Usina de Letras
Usina de Letras
82 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62298 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10393)

Erótico (13574)

Frases (50689)

Humor (20042)

Infantil (5462)

Infanto Juvenil (4786)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140827)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6215)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Sacrifícios humanos -- 16/06/2003 - 10:01 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Feriado prolongado! E o de Corpus Christi é infalível: sempre na quinta-feira! Como no Brasil as relações do Estado com a Igreja Católica sempre foram arraigadas, algumas festas religiosas transformaram-se em feriados nacionais (ou “ponto facultativo”, o que é um feriado para os servidores públicos e possibilidade de feriado para os trabalhadores do setor privado). Corpus Christi é uma delas. Mesmo os que não professam a fé cristã são beneficiados. Mas nem todos (na verdade, nem mesmo alguns católicos) conhecem a origem dessa celebração.

A solenidade de Corpus Christi foi oficializada pela Igreja em 1264. Ela refere-se ao episódio da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, dias antes de ser crucificado, e à introdução da Eucaristia nas Missas. A expressão “Corpus Christi” é de origem latina e significa “Corpo de Cristo”. A festa também é marcada pela construção de tapetes coloridos e com flores para a passagem da Eucaristia – uma tradição surgida na Bélgica no século XIII.

A palavra Eucaristia deriva do grego eukharistía, “sacrifício de ação de graças”, e refere-se a um dos sacramentos que, segundo a Igreja, foram instituídos por Cristo (palavra que também vem do grego, khristós, e significa “ungido”). É considerado o maior dos sete sacramentos (os outros seis são: batismo, crisma; confissão, unção dos enfermos, ordem sacerdotal e matrimônio). Na Eucaristia, através das palavras pronunciadas pelo celebrante, pão e vinho transformam-se no corpo e sangue de Cristo. Uma referência ao trecho denominado “A instituição da Eucaristia”, do Evangelho de Mateus (26, 26-28), que reza: “Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, o partiu, distribuiu aos discípulos, e disse: ‘Tomem e comam, isto é o meu corpo’. Em seguida, tomou um cálice, agradeceu, e deu a eles dizendo: ‘Bebam dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados”. O episódio também é referido, com algumas modificações, no Evangelho de Lucas (22, 19), onde Jesus recomenda: “Façam isto em memória de mim”.

Desde que o cristianismo tornou-se a religião mais propagada do mundo, os sacrifícios humanos são atribuídos a rituais satânicos – cerimônias religiosas de culto ao Diabo, o opositor de Deus. Mas os Evangelhos informam que Jesus morreu sacrificado na cruz para salvar a humanidade: Deus ofereceu seu único filho para livrar os humanos de todo o mal. Vinícius de Moraes, que não cria, mas pedia a Deus por sua gente, agradeceu a “muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo”, e arrematou: “Em todo o caso, livrai-nos Deus de todo o mal”...

Inúmeras crenças adotam os sacrifícios de animais e humanos para aplacar a ira dos deuses. As nações vizinhas de Israel – Babilônia, Pérsia, Assíria, Egito, Grécia, Roma – também praticavam religiões que requeriam sacrifícios de animais. As tribos meso-americanas igualmente eliminavam animais e os ofereciam aos seus entes sobrenaturais.

A Bíblia aborda em várias passagens esta prática religiosa. Em Gênesis 22, é o próprio Deus que ordena a Abraão: “Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o aí em holocausto”... A oferenda, como se percebe, é muito semelhante à do próprio Jesus, filho único de Deus. Mas no caso de Abraão, no momento crucial do sacrifício um anjo impede a execução da criança, que é substituída por um cordeiro no holocausto. A mesma sorte não teve a filha de Jetfé (Juízes, 11): este filho bastardo de Galaad prometeu a Javé matar, em agradecimento, a primeira pessoa que o saudasse na porta de casa, se vencesse os amonitas. Venceu, voltou para casa e sua única filha teve a infelicidade de saudá-lo. A moça concordou com a própria execução: “Conceda-me apenas isto: deixe-me andar dois meses pelos montes, chorando com minhas amigas, porque vou morrer virgem”. O Livro Sagrado continua: “Dois meses depois, ela voltou para casa, e seu pai cumpriu a promessa que tinha feito. A moça era virgem. Daí começou um costume em Israel: todos os anos as moças israelitas saem por quatro dias para chorar a filha de Jefté, o galaadita”.

Em Hebreus (11: 17,32), no Novo Testamento, Abraão e Jefté são citados como os que, graças à fé, “conquistaram reinos, implantaram a justiça, alcançaram as promessas, taparam a goela dos leões, apagaram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, extraíram força da sua própria fraqueza, mostraram-se valentes na guerra e expulsaram invasores estrangeiros”.

Hoje, as encruzilhadas brasileiras continuam repletas de oferendas (despachos) aos deuses. Em vários países, pessoas se chicoteiam e se ferem como forma de agradar aos seus superiores divinos. Diariamente, somos informados que no Oriente Médio, religiosos imbuídos de profunda fé atam bombas ao próprio corpo e imolam-se em atentados contra inimigos de suas crenças e seus povos. Também eles, embora não sejam cristãos, “esquecem a sua Paixão, para viver a do Senhor”, como canta Milton Nascimento.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui