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Artigos-->Géber e o Nada -- 30/05/2003 - 09:50 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caríssimo Géber,



Ontem, na aula de introdução à filosofia, o professor João Batista, nome de profeta, viajou bastante na maionese das afecções que tomam conta de sua ilustrada alma, e afirmou-nos que foram os gregos que primeiramente disseram algo sobre as coisas existentes, e, ao dizer, as nomearam. Os pré-socráticos, pensadores que indagaram a natureza dos elementos, foram os que, antes dos filósofos, compreenderam a necessidade de se estudar a essência daquilo que é. Longe dos mitos que explicavam a origem de tudo, esses homens não admitiam a idéia judaica, depois cristã, segundo a qual Deus criou o mundo do NADA. Nihil est Nihil. Nada é nada...portanto. Pois bem, não aceitando a concepção de que o que é veio surgir a partir do que não é, foram os gregos os primeiros a questionar esse Poder Supremo, que de tão supremo dá à existência coisas e seres a partir de Sua Vontade, apenas. Antes que os dicionários dissessem o que é religião, aliás uma definição emprestada da antropologia, os gregos abriram mão da fé primitiva e deram lugar ao espanto. Esse pathos os obrigou a investigar por que as coisas são o que são, por que algumas delas sempre mudam e outras permanecem como sempre foram. Porém, caríssimo Géber, é exatamente o foco das preocupações desses primeiros pensadores gregos o que distancia o crente dos incrédulos, os espiritualistas dos materialistas.



Os primeiros pressupõem que além da matéria, além daquilo que é visível e sensível há outra realidade, espiritual, invisível. Exatamente o mundo supra ou sobre natural, segundo a concepção antropológica, criado pelos homens para sustentar sua necessidade de manter relação com esse Poder Supremo.



Então, a discussão a ser feita gira em torno do conceito de NADA. Segundo nosso querido professor João Batista, os gregos não admitiam essa idéia. Diziam que as coisas visíveis, portanto seres que são efetivamente, constituem-se no nível do que é sensível, e são, por essa causa, mutáveis, transitórias; enquanto as substâncias a partir da qual surgiram, as idéias, constituem-se no nível do que é inteligível, portanto imutáveis. Daí a opção dos gregos pela total negação de qualquer pretensão de se explicar o mundo a partir de intervenções divinas. É lógico, todavia, que ao se dirigir na direção de explicar as coisas por conta das necessidades suscitadas pelas afecções, por aquilo que afeta a consciência diante das coisas, tendo como único instrumento a própria razão, não havia como dar lugar à fé, que, se não é sinônimo de irracionalidade, por sua natureza nega veementemente a disposição da razão de ser a única capaz de investigar e chegar à verdade.



Pois bem, quando o professor João falava sobre essa recusa grega ao conceito do nada, indaguei-lhe se havia alguma relação entre esse conceito e o conceito budista do nada, o nirvana. Disse-nos que não. Segundo ele, o nirvana do budismo é a negação gradativa da individualidade das coisas (do homem, principalmente) até tudo o que é se congregue (quando morre o homem) em uma Unidade entre o ser e a natureza. Os gregos, ao contrário, buscaram a individualidade das coisas pela linguagem, nomeando e dizendo o que são. Em relação ao judaismo-cristianimo, o nirvana dizia ele, é um processo inverso. Se a teologia diz que do nada Deus criou todas as coisas individualmente, no nirvana essas coisas voltam ao estado inicial, quando não existiam.



E os que se dizem ateus? Como explicam o mundo, os seres, e essa relação entre o homem e a Divindade? Ou melhor, como afeta sua consciência o conceito de NADA? Eu nada tenho a dizer quanto a isso. Nada de substancial no materialismo me intriga ou instiga. Nada nas explicações dos ditos ateus me afeta. Nada me impressiona em seus malabarismos verbais e exercícios intelectuais que tencionam negar o desejo inerente ao homem de se ligar ao Eterno. Nada me impõe deduzir que a fé deve estar submissa à razão, sendo-lhe mero obstáculo na aventura fascinante de explicar o mundo e as coisas. Nada me impede de declarar que os ateus cometem suicídio intelectual ao negarem a existência de um Poder Supremo em suas tolas investidas contra quem crê e ama a Divindade. Nada que digam é inquestionável. Nada que sustentem resiste a qualquer análise minimamente racional. Se acusam de tolos, ingênuos, manipuláveis, idiotas, incautos e incultos (os personagens de Géber não sabem falar corretamente o idioma pátrio), eles mesmos se tornam naquilo do que acusam os crentes, posto que são risíveis, superficiais, desonestas e parciais suas alegações para demonstrar que aqueles que têm fé em Deus são o que seus detratores dizem ser.



Portanto, caríssimo Géber, o que você diz dos e para os crentes é exatamente isso...NADA.

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