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cronicas-->2010 - Cine Teatro São Miguel -- 23/09/2010 - 07:48 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
2.010 - Cine Teatro São Miguel

Semana passada: - Puxa vida! Alvarez Kelly no TCM, vou assistir e na hora ouvi minha mãe - Jairinho vá lá no cinema ver se é com o Alain Delon, adoro ele. Mãee é com o William Holden. Só fui assistir o tal do Alvarez Kelly agora. Poltrona beleza e tevê a cabo, mas, o charme ficou lá no nosso cinema. Tem uma foto dele, de dois mil e nove, que eu tirei e está no blog arazãodoarchanjo. Era demais ficar olhando aqueles cartazes, nas molduras próprias, parece que eram três. Quando ele estava fechado, eu me perdia naquela porta meio, lembram, uma espécie de grade - ficava olhando os cartazes lá dentro e imaginando os filmes. Quando você entrava no cinema se deparava com um biombão, cheio de cartazes dos próximos filmes, na frente e atrás. Oi Marinho, duzentão de balas Chita e mais cenzão de balas Chita Menta. Essa bomboniére era mágica, de vez em quando um Prestígio. Atrás dela, durante um bom tempo ficou um cartaz e fotos de um filme Duelo de Titãs, com o Kirk Douglas, não me lembro de tê-lo assistido. Agora não tem mais jeito, meu cinema do coração está novinho aqui comigo.

Devo ter ficado com ele uns dez anos, comecei pelas matinês, com Charlie Chaplin, alguns seriados e Buck Jones. Na bilheteria tinha uma moça, de sobrenome Terra, nunca perguntei o nome. Uma meia, por favor. Óia a carteirinha de estudante. A fila descia ali no caminho da Gruta. Aí, o Pedrinho Ortiz pegava o bilhete, conferia a caderneta e a idade - Entre. Aquelas fotos me seguravam no hall por um bom tempo, só uma ou duas vezes eu vi a fita lá em cima, no mezanino. O gostoso era lá embaixo, pelo meio, perto da porta lateral de saída. Adorei o filme Tentação Morena, com Cary Grant e Sophia Loren. Aliás, as italianas eram demais, uns peitão e natural - Cláudia Cardinale, Gina Lollobrigida, Anna Magnani, Virna Lisi, cada história, só alegria, ainda mais com o Marcello Mastroianni, Alberto Sordi. Tem um, inesquecível, Dio Come ti Amo. A Gigliola Cinquetti cantando no final e o Mark Damon voltando. Choro até hoje.

Nem preciso citar o Roque e o Muchacho Lanterninha, mas, as duas músicas que eu não esqueço: - tana nan nan nan, tana nan nan, tocava e era hora de entrar, no início eu já ficava lá dentro nas primeiras filas. Mais grandinho já entrava com as luzes apagando. Outra - aquela - Dan Dan, Dan Dan - Ai meu Deus, quem morreu, corria a Dona Cida pro lado da Dona Landa e ficavam esperando. O Roque com aquela voz: Faleceu hoje...Fazer o que, era o serviço de utilidade pública. Dava um arrepio. Dan Dan...

São tantos filmes assistidos. Um deles foi O Cangaceiro. Durante muito tempo ficou um cartaz no segundo andar da fachada, acima da sacada, mais de ano, até que marcaram a data. Em duas sessões, isso numa deferência especial. Também, Alberto Ruschel, Milton Ribeiro e Vanja Orico. Na Sexta Santa, era sagrado - Jesus de Nazaré, uma produção dos anos cinquenta, em duas sessões. Todo ano, eu ia na primeira. Adorava. E morria de medo do Barrabás. Teve a fase do Mazzaropi, do Ankito, Oscarito e Grande Otelo, Cyl Farney era tudo de bom e o Vigilante Rodoviário com Carlos Miranda. No dia seguinte, a gente recapitulava tudo lá no campo e morria de dar risada. Fora quando todo mundo virava caubói, claro que na fase dos Spaghetti Western, nada mais que os farvéste com musicão. Era só ficar ali no bar do Januário olhando o pessoal, todo mundo com a mão na cintura, posição de saque e manzalto. Culpa do Clint Eastwood, Giuliano Gemma, Lee Van Cleef e outros - Ringo, Sartana, Gringo e Por um Punhado de Dólares tome bala.

Ir ao banheiro era fundamental, não tinha porque, mas fazia parte. Dos homens, lá embaixo à esquerda. Xixi e cigarrinho. Uns e outros iam pelo meio do filme, que tá tá tá mais chato. Uma vez, nóis tava num monte de cutiara, ali naquelas poltronas, que tinham um espaço maior, perto da porta lateral, todo mundo com feijão nos bolsos prá jogar em cima das meninas. Um dois e já - chuááá, caiu mais de cinco quilos em cima delas e elas gritaram e se levantaram. Pronto, veio o Muchacho e enquadrou, saíram todas , mais o Romeuzinho que deu risada, gargalhou. Os cutiarão, todos santinhos, bem quietinhos. Nem conto quem... Essa eu conto, porque foi injusta. Em setenta, os soldados andavam por São Miguel, aquela história do Lamarca. Eles entravam no cinema e iam ao banheiro dar batida e ficavam invocados. O Carlinhos cruzou olhar torto e não é que levou um tapão. Meu, dói em mim até hoje. Se manda, se não leva outro, arvorou-se todo o soldado. Foi um corre corre.

Por falar em soldado, marcante mesmo foi Os Canhões de Navarone, que lindo, nunca esqueci e assisto toda vez que passa no Telecine. Gregory Peck, Anthony Quinn, David Niven, só fera. É de guerra, mas filmão. Vejam. E passava lá no nosso cinema. Passava também os jornais - Canal 100 e Primo Carbonari, o mais gostoso era na hora dos gols, filmados da altura da grama e em càmera lenta. Lembram das músicas e da locução. Os trailers dos filmes seguintes. Xó xó, todo mundo punha o condor prá voar.

Gostei muito da A Cidadela dos Robinsons, do Disney. Hayley Mills e seu pai John Mills, só aventura, sol e mar. Tem um outro filme, com Sandra Dee, Andy Williams, Robert Goulet e Maurice Chevalier. Sensacional, mas esqueci o nome. Assisti outro dia. A última vez que sentei naquelas poltronas não foi legal, era um filme com Monte Markham, foi triste de ver e de lembrar, o projetor não conseguiu funcionar. A sessão foi interrompida. Levantamos cabisbaixo. Mas isso não mexe com a minha doce lembrança. Lembro muito mais do que contei, até do Miguel Aceves Mejia e do Dirceu de Campos imitando o Ray Charles, aqui eu era pequeninho e eles estavam num show do ginásio. Hoje, quinze de setembro de dois mil e dez, eu posso dizer - Meu Cine Teatro São Miguel!
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