Passam das duas da manhã...e a aragem da madrugada vem soprar-me versos... Entabulo uma conversa íntima com meu amigo, o piano Em busca de paz! Schubert murmura por entre as teclas e sinto o peso da solidão de suas notas sofridas e belas...Lágrimas de fogo queimam-me as faces, ao sentir a força dessa canção maravilhosa...é inevitável, levito e viajo livre pelo universo...sobrevôo prados floridos, florestas intermináveis, e, após, retorno à solidão...é inevitável...nasce mais uma poesia
BRINCANDO COM O DESTINO
J.B.Xavier
02-05-01
A madrugada passa por mim,
Cavalgando um galope sideral,
E em sua passagem,
Atira-me sua tristeza
Que guardo em meu embornal...
E eu,
Com penosos passos sigo
Tateando nessa escuridão
Que invadiu meu coração...
Já não só busco,
Mas persigo
Uma réstia de luz
Que seja,
A fagulha que lampeja
No abraço de um amigo,
Ou na lágrima que goteja
Esperançosa e submissa...
Busco o vento que atiça
Os fogos de meu interior,
Nessa madrugada sombria
Em que apenas a calçada fria
Onde caminho em minha solidão
Vem dar-me a mão,
Nessa busca de amor...
E retorna o galope da madrugada
Apressada,
Trazendo o dia em seu encalço...
Um clarão na ribalta,
Mais um alarme falso
De esperança.
Vem o sol,
Brincam os passarinhos,
Ri a petizada...
Então vejo uma criança
Sorrindo para o pião colorido,
Girando, girando, girando
E num sorriso,
A criança o empalma alegremente...
Girando, sempre girando,
Em forma de coração,
A criança não sabe
Que tem o destino na mão...
* * *
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