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Discursos-->Só duas palavras -- 27/07/2001 - 19:56 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A primeira é do Lula, ajustando a terminologia à dura realidade dos nossos salários atuais. Do ponto de vista do mais provável candidato petista à presidência, as greves dos policiais mais do que se justificam. Para quem achava que "salário mínimo" era uma denominação definitiva para isso mesmo, o Lula, meio sem querer, tascou mais uma: SALÁRIO MICHO.

A segunda é do escritor cubano anti-castrista Guillermo Cabrera Infante, o festejado autor de "Três Tristes Tigres" e de "Havana para uma infanta defunta". Aliás, as traduções de suas obras demandam, normalmente, inúmeras notas explicativas, tal a liberdade com que cria e recria o castelhano. Para ele, em Cuba a maioria da população sofre de uma enfermidade crônica: a CASTROENTERITE.

Só duas palavrinhas. Foi o que me ficou da leitura da Folha de São Paulo desta sexta-feira (27/07/2001). O aumento anunciado no preço dos jornais pode ser a gota d água, para quem, como eu, ainda insiste em ver o que os jornais andam espalhando por aí.

Ressalvas: a Barbara Gancia continua engraçada e alguns dos cartunistas seguem fazendo excelente literatura. A Krikri, do grego kritiké , arrebenta no bar da Magralha (Angeli), com palestras sobre a descerebração da juventude dos dias de hoje. Casa lotada. Os ressentidos, do lado de fora, resumem tudo numa frase: "Essa mina só fala merda."

É mesmo incrível o jornalismo cultural da Ilustrada, sempre com suas referências de outro mundo, para não nos alongarmos sobre o vocabulário técnico, sempre primoroso. Imagino que os iniciados se deleitem. A Érica Palomino ilustra muito bem as preferências da população brasileira. Uma página inteira da mais pura identidade nacional. Alguém pode achar que o mundo, hoje, esteja condensado na noite paulistana. A moça é mesmo engajada!

O Caco Galhardo ("Pescoçudos") aguentou a chiadeira, na secção de cartas, por conta de uma tira de ontem (26/07/2001), que mostrava uma de suas transformações. No caso, da Ana Maria Braga, em cinco etapas, chegávamos a Jean Dubuffet. Mas isso não pode ser! Como? Justamente no dia em que o Brasil, estarrecido, recebia, da própria apresentadora, a notícia de que ela começa a lutar contra mais um câncer? Na secção devotada à TV, a informação, relevantíssima, de que o programa da apresentadora, por conta do anúncio da doença, ganhou preciosos pontos de audiência. E a Folha se desculpava, dizendo que a tira fora concebida e publicada sem contar com a hipótese da coincidência. Aposto como isso vai dar muito trabalho ao ombudsman, ultimamente muito ocupado com as pendengas entre Israel e o Estado Palestino.

E o filósofo municipal, Gianotti, na secção de cartas, afirma que o físico mundial, Rogério Cerqueira Leite não enxerga além do seu chinelo. Olha o nível!

Tudo isso passa a custar, nos próximos dias R$ 1,70 (dias de semana) e R$ 3,00 (domingos).

Há poucos dias, finalmente, um leitor do jornal perguntava para que mesmo continuamos pagando o IPVA, originalmente concebido para preservação das nossas rodovias. Mas agora, com esses pedágios subindo sem parar, para onde estão indo essas fantásticas arrecadações: a do IPVA (sobe ano a ano) e a dos pedágios (mês a mês)?

E termino com um veemente protesto. A nossa grande imprensa insiste em discriminar a produção literária online. Nem uma palavrinha sobre a impressionante efervescência literária que acontece num site como o usinadeletras ! Ficam fazendo propaganda de livros em papel impresso! Coisa mais atrasada!

Bem, já tenho finalmente em mãos "a bíblia do caos" do IRRITANTE GURU DO MEYER, Millôr Fernandes. É o MILLÔR DEFINITIVO!

Começa com uma afirmação no mínimo instigante:
"Tenho quase certeza de que uma vez, no Meyer, / Em certa noite de tempestade, / Fui barbaramente assassinado. Mas isso foi há muito tempo."

Antes de debulhar suas frases, em ordem alfabética, uma explicação: "Foi um livro difícil. Tomou exatamente cinqüenta anos para ser feito."

No verbete abandono , um belo hai-kai:
"No aeroporto cheio / Eu filo / O adeus alheio."

Em seguida, "abdômen": "Abdômen: palavra machista significando barriga pra ambos os sexos. Deveria haver também abdmulher."

Sobre a língua : "Devemos ser muito gratos aos portugueses. Se não fossem eles estaríamos até hoje falando tupi-guarani, uma língua que não entendemos." Ou então: "Que língua, a nossa! A palavra oxítona é proparoxítona."

E esta é filosófica: "O que os olhos não vêem a língua inventa."

Sobre a língua do P: "Reparem como um pequeno p na frente de um s inicial acrescenta um ar especial às palavras. Palavras inodoras se fossem sicologia, seudo, seudônimo, sicanálise e siu, ficam mais nobres, graciosas ou científicas com o p na frente: experimentem." A frase é de 1988, e termina com uma referência a um escritor que chegou a presidente: "É por isso que, para não dizerem que tenho má vontade com o vosso presidente, agora eu só o chamo de Psarney."

Sobre a literatura: "Quanto a nós, brasileiros, também nisso perdemos o bonde. Não falamos nem a língua de Dante, nem a de Goethe, nem a de Shakespeare. E cada vez falamos pior a de Camões."

Já deu pra perceber que é imperdível? São 524 páginas, capa dura & preta com um pequeno desenho no alto do próprio Millôr. A editora L&PM coloca o livro ao nosso alcance pela bagatela de R$ 49,00. Convenhamos, um preço irrisório. É o que se gasta de pedágio numa viagem de ida e volta entre Araraquara a São Paulo: 280 km. Não é nada.

À página 506, antes de uma "explicação desnecessária" sobre a capa, uma declaração de princípios: "O sentido de humor, que me faz ver sempre falho - porque a mim não me vejo de outro modo - me mostra toda a complexidade das relações humanas como uma coisa extraordinariamente engraçada, mesmo quando dramática, mesmo quando odiosa, mesmo quando mesquinha. Pois fora do ser humano a vida não tem enredo. Fora do ser humano não há salvação. Não resisto a um ser humano."

Pois é, este artigo deveria conter só duas palavrinhas, como anuncia o título. Mas, sabe como é... Palavra puxa palavra, e


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