Será que os ventos que sopram sobre as nossas cabeças democráticas são, efetivamente, novos ventos de tempos desprovidos de caudilhismo ditatorial? Será que os novos governantes democráticos são exatamente o apogeu da liberdade de expressão, em perfeita harmonia com os nossos direitos naturais e com os nossos direitos adquiridos? O nosso enfrentamento (sob os nossos ideais democráticos e comunitários) está devidamente compreendido e respeitado pelas forças políticas, pelas forças económicas e pelas forças religiosas do nosso país democrático?
Os tempos da ditadura militar estão, realmente, muito distantes dos nossos dias democráticos. Sobretudo no que tange à s perseguições sanguinárias aos destemidos subversivos da época. O pensamento político militar era imposto e preservado através da violenta repressão cultural, demonstrada através da brutalidade exposta: Geraldo Vandré (cantor e compositor brasileiro) foi preso e torturado - com choques elétricos, perdendo a sua capacidade de discernimento... E tudo por causa de uma composição belíssima de sua autoria. E quantos pensadores de vanguarda foram mortos pelo poder de fogo do regime militar, sem restar nenhum vestígio de seus corpos?
Os tempos realmente são outros. A liberdade de expressão, no regime democrático, é bastante abastecida de ilustres pensadores modernistas, preocupados com o andamento evolutivo da nossa sociedade brasileira e dominantemente democrática. Mas será que a liberdade de expressar, na melhor forma possível, o pensamento reúne toda a nossa esperança de vivermos um mundo mais justo e mais fraterno? Será que pensar livremente soluciona todos os problemas dos assalariados brasileiros? Será que os verdadeiros princípios democráticos estão sendo respeitados e aplicados - tão-somente por nos expressarmos livremente sem o medo da represália do Sistema? Eles estão deixando a gente expressar o pensamento, é verdade; mas os nossos anseios de justiça e liberdade estão sendo cogitados? Estamos conduzindo os nossos próprios passos como rege a cartilha do princípio democrático: "todo o poder emana do povo, para o povo e pelo povo"... Será que eles, o poder político, não continuam a governar a uma classe dominante e privilegiada pelo poder económico? Será que a própria religião não está imbuída de manifestar a religiosidade do amortecimento das massas espremidas na ignorància? Serão os tempos modernos os precursores do humanismo; ou estaremos, continuamente, sendo enganados pelos mesmos déspotas da nossa humanidade?
A resposta para tantas perguntas, aparentemente insolúveis, não me parece estar na boca de um homem, ou na manifestação política partidária democrática: quero crer que somente um novo Sistema de Coisas poderá responder à s nossas perguntas mais inquietantes...