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Artigos-->A CONFUSÃO AGRÍCOLA -- 18/05/2003 - 00:19 (medeiros braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CONFUSÃO AGRÍCOLA

Medeiros Braga



Está havendo muita falácia sobre a solução da agricultura, mais precisamente, da pequena produção agrícola e, em particular, da agricultura familiar. Diz-se que o governo providenciou a liberação de R$ 8 bilhões, bem como, a renegociação da dívida dos inadimplentes para que um contingente maior de beneficiários possa ser atendido; o que não deixa de ser louvável.



Porém, isso dá a impressão de que o problema da pequena produção rural está sendo resolvido, o que seria um grande equívoco para aqueles que assim pensam. É verdade que são vários os problemas, tais como, juros incompatíveis, falta de semente selecionada, assistência técnica, mecanização, irrigação por gotejamento e de uma comercialização eficiente que resolva o déficit da balança comercial do setor primário inerente à pequena produção.



Isso, no meu entender, não há como fazer no atual modelo econômico. Entre os pequenos produtores rurais ainda há aquele que se levanta as quatro horas da manhã, juntamente com dois ou três filhos, tira uma hora para almoço e descanso, não contabiliza as obrigações sociais e sindicais, não tem férias ou décimo-terceiro, não gasta com energia, não dispõe do conforto que a dureza do trabalho lhe recomendaria e, entre outros pontos não citados, está ele pendurado no banco. Quem nunca vai ao campo para conhecer a vida do pequeno produtor e que tem a ousadia de escrever sobre ele, talvez pense diferente. .



A questão vital é outra e sem solução, senão vejamos. O que existe em uma economia é troca de mercadoria. Os agricultores levam os seus produtos agrícolas para a cidade e retornam com bens industrializados, a exemplo dos implementos, remédio, roupa, calçado, etc. Só que, há mais de meio século, são eles penalizados, ano após ano, a levar sempre mais produtos, se desejarem adquirir a mesma quantidade desses bens industrializados do ano que passou. Historicamente, tem se percebido uma troca desigual que redundou nesse massacre que todos conhecemos. A teoria econômica poderia caracterizar esse relevante fato, como sendo uma ocorrência de desalinhamento de preço.



Por outro lado, os defensores do grande capital sustentam que o empobrecimento da agricultura se deu pelo atraso no processo da produtividade. Mas, na verdade, esse empobrecimento se deveu a desvalorização dos seus produtos em relação aos valores dos bens industrializados. Se antes o agricultor se desfazia de vinte sacos de feijão para adquirir um arado, hoje ele terá que se desfazer de vinte sacos. E não se trata de uma questão de produtividade, pois, se assim fosse, isso se daria com efeitos inversos, uma vez que o desenvolvimento tecnológico barateou os custos da produção industrial. Portanto, botar a culpa pelo empobrecimento da pequena produção na produtividade, não passa de um engodo. Mais tarde não queiram dizer também que a desvalorização da mão-de-obra se deu em vista da sua baixa produtividade! É também histórica a troca desigual que se dá entre a força-de-trabalho e os bens industrializados necessários à sobrevivência dos trabalhadores.



O que seria necessário para resolver a questão? Em primeiro lugar seria definir uma política de preços para que, de forma gradual, os produtos agrícolas pudessem recuperar o seu justo valor de troca. Em segundo lugar seria melhorar os salários dos trabalhadores para que eles possam remunerar, devidamente, os pequenos produtores rurais quando da aquisição dos seus produtos. Certamente, se não se trata de uma medida impossível de ser posta em prática, pelo menos, ninguém pode desconhecer as suas extremas dificuldades.



No entanto, cabe a todos aqueles que estão envolvidos e comprometidos com os pequenos produtores rurais, darem o seu apoio no sentido de melhorar, as condições de vida do homem do campo já que solucionar, como foi visto, não é tarefa, assim, tão fácil. Inclusive, no aspecto político; colaborando no processo de organização; desenvolvendo, dentro das suas limitações, o seu trabalho de educador/conscientizador. Na verdade, algo precisa ser feito. É como nos ensina o provérbio: “É preferível acender uma vela, do que maldizer a escuridão”.

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