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Cartas-->Perguntas sem respostas -- 05/09/2005 - 09:33 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prezado Flávio

Vou tentar responder as suas perguntas.

Primeiro:

A matéria abaixo é tendenciosa, quando diz: "Em 04 de setembro de 1990, a vala em que foram encontrados os ossos de Flávio Molina, foi aberta. Foram exumadas 1049 ossadas".

Ao todo no livro "Dos filhos desse solo", Nilmário Miranda relaciona 364 mortos. Já o Grupo Tortura Nunca Mais, relaciona 284. Isto para todo o Brasil, inclusive no Araguaia e no exterior. Nesses números estão computados; mortos em passeatas; distúrbios de rua; os casos de suicídio; os acidentes de carro; as explosões acidentais de bombas; os ”justiçamentos” por companheiros; e outros. A matéria omite que, essas ossadas são de indigentes e que provavelmente apenas seis terroristas estariam entre elas.

Segundo:

Gilberto Carvalho Molina, segundo a matéria publicada, afirma que: “as ossadas são realmente do seu irmão...” “Gilberto afirmou que o resultado marca o fim de 34 anos de angústia da família: desde aquela época, até hoje, a tortura que matou meu irmão se prolongou na família.”

Flávio de Carvalho Molina foi preso por agentes do DOI, em 06/11/1971, Interrogado no DOI, Molina abriu um “ponto de polícia” para o dia seguinte, na rua Pedro Marchetti , esquina com a rua Xavier de Almeida, às 1300 horas. Nesse tipo de “ponto”, previamente combinado com a organização, o preso com sua presença, queria que seus companheiros tomassem conhecimento de sua prisão e, caso tivessem condições, tentassem seu resgate. Era uma situação de alto risco tanto para eles, como para os nossos agentes.

No dia seguinte, Molina foi conduzido ao “ponto” que forneceu, no horário combinado. Na ocasião seus companheiros tentariam resgatá-lo. Flávio de Carvalho Molina tentou fugir junto com seus companheiros e foi morto em meio a intenso tiroteio.

Terceiro:

“Os repressores enterraram o corpo propositadamente com o nome falso de Álvaro Lopes Peralta... “

Flávio de Carvalho Molina,ao ser preso, usava o nome de Álvaro Lopes Peralta. Essa identidade era, paradoxalmente, falsa e verdadeira. Falsa, porque, na verdade o nome que nela constava não era o mesmo que ele recebera ao nascer, quando registrado em cartório. Verdadeira, porque a nova identidade fora obtida através de certidão de nascimento falsa. Com essa certidão Molina compareceu a um posto de identificação da polícia e passou a usar uma identidade “verdadeira” como nome de Álvaro Lopes Peralta.

Para uma autoridade policial tal identidade era perfeitamente válida e reconhecida como legítima. Quando eles morriam, como foi o caso de Molina, o problema estava criado. Só podíamos tratar de seu sepultamento usando o nome de sua última identidade. A que portava quando faleceu. Quando o Inquérito Policial era instaurado, lá constava essa situação inusitada de dupla identidade. Levava muito tempo para que isso fosse corrigido e, como o cadáver não podia ficar insepulto, eles eram enterrados com os falsos nomes constantes das carteiras de identidades A esquerda, ladinamente usou e, continua usando essa situação , para afirmar que enterrávamos os terroristas em cemitérios, clandestinos, com nomes falsos, para não serem localizados.

Quarto:

“...deixou os estudos e a casa de seus pais em 1969 por causa da perseguição política.”

A verdade é que Flávio deixou os estudos e a família para ir fazer curso de guerrilha em Cuba e, ao voltar, continuou sem contato com a família por que passou a viver na clandestinidade, praticando ações subversivo-terroristas, juntamente com seus companheiros do Molipo. Sua família, provavelmente, nem sabia de sua volta ao Brasil , nem que usava o nome de Álvaro Lopes Peralta. Se soubesse, teria tomado conhecimento de sua morte. Quando um subversivo morria em tiroteio, era noticiado nos jornais.

Quinto:

“ Os restos mortais de Flávio Carvalho Molina, militante de esquerda preso, torturado e assassinado durante a Ditadura Militar...”
Quanto a ser torturado e assassinado no DOI, quase todos se referem assim aos subversivos que morreram em combate, tentando fugir, suicidando-se, ou em acidentes de carro. É sempre importante criar a imagem de que torturamos, assassinamos jovens estudantes que eram perseguidos pela polícia porque lutavam pelo restabelecimento das liberdades democráticas. Faz parte da estratégica e setores da imprensa, formados por anistiados políticos, muitos participantes da luta armada, estão aí para corroborar o que eles afirmam.

Quanto a isso, vou citar um caso, entre muitos que poderia:

No dia 5 de dezembro de 1972, numa blitz, José Milton Barbosa foi surpreendido por uma barreira policial, juntamente com sua companheira Linda Tayah. Ao tentar fugir, no tiroteio que se seguiu, foi morto e sua companheira ferida na cabeça, de raspão.

No DOI, Linda Tayah declarou o seguinte:

“_Só sei que o “Rafael” não conseguiu disparar a metralhadora, assim como eu não consegui disparar o revólver.

_ O policial se lançou no cano da metralhadora e se lançou no meu revólver. Não sei como ele conseguiu, mas se lançou.

_Sei que o “Rafael” foi alvejado primeiro do que eu, morreu no local mesmo, quase que instantâneamente e eu fiquei ferida na cabeça." (nota do autor: Rafael era um dos codinomes de José Milton) – Este depoimento foi arquivado no Inquérito.

No Livro “Mulheres que foram à luta armada” de Luis Maklouf Carvalho;

...” A Ina do Zé falhou. Ele tirou a pistola. Me acertaram um tiro. Quando eu olhei o Zé estava debruçado no volante, com os olhos entreabertos. Desmaiei, voltei a mim, peguei um cigarro na japona e ele saiu todo manchado de sangue.”


Depoimento de Linda Tayah na 2º Auditoria da Circunscrição Judiciária Militar:

Viajava no interior de um automóvel com seu companheiro José Milton Barbosa, pela rua Cardoso de Almeida, quando se viram diante de uma “operação arrastão”,da polícia. José Milton e “ Marcos” estavam armados, logo saltaram do carro e travaram tiroteio com a polícia. Aliás, diz que só viu José Milton acionar o gatilho de uma metralhadora , mas esta não funcionou, e não sabe em que termos houve tiroteio, pois o certo é que José Milton correu e logo foi atingido. A interroganda correu atrás dele, e o viu morto, sendo também atingida, na cabeça, perdendo os sentidos.

No livro “Dos filhos deste solo” , de Nilmário Miranda:

“Quando voltei a mim, vi José Milton sentado ao volante desmaiado, não percebendo nele nenhum ferimento. Puseram-nos em duas peruas diferentes e nos levaram à Oban, para salas diferentes. Eu estava lúcida, embora em estado de choque”....

A relatora na Comissão Especial Suzana Kiniger Lisboa (sobre a indenização dos familiares) declarou no mesmo livro :

“que é impossível precisar em que estado ele chegou à Oban, mas é certo que de lá saiu morto.”

“ Voto pela inclusão do nome de José Milton Barbosa por ter sido assassinado dentro da Oban, antro maior dos torturadores de São Paulo.”

Sexto

Flávio, essa é a técnica que eles usam para nos mostrar como monstros que torturávamos, sem piedade, estudantes e depois os assassinávamos.

Aí vão as minhas respostas às suas perguntas:

Se valeu a pena? Nunca vale a pena a morte de jovens iludidos por ideologias que os fanatizam, mas eles não estavam presos à mercê de seus captores. Preso a mercê de seus captores estava o Tenente Alberto Mendes que foi morto a coronhadas, no Vale da Ribeira.

Flávio Molina não teve seu corpo enterrado clandestinamente. Foi enterrado em um cemitério, com o nome que portava, quando foi morto. O tenente Mendes sim, foi enterrado, no meio do mato, sem nem uma cruz, que pudesse localizar a cova.

Um companheiro deles, Ari da Rocha Miranda, “justiçado” por eles, também foi enterrado clandestinamente em Embu-Guaçu, no meio da floresta.

Será que alguém dos nossos sentirá algum remorso? Creio que todos nós preferíamos que não tivesse acontecido essa guerrilha entre irmãos, mas não fomos nós que começamos, nem a queríamos. Também morreram do lado de cá 120 e, se não agíssemos com presteza teríamos perdido muito mais pessoas inocentes..

Terá sido por isto que a Revolução durou 21 anos?

Não tive interferência quanto ao tempo que a Contra-Revolução durou. O que sei é que era preciso acabar com a guerrilha, que tentava implantar no país um governo tendo como modelo Cuba. Ou você acredita que eles lutavam pela redemocratização?

Como vamos situar esses episódios nos anais de nossa Contra-Revolução?

Não sei. Talvez seja muito tarde. O silêncio das autoridades que sempre tiveram todos os dados nas mãos para desmentir, uma a uma, as mentiras, e contar os fatos como realmente aconteceram, é uma omissão que nos trouxe graves conseqüências. Isso me irrita profundamente.

Eu, sempre que posso, faço a minha parte. Mas a mídia, não nos dá espaço.

Desculpe a extensão dessa explanação, mas nem sei se, com tudo o que escrevi fui claro o suficiente.

Receba o abraço, de um homem que dorme com a certeza do dever cumprido e a consciência tranqüila,

Carlos Alberto Brilhante Ustra
Major Comandante do DOI/CODI/II Exército quando Flávio Carvalho Molina e José Milton Barbosa morreram.

***
De: "Flavio" ffjorges@terra.com.br
Para: "João Dias" ja.dias@uol.com.br
Cópia:
Data: Sat, 3 Sep 2005 20:40:07 -0300

Assunto: Perguntas sem respostas

Amigos,

Valeu a pena ? Terá sido por isto que a Revolução durou 21 anos ? Isto não poderia ter sido evitado ? Prá que tanta violência contra um jovem de 24 anos, preso e à mercê de seus captores ? Será que alguém dos nossos sentirá algum remorso ? Se isso aconteceu, é sinal de que a tão falada e alegada ética, moral, caráter, responsabilidade, disciplina, hierarquia, respeito humano, dever e amor à Pátria, que devem ser o cimento da nossa natureza castrense, não passam de um embuste na cabeça de muitos que ainda pregam que salvaram o Brasil em 1964.

Como vamos situar esses episódios nos anais de nossa Revolução ?

Muitas perguntas sem respstas.
Flavio


Restos mortais de preso político na ditadura são identificados

Os restos mortais de Flávio Carvalho Molina, militante de esquerda preso, torturado e assassinado durante a Ditadura Militar (1964-1985), foram identificados por meio de exame de DNA. O resultado foi entregue, nesta sexta-feira (2/9), ao irmão de Flávio, Gilberto Carvalho Molina.

Em 4 setembro de 1990, a vala em que foram encontrados os ossos de Flávio Molina, foi aberta. Foram exumadas 1049 ossadas. Durante 15 anos a família buscou confirmar, por meio de exames de DNA, a compatibilidade dos restos encontrados. Exames antropológicos realizados pela Unicamp e pelo IML já indicavam 75% de probabilidade, através da comparação da estrutura e tamanho dos ossos encontrados. Foram necessários nove exames, devido ao estado de conservação precário do material, para confirmar a identificação.

O Ministério Público Federal, a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos acompanharam o processo de identificação da última coleta realizada pelo Laboratório Genomic. O resultado foi entregue hoje ao irmão de Flávio Molina, Gilberto Carvalho Molina: as ossadas realmente são de seu irmão, com 99,99% de precisão garantida.

Gilberto afirmou que o resultado marca o fim de 34 anos de angústia da família: "Desde aquela época, até hoje, a tortura que matou meu irmão se prolongou na família".

Flávio morreu às vésperas de completar 24 anos de idade. Durante dois anos viveu longe da família, tendo passado boa parte deste tempo em Cuba. Militante do Movimento de Libertação Popular e da ALN (Ação Libertadora Nacional), deixou os estudos e a casa de seus pais em 1969 por causa da perseguição política.

De volta ao Brasil, em 1971, Flávio foi preso no DOI-CODI/SP, onde foi torturado e morto. Os repressores enterraram o corpo propositalmente com o nome falso de Álvaro Lopes Peralta, no cemitério Dom Bosco, em Perus. Posteriormente, seu corpo foi exumado e transferido para uma vala comum junto com os restos mortais de outros presos políticos, enterrados como indigentes.

Além da procuradora Eugênia Augusta Fávero, e do procurador regional da República, Marlon Alberto Weichert, acompanharam a reunião o presidente da Comissão Especial de Mortos de Desaparecidos Políticos, Augustino Pedro Veit, e familiares de desaparecidos políticos.

O procurador regional da República Marlon Alberto Weichert e o
presidente da comissão Augustino Veit, ressaltaram a necessidade da criação de um banco de DNA com dados de todos os familiares de desaparecidos e mortos políticos ainda vivos para que esses dados possam ser usados no futuro a cada oportunidade de se identificar restos das
vítimas do regime.

"Não fosse o MPF estaríamos abandonados nessa luta , lembrou Suzana Lisboa, ex-integrante da comissão especial. A procuradora da República Eugênia Fávero, atual responsável pelo caso no MPF, disse que o direito das famílias dos mortos e desaparecidos políticos de identificar e enterrar seus entes queridos foi surrupiado. Para ela, essa fase triste da história brasileira não é "uma página para ser virada, mas uma página para ser lida".


***

Comentário

Félix Maier

Nilmário Miranda, que eu há tempos passei a denominar "Numerário Miranda" (e que o coronel Sávio Costa já me copiou em Mídia Sem Máscara - vou cobrar royalties!), pelo empenho que sempre teve em conceder indenizações milionárias a terroristas e familiares de "militantes políticos", há muito tempo já era chegado a uma grana, desde que fosse gratuita.

Um jornal mineiro, não me lembro qual, denunciou que Numerário Miranda havia criado uma organização que recebia dinheiro de um partido comunista europeu.

Como se vê, Numerário Miranda já recebia seu "mensalão" na década de 1970...

Roberto Freire, do PPS (ex-PCB), também recebeu seu "mensalão" quando foi candidato a presidente em 1989. Hoje, Roberto Freire critica na TV o dinheiro ilícito angariado pelo PT, esquecendo-se que recebeu dinheiro de Moscou na campanha que elegeu Collor. Roberto Freire perdeu a sigla (PCB), porém não perdeu a pose, como comumente ocorre com todo comunista - a ética da cueca cagada (de dólares).

A respeito do "Ouro de Moscou", transcrevo o verbete que consta em "Arquivos I", de minha autoria, publicado em Usina de Letras:

“Ouro de Moscou” - Dinheiro remetido pela União Soviética a organizações comunistas e simpatizantes do Brasil, como o PCB e a UNE. Luis Carlos Prestes era “funcionário” do Komintern, recebia salário regular de Moscou, que prestou apoio financeiro a ele e a outros facínoras para deflagrar a Intentona Comunista de 1935, a exemplo do alemão Arthur Ernest Ewert, Olga Benário, Pavel Stuchevski, Jonny de Graaf e do argentino Rodolfo Ghioldi. A União Nacional de Estudantes (UNE) também recebeu o “Ouro de Moscou” através da União Internacional de Estudantes (UIE), órgão de fachada do Movimento Comunista Internacional (MCI). O Senador Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber contribuição de Moscou, por ocasião de sua campanha eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989; quem fez esta declaração foi o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à Embaixada Soviética, nos anos de 1980. Veja, ainda, em "Arquivos I" Escolas de subversão e espionagem, Instituto 631, Intentona Comunista, Komintern, Organizações de “Frente”, Organizações subversivas brasileiras, PCB, UIE e UNE.

E mais nada precisa ser perguntado ou dito por que estamos vivendo em uma República dos Bandidos!





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