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Cronicas-->2011 - Iguape a pé -- 30/08/2010 - 22:57 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sábado passado, vinte e oito de agosto, que estresse meu. - Edna, vou andar. Me pega lá na padóka daqui uma hora. Subi a Mutinga, peguei a Anastácio, bem arborizada e com um caminho definido pelo gramado; sabe, aqueles "carreado". Fiquei absorto, aumentei as passadas e quando dei por mim estava em Iguape, como se estivesse ido a pé. Aí, me deu uma saudade da caminhada, que nunca fiz. Que coisa, nunca fui à Iguape a pé.

Já fui um monte. De caminhão com meu pai e o pessoal do Rincão. Passei minha lua de mel lá, se bem que a Edna guarda mais o calorão que estava e o fusquinha em que fomos. Voltei várias vezes, com todos os carros que já tive. Pedi e paguei promessas. Outro dia mesmo voltei lá, entrei na Igreja, sentei um pouco e fui beijar o Bom Jesus, sentir seu olhar protetor. No colo da minha mãe estou, em frente à Igreja, procêis verem, bebê eu já estava lá, não sei como fui, a pé não foi. Nos anos sessenta, sentado na carroceria desci a serra e parei na biquinha, atravessei balsas, pontes não tinham, algumas vezes, que bom...

A saudade da caminhada aumenta mais. Fui olhar as fotos que o Orlando e o Miguel do Postal colocam no Orkut, estão lá e são livres. Olhem. Tem a do meu pai com a turma do Wadi, no caminhão Mercedes bicudinho, isso em cinquenta e oito, primeira de muitas, mas não a pé. Uma outra delas tem o seu Alígio, que vai todo ano. Olha, em sessenta e seis ou sessenta e sete, eu estava na torda do cara-chato, no trecho entre Sete Barras e Registro, estrada de chão ainda, quando eu vi ele e o Arani, andando na lateral, só pedregulho, cansados, alegres e brilho só, já na metade do caminho. Ouvi meu pai dizer - É uma promessa do Alígio levar o Arani. Fiquei com vontade de chorar só por lembrar este momento e tenho a imagem dos dois, passo a passo, pai na frente e filho seguindo, com suas mochilas de peregrinos.

Tem uma, em frente a nossa Igreja de São Miguel. Estão o Tula, Calilo, o Góes, o Marivaldo, o Orlando e eu não, me parece em setenta e um. Eles estavam de partida, aquele ar de aventura. O que será que vem aí? Eles foram e viram e guardaram. Gosto de uma outra: sentados em frente a Catedral de Iguape, entre eles, o Toninho Boi, o Ari da Farmácia, o Doutor Mi e o Alígio - ê seu Alígio. Todos com o dever pago. E outra: o Toninho Terra, filho do Trincheira, sem camisa, mais alguns, caminhandos sobre a faixa branca, na contra mão no asfalto, emoldurados por algumas árvores e peito à frente - Já já, chegaremos. Em mais duas, vejo mais de vinte pessoas, o Lázaro Pereira, Severiano, o Nequinho Azanha e familiares, várias mulheres, rostos conhecidos, nomes não lembrados. Eles estão em frente à Igreja, agradecidos e realizados. A maioria em pé, depois de terem ido a pé.

Essa imagem é linda demais; a Soninha Galvão, o Minoru Suekune e mais quatro jovens. Seis, lado a lado, naquelas retas do Subaúna. Meu pai dizia - Fião, nessas retas aí o pessoal sofre. É quente e não tem fim. Mas, a moçada tava firme no chão batido vencendo as retas, estava já faltando pouco. Que foto emblemática. Tem foto de cavaleiros com jipe de apoio. Aqui os cavalos é que vão a pé, ou às patas. Os romeiros sentados. Olha o Calilo de novo, de carro, com mais alguns e uma moto, parados na biquinha. Tomei muita água nessas biquinhas. Estão o Nelsão Apolinário, o Celsinho, o Batata e mais uns vinte e tantos, desculpa não lembrar todos os nomes. São do Pé com Bolha, na lateral da igreja, pessoal de cerne, só vendo. Tem várias do Guéi da Noca, que já andou pelos States e veio pedalar com Jesus. Ele foi de bike sozinho e depois foi de novo com uma turma. O Guéi é rijo. Tem muito mais fotos, uma com a placa Parada dos Romeiros e uma do Altar Mor da Igreja, com Bom Jesus ali no alto, sempre nos olhando.

Eu já tinha essas fotos na cabeça, o que eu não tinha é a saudade dessa caminhada que não fiz. Ela vem me acompanhando desde o sábado passado. Hoje, segunda, trinta de agosto de dois mil e dez, pela manhã disse prá mim: Resolva isso, cara, resolva isso. Parei meu trabalho, resgatei as fotos no Orkut e comecei a escrever, olhando para cada uma delas, viajando com eles. Essa saudade dói. Porque ainda não fui, acho que foi falta de oportunidade, se bem que o Engenheiro Júlio já tinha me falado a respeito, quando ele fez um projeto prá mim em dois mil e cinco. Um dia fui ali nos Balboni perguntar do Parque, vi o Aldo atarefado e alegre, pois estava de partida prá Iguape, ele já foi a pé. Pois é, eu já poderia ter ido também. Essa saudade dói. Eu ainda mato essa saudade. Datei esta crónica como dois mil e onze, pois é o limite para eu resolver essa questão e aceito ajuda.
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