade do Norte do Paraná. O licantropo desbocado esticou a conversa e revelou que os rapazes vinham em grande número de Ponta Grossa, exclusivamente para conhecerem e checarem as virtudes das moças de Curralinho. Uma completa imoralidade na opinião de muitos. Outros achavam que era pura maldade.
Para concluir, informo que as namoradas do Mário Conrado e a do Pedrinho assustaram-se com a conversa e quiseram voltar rapidamente para Taubaté. Disseram que “por aqui a coisa é bem mais sossegada...”