Como se já não bastasse toda a polêmica sobre a crise de energia, a qual poderia ter sido melhor remediada e encarada, caso tivesse sido alvo de atitudes sérias por pessoas sérias, ainda se avizinham conseqüências (crise econômica) que nos fazem pensar acerca das nossas atitudes diante da riqueza de recursos naturais de que dispomos neste imenso paraíso natural chamado Brasil. Tamanha é a disponibilidade desses recursos que fomos sempre levados a tratá-los como dádivas inesgotáveis, o que certamente vem agora nos chatear enquanto povo brasileiro. Á parte o descaso, a omissão e a incopetência dos nossos governantes, os quais nós incompetentemente elegemos (ou achamos que elegemos), cabe um momento de reflexão sobre as posturas que deveríamos adotar para desde já, no intuito de reverter o quadro sinistro que se avizinha. São milhões de gordos olhos estrangeiros, babando pela nossa capacidade de produção de energia (seja elétrica, seja petrolífera). Com os olhos brilhando para os imensos mananciais de água desta terra. Para a vasta extensão de terras agricultáveis (embora a maioria seja relegada à improdutividade, ocupada na especulação). Sol intenso iluminando este país durante o ano inteiro. Um extenso litoral. Sem contar os anéis que já nos foram surrupiados (Vale do Rio Doce). Seria o hora ideal para nos conscientizarmos contra os abusos que nós mesmos cometemos contra esta fartura. São as torneiras que permanecem abertas por tempo além do necessário. São as construções que são feitas num estilo que nos obrigam a utilizar ventilização artificial. É o desperdício de alimentos em nossas cozinhas (partes não aproveitadas, ou desprezadas). São tantas coisas para às quais não ligávamos, enquanto nos julgávamos imensamente ricos, que somadas poderiam melhorar em muito as finanças do país e da população como um todo. Não vou ficar fazendo "mea culpa", nem enchendo o saco de ninguém com estas incômodas observações. MInha intenção é agitar mentes e corações para a necessidade de assumirmos nossa cota de responsabilidade, apesar dos ladrões e incompetentes. É buscar um comportamento mais adequado frente à inevitabilidade da crise, tal qual o magnífico exemplo dado pelos que conseguiram (a duras penas, apesar das ameaças) economizar energia elétrica numa proporção surpreendente. É um chamado ao planejamento do nosso futuro, para que não tenhamos de passar por vexames como o de agora. Termino citando um parecer técnico contido numa reportagem de uma revista de divulgação científica brasileira (edição deste mês), que alega: se uma superfície equivalente à do lago de Itaipu fosse coberta por células fotovoltaicas, conseguiríamos uma produção de energia superior à da Usina de Itaipu (hidrelétrica), sem que tivéssemos o gasto monumental daquela obra de engenharia, e sem o impacto ambiental que a mesma produziu (e não estaríamos dependentes do nível dos reservatórios, como estamos atualmente).