Vou vender a casa, vou esquecer o quintal,
Vou apagar os lumes e deixar a noite.
Vou deixar pra trás as angustias e os meus ancestrais,
Vou voltar pra rua, vou ser sonhador.
Não vou dizer a ninguém, vou sair de madrugada,
Quando a chuva ainda não estiver na calçada,
Vou dizer adeus aos meus cãezinhos,
Vou aliviar os meus vizinhos,
Vou beijar suas mãos e vou seguir o meu caminho.
Sabendo que não há amigo, e que feliz se é sozinho.
Vou gardar saudades, vou lembrar dos pássaros,
Vou lembrar das flores, dos rios e dos senhores.
Vou sempre ver o céu,
Vou lembrar das árvores, da terra estéril,
Da brisa pelas manhãs, do orvalho oscilando no galho
Do cheiro de mato, terra e flor.
Vou guardar o poço, o limoeiro, aceloreira e de toda história pra chegar aqui. Lembrarei da queda,
Mas não reconhecerei a derrota,
Pois enquanto a luz que ilumina o meu caminho brilhar, haverá sol em meu rosto e os meus olhos
abrir-se-ão, respondendo a vida o quanto vale o suor, tantas vezes negado pelas atitudes de outrém...
Porquanto vou seguir.
Há noutro regaço, o sulco de todo o esforço que aprendi, que se for o caso,pelo menos reconhecido
guerreiro, hei de ser em minha tribo coroado, até mais que a dor, até mais que o palor dessas tristes feridas.
Vou voltar pra casa, e quando aportar, eis que o meu sorriso iluminará todo o horizonte, ainda que o Ypiranga, não seja o mesmo de outrora. |