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Artigos-->Minha fatwa a Salman Rushdie -- 19/05/2003 - 12:28 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O escritor Salman Rushdie chegou à bienal do livro, em São Paulo, pregando o desrespeito às religiões, afirmando que em nome delas muitas pessoas perderam a vida, sendo que ele, quase...Disse ainda que temos dado muito poder às religiões e que um desrespeito a elas seria saudável.



Tendo em seu histórico de escritor uma vida de fuga contra a fatwa contra si decretada pelos radicais islâmicos, Salman, quando fala de religião e dos supostos danos que ela causa aos homens, parece adquirir uma aura de autoridade incontestável, reproduzida e mesmo aumentada pela parte da mídia que o cultua, pois sabe ser ele um bom prato para os que comungam de seus pensamentos.



Por questão de consciência, situo-me no grupo dos que não pensam como Salman Rushdie quando o assunto são as religiões, pelas questões a seguir.



O primeiro ponto de discordância, aproveitando a afirmação de que temos dado muito poder às religiões, é que, ao contrário disso, não são os homens que dão poder às religiões mas eles que, usurpando a força das religiões, usam-na de forma lesiva, praticando atos que em si mesmos contrariam a essência de qualquer religião; e, sem nenhuma exceção, o mau uso das religiões tem a ver com a deturpação nas interpretações dos textos em que elas se fundamentam. E, obviamente, quando falamos em radicalismos e extremismos religiosos, fatalmente emerge não apenas o fato envolvendo Salman Rushdie como também os recentes episódios de terrorismo contra os EUA levados a cabo por grupos extremistas islâmicos.



Chego a admitir que Salman, para não atingir as susceptibilidades religiosas do Islã, generaliza suas acusações contra as religiões, colocando-as no mesmo nível de degeneração e perversidade contra a humanidade, ou melhor, os princípios de humanidade.



É cabível comparar Islamismo, Judaísmo e Cristianismo, as grandes religiões monoteístas, naquilo em que, por conta de seus radicais, causaram ou causam de mal à humanidade?



E por causa desses malefícios, é honesto atribuir às religiões um nefasto poder, que, segundo Salman, deve ser detido imediatamente?



Outro ponto contestável da pregação contra as religiões é que, não sendo os homens que as criaram - a afirmação antropológica de que foram os homens, por causa de suas inquietações existenciais, os criadores das religiões e das divindades não resiste às evidências teológicas que atestam exatamente o contrário - elas não estão sujeitas às variações do entendimento humano sobre seu objetivo e utilidade, como se fossem instrumentos criados para satisfazer determinadas necessidades humanas que, por inúteis ou obsoletos, devem ser descartados à vista de outros mais modernos e eficazes.



Ora, se a Bíblia é, metaforicamente, uma espada que atravessa juntas e medulas, que penetra até o ponto de separar alma e espírito, sendo usada como pretexto para condenar homens à morte, deve ser desrespeitada? A mesma pergunta se aplica ao Alcorão e aos demais textos sagrados. E creio, sem medo de estar equivocado, que a resposta é a mesma: não.



Por que centralizar a análise nos textos sagrados? Porque são eles a essência das religiões; sem eles não haveria religião. E quando um escritor prega o desprezo a qualquer religião ele está dizendo: “desprezemos os textos sagrados”. Quando ele diz que temos dado poder às religiões ele quer dizer que temos prestado muito atenção, e tanto, que nossas ações têm sido mal conduzidas por aquilo que temos lido e aprendido do decurso dos anos. E que bem algum temos derivado de nossa submissão mental e prática aos textos sagrados.



Sou cristão, tenho um exemplar da Bíblia em casa. Não a tenho lido com freqüência. Porém, daquilo que conheço das Sagradas Escrituras e por causa das mudanças que a leitura bíblica tem gerado em minha vida, não posso ter outra atitude senão contestar qualquer pessoa, por mais respeitada que seja por conta de sua cultura ou inteligência, que queira anular os benefícios da religião na vida dos homens.



Se Salman Rushdie foi vítima (não fatal) do radicalismo islâmico e por essa causa prega o desrespeito às religiões, trata-se de uma reação psicológica compreensível. É muito lógico que alguém por muito tempo oprimido deseje ardentemente a eliminação por completo das lembranças e, se possível, dos elementos materiais que as preservam. O grande equívoco de Salman é não reconhecer que há pessoas, e são milhões, que se sentem beneficiadas pela religião. Não se sentem ameaçadas ou oprimidas, e, por isso, querem continuar respeitando cada qual a sua.



Jesus Cristo foi perseguidos pelos fariseus, que por inveja O mataram. Nem por isso Jesus mandou seus seguidores desrespeitarem a religião. Pelo contrário, afirmava sempre que era preciso que morresse, para que o Reino de Deus fosse instaurado na terra. Na verdade, quando afirma ser necessário desrespeitar as religiões, Salman Rushdie está dizendo: “desrespeitemos a Deus e àqueles que O amam”. E tal pedido, Sr. Salman, jamais será levado a sério, pois aqueles que amam a Deus não podem abrir mão de Quem os amou primeiramente.



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