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Artigos-->ateísmo -- 25/06/2003 - 12:14 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ateísmo é a condição na qual um homem se afirma descrente na existência de Deus, deuses, ou mesmo de quaisquer “poderes superiores”. Por essa descrença, caracteriza-se pela negação da possibilidade da intervenção divina em qualquer nível da existência: desde a criação, no sentido amplo, à interferência na vida do ser humano, no sentido mais restrito. Um ateu considera que o universo não é criação divina, tendo existido eternamente, ou fruto de geração expontânea, etc. Também, afirmam os ateus, o homem é fruto de uma evolução biológica a partir de organismos primitivos, surgidos há bilhões de anos na superfície terrestre. Nada de criação...nada. Nesse caso, a ciência, como guarda da razão e por ela igualmente guardada, é, para um ateu, o único fórum aceitável, por adequado, para as discussões sobre o tema.



A partir dessa concepção, não há espaço para a mentalidade que se prenda a conceitos teológicos, ou deles derive qualquer comportamento que condicione, molde ou determine as relações que um indivíduo deve sustentar consigo e com os semelhantes. Por isso, para os ateus, não existe qualquer compromisso com o amor ao próximo à vista de uma exigência divina, a cuja desobediência Deus castigará com severidade. Se não existe um Deus Todo-Poderoso, que a tudo criou e mantém, exigindo em função disso obediência, louvor e serviço, não há motivos para que alguém se preocupe em obedecer preceitos religiosos de amor e misericórdia. A ética, o altruísmo, a solidariedade, são frutos da própria consciência que percebe ser impossível a um homem viver sob os auspícios de sua soberana individualidade, sob a anomia que despreza o outro. Portanto, o compromisso de um ateu é com sua própria consciência. E ela que dita as regras a seguir, determina que valores defender e respeitar, que padrões de conduta, ética e moralidade deverão orientar o curso da vida.



Quanto a esses fatos não há o que se discutir, pois cada qual sabe quão bem faz a si mesmo crer ou não crer em Deus e em preceitos religioosos. Porém, quando afirmam os ateus, cujo porta-voz oficial, segundo declarou Sottomaior, é Salman Rushdie, que os cristãos invocam a autoridade divina para legitimar preconceitos, perseguições e atrocidades, incorrem em desmedido erro de juízo.



O cristianismo é a religião fundada por Jesus Cristo, há dois mil anos, tendo absorvido do judaísmo vários conceitos, afastando-se dele, no entanto, nos aspectos cerimoniais da religião judaica. E, contrariamente ao judaísmo que mantinha a mulher em condição subalterna, sem a dignidade e o respeito que lhe são devidos, o cristianismo resgatou a dignidade feminina, valorizando a mulher ao declará-la tão preciosa aos olhos de Deus quanto o homem e mesmo as demais criaturas. E tal respeito e dignidade não têm relação intestina com as condições sócio-históricas do indivíduo. Estão além delas, as quais, todavia, podem ser eventualemte alteradas pela influência do evangelho. Nos textos sagrados em que a escravidão não é condenada há a recomendação para que o senhor trate seu escravo com toda a dignidade possível. Os ateus podem argumentar: há dignidade em ser escravo? Eu lhes respondo: há falta de dignidade em ser pobre, aleijado ou alienado mental? Jesus Cristo disse que nem os loucos errarão o caminho para o céu. Ele quis afirmar que, independemente da condição material em que se encontre um homem, o cristianismo veio trazer a esse homem esperanças que transcendem os aspectos puramente materiais e transitórios do existir. Ou seja, os aspectos jurídicos que permitiam, à época de Jesus, que a sociedade fosse escravista, não eram a preocupação maior de Jesus, e sim que qualquer homem ou mulher pudesse conhecê-Lo e amá--Lo exatamente como se encontrassem, pois o reino de Deus não é comida nem bebida, nem carta de alforria ou a ausência sofrimentos por contigências históricas.



Obviamente aqueles que invocam a autoridade divina para condenar à morte - ápice dos preconceitos, perseguições e atrocidades - certamente não podem ser considerados verdadeiros crentes em Deus, pela simples e óbvia constatação de que não existe nenhum mandamento bíblico para perseguir e matar aqueles que não se submetem aos conselhos de Deus. E as guerras em que Israel vitimou vários povos, no Antigo Testamento, estão absolutamente contextualizadas num momento histórico que em nada pode ser tido como regimental para os fiéis dos dias que a ele se seguiram. O paralelo entre o comportamento do povo hebreu naquele contexto e os povos que hoje lutam entre si por motivos de auto-afirmação nacional provam incontestavelmente que as mortes de egípcios, filisteus, jebuzeus, e de outros povos, não são produtos de uma ação atroz legitimada pela invocação da autoridade de Jeová, senão que são, exatamente como hoje, frutos do momento histórico em que se encontrava a nação judaica em busca de afirmação e sobrevivência.



E se os ateus se consideram felizes em sua condição, os cristãos foram chamados por Jesus de bem-aventurados, felizes. E ser feliz não significa ausência de sofrimentos neste mundo, senão a superação destes a partir do conforto obtido a partir de promessas de continuidade dessa felicidade em outro plano, depois da morte, cujos benefícios são já são aqui vivenciados plenamente por homens e mulheres que alimentam a convicção de que esse estado de felicidade não se prende às contingências da vida, porque vivemos em um mundo em que há fome, miséria e sofrimentos.



Felizes os que têm sede de justiça, sim, felizes são aqueles que compreendem ser todo o sofrimento do mundo a conseqüência de um modo de vida de pessoas em cujos pensamentos Deus é desprezado. A justiça citada por Jesus Cristo não é de natureza social, política ou econômica, mas aquela que tem a ver com o relacionamento entre Deus e os homens, e destes entre si.

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