Usina de Letras
Usina de Letras
176 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62273 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Anatomia de um presidente: FHC, um político comum -- 25/06/2001 - 10:49 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Duas assertivas, uma popular: "a primeira impressão é a que fica", e a outra, um tanto melhor elaborada : "a diferença entre um político comum e um estadista é que o primeiro pensa na próxima eleição, ao passo que o segundo pensa na próxima geração", aplicadas estritamente à atuação do presidente FHC, não se mostraram verdadeiras pelo fato mesmo de ter sido a primeira negada pela não concretização da segunda.



Quando assumiu o cargo de Ministro da Fazenda, no governo de Itamar Franco, FHC tinha a admiração e a confiança quase unânimes do povo brasileiro, robustecidas tanto pela bagagem intelectual quanto pela luta em favor da democracia do sociólogo, cujos posicionamentos contrários à ditadura militar vigente no Brasil o levaram ao exílio.



Ainda na condição de ministro, conduziu um audacioso plano econômico, o Real, cujo sucesso inicial consubstanciado no controle da inflação, levou-o ao cargo de Presidente da República, numa ampla aliança de direita que conseguiu derrotar a candidatura de Lula, sendo mantida durante todos esses anos de governo.



Terminado o primeiro mandato, ainda no embalo do suposto sucesso do plano e dos números oficiais que o sustentavam, Fernando Henrique, em manobra classificada de imoral pela oposição, conseguiu aprovar no Congresso a emenda que lhe permitiu disputar novamente a Presidência da República. Já nesse momento, as primeiras impressões de FHC começavam a desaparecer, dando lugar àquelas que o ligavam a um homem ávido pelo poder, por cuja posse e manutenção seria capaz de negar sua própria história. "Esqueçam o que escrevi", pediu ele a todos que apontavam as evidentes contradições entre o discurso do sociólogo e a prática do presidente.



O homem a quem os donos da história precipitadamente anunciavam como um grande estadista revelou naquele momento os primeiros indícios de que se tratava na verdade de mais um político comum, desses que esquecem todos os discursos anteriores, adotando comportamentos incompatíveis com aquilo que, em essência, condenavam. FHC, segundo opinião da oposição, ou melhor, de parte dela, em um manifesto do PT, é do tipo de pessoa que "adapta seus discursos e suas pálidas convicções às conveniências do momento".



Tal resposta do Partido dos Trabalhadores decorreu da acusação feita por FHC de que a oposição, em especial o PT, está mantendo um comportamento fascista, pelo qual a democracia corre sério risco de se perder, haja vista que, segundo FHC, a instabilidade econômica e social gerada pelo clima de caça às bruxas instalado na sociedade por seus adversários pode levar à falência das instituições democráticas, com outras conseqüências que o país não deseja e não merece. Esse conflito de posições entre FHC e a oposição tem servido para revelar plenamente a verdade sobre quem é Fernando Henrique Cardoso.



Os últimos acontecimentos não deixam dúvida. Ele é um político comum, fisiológico, oportunista e vaidoso. Tentou adaptar seu discurso quando as circunstâncias assim lhe permitiram. Disse que um político tem duas opções quando uma situação adversa lhe confronta: ou lança mão dos meios disponíveis para superá-la ou cria novos meios. Ele fez a primeira opção.



Os meios disponíveis para enfrentar a crise econômica e social do país foram as alianças espúrias mantidas com os mesmos grupos que sempre se mantiveram no poder, extraindo dele o máximo de privilégios, a aceitação subserviente da imposição de organismos financeiros internacionais quanto às metas sociais e econômicas do governo, a decisão autoritária pela privatização de empresas estatais em áreas estratégicas, ações que, ao fim, revelaram não somente a verdadeira face do presidente como culminaram com a maior crise moral, social e econômica de que se tem notícia.



Os escândalos da SUDAM, SUDENE, Marka, emenda da reeleição, CPI da Corrupção e o APAGÃO (que rimas infelizes!), não são realidades criadas pela oposição, por isso os milhões de brasileiros penalizados por uma política que privilegia os ricos e massacra os pobres devem recusar-se a aceitar que a crítica ostensiva e sistemática daqueles que a contestam seja uma atitude fascista e danosa à democracia.



Se há um culpado, e a História saberá reconhecer, é aquele senhor - e seus aliados - que um dia sonhou ser o homem que mudaria a vida dos brasileiros para melhor, um estadista que pensa nas gerações futuras, porém, revelado um político que mantém os olhos fixos das próximas eleições.

O povo também está, Sr. Presidente!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui