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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->"O Processo" de Orson Welles: um filme inesquecível -- 21/04/2002 - 21:54 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
By WILLIAM ARNOLD
SEATTLE POST-INTELLIGENCER MOVIE CRITIC
Tradução: zé pedro antunes

Em seu influente estudo dos filmes de Orson Welles, de 1970, Charles Higham afirma que a versão de "O Processo" de Kafka, realizada pelo mestre em 1963, é um desastre irreparável, "uma experiência agonizante ... uma coisa morta, como uma lápide em meio à poeira dos seres humanos esquecidos."

Até o dia em que Welles morreu, em 1985, foi esse o consenso crítico amplamente dominante acerca do filme. Mas a partir de então, sua reputação foi crescendo lenta e progressivamente. Em sua biografia de Welles, de 1996, David Thompson o chama “uma obra impressionante, e uma revelação do homem ... um filme chocante."

Agora que o filme está de volta às telas, em seu primeiro relançamento em mais de três décadas – com uma bela nova cópia, feita a partir do negativo original, recentemente descoberto – é difícil não concordar com ambas as afirmações.

Por vários motivos, é um filme extremamente difícil, muitas vezes irritantemente auto-indulgente, que na verdade não capta a essência do romance de Kafka. Mas é também um filme completamente absorvente, quase esfusiantemente wellesiano em cada uma de suas tomadas, e no conjunto uma experiência inesquecível.

O romance relata o dilema de Joseph K. (Anthony Perkins), um burocrata de não importa qual país, num tempo não determinado, que certa manhã desperta com detetives da polícia a invadir o seu quarto – sendo declarado preso, mas não detido, por algum crime não especificado.

Pelo resto do filme, ele se movimenta de um encontro surrealista a outro, com a polícia, com a proprietária do imóvel onde aluga um quarto, com o advogado (Welles), uma enfermeira, um padre e vários oficiais da justiça e advogados de defesa – cada um deles lhe oferecendo alguma tentativa de aconselhamento, mas ignorando seus ingentes esforços no sentido de afirmar a sua própria dignidade como ser humano.

À medida que o filme se desenrola, fica difícil ignorar suas imperfeições. A banda sonora é perceptivelmente pobre, a maior parte dos diálogos no primeiro ato é terrivelmente banal, e várias das performances são problemáticas. E os cenários grandiosos parecem muitas vezes ser a antítese completa do universo claustrofóbico do romance.

Mas, se não chega a ser um grande Kafka, o filme é excepcionalmente Welles. É transbordante, com as tomadas distintivamente fascinantes do diretor, seus travellings e o uso da grua, e parece muitas vezes ser uma galeria de composições hipnóticas em p & b a evocar os grandes momentos de "Cidadão Kane", "The Magnificent Ambersons" e "A marca da maldade", filmes aos quais presta um sutil tributo.

"O Processo" de Welles também pode ser considerado um dos filmes mais próximos da representação onírica jamais realizados. Suas locações – que incluem todos os desvãos da então deserta Gare D Orsay em Paris e várias ruas dos subúrbios de Zagreb – são estranhamente interconectadas para formar uma espécie de labirinto; e o conjunto capta o sentimento e a ilogicidade de um pesadelo.

Embora seja fácil compreender porque o desempenho de Anthony Perkins no papel principal tenha sido deplorado por uma geração inteira de críticos e historiadores do cinema, também é difícil deixar de apreciá-lo. Sua falta de humor, altamente maneirista e levemente fora de sintonia, além de sua vulnerabilidade cheia de tiques - que Welles leva ao paroxismo – fazem com que ele se mostre tão morbidamente fascinante quanto Peter Lorre em seus momentos de maior excentricidade.

Ao mesmo tempo, o que o mundo agora conhece acerca dos demônios pessoais de Perkins na esteira de sua morte – sua paranóia, sua sexualidade complexa e o impacto persistente de Norman Bates em sua vida – faz com que ele pareça um sucedâneo inegavelmente perfeito para Joseph K., e confere um poder e um peso a sua performance que não ficara de todo evidente no primeiro momento.

© 1998-2002 Seattle Post-Intelligencer

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