LEMBRANÇAS
J.B.Xavier
Quanto de ti restou em mim? não sei!
Tampouco as tristezas que me deste,
Porque no amor não há regra ou lei
Que classifique o que tu me fizeste.
Quanto de mim restou em ti? Quem sabe?
A quem é dado descobrir, na crença
A mentira que, na verdade, cabe,
No hábil jogo da indiferença?
Se lembrarei de ti ? Creio que sim!
Em cada sol que se por no oceano!
Em cada estrela que brilhar, enfim,
Em cada sonho, cada desengano!
Estás em mim, e eu para sempre em ti.
Gravada em mim está a tua imagem,
E quando penso, então que te esqueci,
Vejo que és como uma tatuagem.
E bem que tento te esquecer, e quanto!
Tento esquecer de te lembrar, mas, ora!
Então porque essa lembrança, em pranto,
Lembra-me de esquecer, a toda hora?
* * *
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