----- A Ti, minha lídima Amiga,
----- Se porventura não conheces já,
----- Dedico-Te, de João Linhares Barbosa,
----- Este poema cordeleado,
----- Um dos mais cantados
----- Do Fado Clássico em Portugal:
--------------- LENDA DAS ROSAS -----------------
----------- Na mesma campa nasceram
----------- Duas roseiras a par
----------- Conforme o vento as movia
----------- Iam-se as rosas beijar!
----------- Deu uma, rosas vermelhas,
----------- Desse vermelho que os sábios
----------- Dizem ser da cor dos lábios
----------- Onde o amor põe centelhas;
----------- Da outra, gentis parelhas
----------- De rosas brancas vieram,
----------- Só na cor diferentes eram,
----------- Nada mais as diferençou,
----------- A mesma seiva as criou,
----------- Na mesma campa nasceram.
----------- Relatam contos magoados
----------- Que aquele triste coval
----------- Fora leito nupcial
----------- De dois jovens namorados
----------- Que no amor contrariados
----------- Ali se foram finar
----------- Mas não deixaram de amar
----------- Lá no além todavia
----------- E por isso ali havia
----------- Duas roseiras a par.
----------- A lenda triste e singela
----------- Conta que as rosas brancas
----------- Eram as mãos puras, francas,
----------- Da desditosa donzela
----------- E ao querer beijar as mãos dela
----------- Como outrora o fazia
----------- A boca dele se abria
----------- Em rosas de rubra cor
----------- Oscilando de esplendor
----------- Conforme o vento as movia.
----------- Quando as crianças passavam
----------- Junto à linda sepultura
----------- Toda a gente afirma e jura
----------- Que as rosas brancas coravam,
----------- Que as vermelhas se fechavam
----------- Para ninguém lhes tocar
----------- Mas que alta noite ao luar
----------- Entre um séquito de goivos
----------- Tal qual os lábios dos noivos
----------- Iam-se as rosas beijar.
--- Exposto por
------------------ Torre da Guia -----------------