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Cartas-->Carta-desabafo do general Torres de Melo -- 19/09/2005 - 14:17 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O General Torres de Melo, hoje com 81 anos de idade, muito bem vividos, é o autor desta mensagem que estou lhes repassando. É seu desabafo emocionante e que segundo ele mesmo afirma, é uma reflexão que vem de sua alma e que se transforma num verdadeiro exemplo de dignidade, honestidade, caráter e nacionalismo, tão necessário a nós brasileiros.

Ela, sua vida, seu desprendimento, sua entrega a seus semelhantes, em especial aos mais idosos e necessitados, representam um exemplo a ser seguido por toda a minha geração e as que se seguirem.

Precisamos de brasileiros como V Exa. O nosso Exército, com certeza se orgulha do soldado e do chefe TORRES DE MELO.

PARABÉNS GENERAL!

Atenciosamente,

Cesar Augusto Santos Azevedo, (CMG R-1)


***

A DOR DE UM CIDADÃO GENERAL!

Eram 14:05 horas, do dia 26 de julho pp, quando comecei a escrever essas linhas para meus prezados correspondentes que se encontram no meu caderno de endereços, na Internet.

Peço desculpas, mas a REFLEXÃO vem de dentro de minha alma. Pensei muito para encaminhá-la. É um grito de dor e de vergonha de um cidadão de 81 anos de idade.

Acabava de ver à senhora Renilda Santiago, esposa desse Marco Valério, chorar na TV. Fiquei chocado. Uma brasileira humilhou-se e foi humilhada perante toda a Nação. Imagino os filhos vendo a mãe derramar lágrimas, em público, e, pela fisionomia dela, senti que o seu rosto era de uma mãe amargurada. Sou de uma época em que a mulher, como norma, era considerada Deusa.

Estou me apresentando aos que não sabem quem sou. Sou o General Reformado Francisco Batista Torres de Melo. Sou um cidadão brasileiro. Tenho 81 primaveras e na minha vida de militar comandei durante 18 anos. Vi de tudo e inclusive enterrei filhos de soldados meus, mortos pela fome, quando eu estava no comando da Polícia Militar do Piauí.

Comandei a Polícia Militar de São Paulo de 1974 até 1977. Lá, vi o pior, que é a família paulista correndo o risco de ser destruída pela droga. No comando do CPOR de Fortaleza (1970 – 1972) apoiei a UFC em tudo que era possível, desde a arte até ter universitários morando no quartel, pois não tinham o que comer. Fui para a reserva em 1988. Logo depois, fui candidato a prefeito de Fortaleza. Pediram que eu negasse a minha qualidade de militar e de general. Não aceitei. A coisa que mais me honra é ser General do Exército Brasileiro. Perdi, mas lutei com dignidade e vi fatos que degradam a pessoa humana. Fui vereador de minha cidade e ao término merecia respeito de todos, inclusive de adversários políticos de esquerda.

No início do governo Collor (Outubro de 1991) criamos o GRUPO GUARARAPES visando a defesa da soberania e da unidade nacionais, com ordem e progresso, asseguradas por Forças Armadas fortes e unidas, como nossos objetivos. De lá para cá é o que temos feito. Fui nomeado para tomar parte na Comissão Especial de Investigação no governo Itamar Franco. Grandes bandidos foram protegidos dentro e fora do governo, ao final. O novo governo do Sr FHC começou assinando o primeiro decreto, acabando com a Comissão e dando fim aos papeis. Os ladrões salvaram-se, graças ao seu indigno salvador.

Durante quatro anos fui Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Temos o orgulho de afirmar que a salvamos do desastre total. Hoje, sou Presidente de uma Instituição Lar Torres de Melo, (nome dado em honra ao meu pai), que toma conta de 250 idosos, sendo que mais da metade vive em cima de camas, sem mais saber de nada. Temos, ainda mais, a responsabilidade de 93 idosos do programa Conviver. É uma luta de “louco”. Eu sou isso.

Lutei no governo FHC para que o Brasil fosse um país sério. Vi um governo roubando, esfacelando, alienando uma nação e tentando acabar com as Forças Armadas. Queria ser, no futuro, Secretário Geral da ONU e para isso seria até capaz de vender o seu País. Na minha ótica, nunca um governante brasileiro foi tão nocivo aos interesses de nossa Pátria.

Depois, no governo LULA, em que a Nação depositou tantas esperanças, começou a surgir o lamaçal do Mensalão, dos Correios, dos desprezíveis Delúbios, Zés Dirceus, Genuínos, as revelações dos bordéis e cafetinas, etc, deixando-me a pensar em que a minha geração fracassou. Jamais poderia imaginar que a Sociedade Brasileira estivesse tão podre. Lutei e gritei o que pude e vou morrer sem ver o meu País voltar a ser governado por homens sérios e dignos como os formados pelo chamado período militar, dos benditos "anos de chumbo".

A minha revolta chega, quase, às raias da loucura. Quando o GRUPO GUARARAPES, todas terças-feiras, às 1700 horas, reúne-se, tenho vontade de gritar todos os nomes extravagantes que aprendi vivendo essa vida feia que aí está.. Sou contido por ser um GENERAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO, que não pode perder a calma. Mas, como ser calmo se no dia 26 de julho tive um momento de pura dor e hoje me envergonho de pertencer a uma sociedade que está insensível. Milhões de Reais e Dólares roubados e eu lutando, desesperadamente, para salvar vida dos brasileiros de bem e os bandidos soltos, gargalhando felizes na sua impunidade. Pode uma coisa destas?

Ontem, encontrei um amigo. Conversamos e, ao nos despedirmos, comentei com ele a concessão de HÁBEAS CORPUS aos criminosos que estão à larga na Mídia. Ele me perguntou se eu não tinha tomado conhecimento que o instrumento havia mudado de nome. Eu fiquei perturbado. – Agora, general, é HÁBEAS PORCUS. Tinha sido dado aos nobres criminosos: DELÚBIO – VALÉRIO E SÍLVIO e negado à senhora Renilda. Era a mais fraca e, talvez, a que mais precisasse. É a inversão de tudo. Foi preciso que o Presidente e o relator da CPMI fossem até ao STF para pedir que não mais se dessem HÁBEAS CORPUS (PORCUS). Justiça não se pede. Justiça será um direito, quando esse direito tem sentido, na Lei e na Ética.

No dia 27 de julho, fui à Instituição de Idosos que presido e lá encontro duas senhoras. Uma desgraçada chorando e a outra que a tirou da rua. Quando tomei conhecimento da desgraça daquela mulher, produto do roubo dos DELÚBIOS DA VIDA e que têm direito ao tal HÁBEAS PORCUS, fiquei traumatizado. Quanto sofrimento. Resolvi o caso dela e no dia seguinte a encontrei passeando e me perguntou: “eu sou aquela” e riu. Ri também e mais revoltado fiquei, pois os canalhas da República estão soltos. Acabaram com a LBA por lá campear o roubo. Os ladrões estão soltos e o órgão, que era uma realidade, deixou de proteger os miseráveis. No Brasil é assim. Os que ocupam os cargos roubam e os órgãos mudam de nome. Mudaram o nome do DNER. Acabaram com a SUDENE e SUDAM e os ladrões gozando a vida e nos chamando de imbecis. Falsidade, Fingimento, Hipocrisia.

Volto para casa. No caminho paro num sinal vermelho de trânsito e vejo uma mulher sentada na calçada e uma criança magra, com os seus 5 anos, correndo e ainda rindo na sua doce ilusão; e na sua fome evidente. Na carreira que deu ficou atrás de um poste de luz, baixou sua calcinha e fez xixi. Procurou se proteger. Levantou-se e correu, novamente. Tirei alguns trocados e lhe entreguei. O sinal abriu e fui embora.

A revolta pulava no peito. O meu povo não merece isso. Um Presidente da República incapaz e que não tem a coragem de mandar investigar, e ainda encoberta criminosos; e uma Sociedade que não tem a coragem de gritar e pensa que se salvará na hipocrisia do dinheiro.

Não sou esquerdista, direitista, centrista ou algum “ista” qualquer. Sou um brasileiro que trabalhou e trabalha para melhorar o seu País, em benefício de seu Povo. Mas vejo que tudo piora. Cueca com dólares, malas com dinheiro, banco que faz empréstimos para Partido Político com fiadores duvidosos. E um desgraçado aposentado, para comprar remédio e sobreviver, toma empréstimos de pura demagogia pagos com desconto em folha.

Para manter a Santa Casa de Fortaleza, quase que sucumbo. Não chegava o dinheiro. Um dia aparece um Fiscal do INSS nos fazendo uma intimação. Só fiz rir e ele também e foi embora. Não recolhia o INSS para comprar remédio, esperando fazê-lo com atraso, embora quando recebesse os minguados recursos governamentais que sempre atrasavam. Ainda é assim. E o dinheiro saindo aos jorros para os VALÉRIOS DA VIDA. Chega-se ao cúmulo do Ministro da Justiça orientar o advogado dos ladrões do PT (deu nos jornais e não teve desmentido), quando deveria defender a Sociedade e a Nação. Terrível é que continua Ministro e o Presidente da República, por ele tutelado, fazendo comício em porta de fabrica com medo de perder o mandato.

Eu fico a imaginar o que estão pensando de nós no Exterior. Eles não entendem que o Banco Central seja dirigido por um cidadão que tem processo no STF a pedido do Procurador Geral da República, bem como um Ministro que só saiu quase que a força. Pode ser uma coisa desta?

Poderia continuar nessa lengalenga, nessa ladainha ou nessa conversa de lamentações que não teria fim e ainda receber de meus correspondentes uma pergunta: "E Daí?" Só posso dizer que não vou me calar. Vou gritar e estou gritando. Quando na rua me perguntam: E agora general: o que diz? Eu grito bem alto: Sabia-se que eles, em 64 eram bandidos consumados: guerrilheiros, assaltantes de banco, seqüestradores, mas da coisa pública, não. Falo o mais possível alto para que todo mundo possa ouvir. E, sempre, ouço palmas.

E fico espantado com a hipocrisia de tudo o que acontece. Estamos no ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO? Quando falam nos meandros jurídicos, chegam a babar de gozo. Pode a Comissão de Ética da Câmara julgar mais de um deputado de uma única vez ou só um de cada vez? Para onde mandar o pedido de Cassação? Deve ser para o Presidente do Congresso ou para o Presidente da Câmara? E outras "preciosidades" são ditas e ouvidas e alguns procuram nos brocados latinos a sabedoria do direito romano ou citam os direitos constitucionais alemães, italianos e de Bostzuana. É uma graça. Não ouvimos nenhuma pergunta se os mentirosos deveriam de logo ser presos? Se os que tomaram parte na CPMI do BANESTADO deveriam ser também cassados pelo não cumprimento do dever. Ninguém pede a falência dos Bancos envolvidos nas bandalheiras. O caso BANESTADO está com uma pedra em cima. Como só tem bandido grande ninguém arromba o cofre. Se envolvesse um militar, o mundo viria abaixo e ele seria execrado. Todos correriam para dizer que estamos no ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, quando todo povo sabe que estamos no ESTADO DEMOCRÁTICO DOS CANALHAS, DOS MENTIROSOS, DOS SEM CARÁTER.

Para alegria dos comunistas, dos trotskistas, dos maoístas, dos castristas e outras desgraças mais, irei terminar a minha revolta com o que escreveu TROTSKI, quando ainda sonhava na sua juventude:

“Enquanto eu respirar, lutarei pelo futuro, aquele futuro radiante no qual o homem, forte e belo, será o senhor do curso inconstante da história e o dirigirá para o horizonte ilimitado da beleza, alegria e felicidade”!

Não vou perder a minha esperança. Um dia, ainda antes de morrer irei ver na cadeia esses ladrões – não venham dizer que estou abusando de adjetivos, pois, o Carlos Lacerda gostava deles e o estou imitando - os abjetos, os abomináveis, os amorais, os biltres, os canalhas, os crápulas, os cafajestes, os caras-de-pau, os covardes, os cretinos, os cínicos, os debochados, os descarados, os desmoralizados, os depravados, os desprezíveis, os desavergonhados, os devassos, os execráveis, os gatunos, os infames, os falsos, os idiotas, os imorais, os indignos, os impudentes, os larápios, os ladrões, os libertinos, os mentirosos, os mentecaptos, os obscuros, os patifes, os pusilânimes, os poltrões, os pornográficos, os pulhas, os ratos, os reles, os safados, os tratantes, os velhacos, os vis . Estes adjetivos são até inocentes diante de outros que ainda não foram codificados nos dicionários da língua portuguesa. Um Ministro de Estado classificou-os como “corruptos e f.d.p” o que não posso, também, fazer por ser um oficial general. Estou me referindo aos criminosos que estão ligados aos crimes apurados pelas diversas CPMI, onde ressalto a dos Anões, Banestado, Correios, Mensalão, e Bingos.

Ao terminar, só poderei dizer o seguinte: na marcha em que vai o Brasil, chegaremos a uma revolução social com sangue, a não ser que os homens de bem reajam ou todos nós iremos sofrer a desgraça das paixões desenfreadas das massas.

Já ia terminar quando chega ao fim o tão falado reajuste dos militares. Uma vergonha e uma humilhação. Foi dado um reajuste parcelado, como uma esmola e todos calados. A segunda parcela, dos 10% restantes, só será dada em agosto de 2006, ano de eleição – e, por causa disso, alguém vai jogar a lei em cena, para impedir a consumação da segunda parcela.

Parece que estou vendo se aproximar o fim do ano. Estarão pensando no almoço dos Oficiais-Generais das três Forças Armadas que se sentirão constrangidos com a presença de um Presidente da República contrafeito, que, na sua verbosidade de boquirroto, poderá usar outro nome, também pejorativo, para qualificá-los, que não de bando? O pior é que o almoço será pago com dinheiro público, quando deveria ser por adesão, se precisasse haver e houvesse pejo de proporcioná-lo, só porque é uma tradição. Vamos aguardar.

Conclamo a que, onde estivermos, tenhamos a coragem de gritar. Não podemos ficar esperando que só os camaradas da ativa sejam responsabilizados. Nós estamos vivos e pertencemos às FORÇAS ARMADAS. Chega de tanto comodismo. É a hora da luta, de mostrarmos que temos vergonha na cara. Lembre-se que os camaradas da reserva estavam vivos em 64. Ficar em casa é um crime de lesa-Honra, quem sabe, até de lesa-Pátria. Não podemos aceitar que o nosso País seja governado por incompetentes e marginais e mentirosos. É fundamental que os nossos BRADOS não sejam esquecidos. Não há do que nos envergonharmos.

Estou me dirigindo, portanto, aos HOMENS DE BEM DE MEU PAÍS e às minhas queridas FORÇAS ARMADAS.

A Marinha diz: SUSTENTAR O FOGO QUE A VITÓRIA É NOSSA!

O Exército fala: SIGAM-ME OS QUE FOREM BRASILEIROS!

A Aeronáutica exclama: BANDEIRANTES ALTIVOS DO AR!

Não preciso dizer mais nada. Acredito na VERDADE E HONRA DA FARDA .


Fortaleza, setembro de 2005

General de Divisão Reformado Francisco Batista Torres de Melo.


NOTA: O Grupo Guararapes, reunido dia 30.08.2005, tomou conhecimento deste documento-desabafo de nosso Coordenador Geral, Gen Francisco Batista Torres de Melo, e considera que não pode fugir ao dever de se juntar a essa incontestável liderança, com total apoio ao que disse e condenou, na triste contingência da mais enlameada crise política por que este País já passou, que acaba por atingir, por ação ou omissão, os três Poderes da República.





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